|
dezembro 8, 2019
Almandrade no Museu da República, Brasília
Esta exposição antológica, Pensar o jogo, reúne 45 anos de produção, com quase uma centena de obras criteriosamente selecionadas. Entre a geometria e o conceito, entre a forma e a palavra, entre o rigor espacial e a poesia. Assim caminha a obra de Almandrade, expoente baiano da arte conceitual e, hoje, um dos grandes nomes das artes visuais brasileiras, com produção respeitada nos principais circuitos de arte do país e reconhecida internacionalmente.
Seu trabalho, iniciado em meio ao vigor criativo que marcou o movimento artístico na década de 1970, tem um traço muito particular: representa a própria universalidade da arte, alternando-se entre a estética construtivista e a arte conceitual e experimental. Na Bahia, foi solitário no seu engajamento à arte concreta e conceitual. Ainda assim, teve o mérito reconhecido pelos próprios expoentes do movimento no Rio de Janeiro e São Paulo – Décio Pignatari, Wlademir Dias Pino, Lygia Pape e Helio Oiticica, por exemplo – e conquistou o respeito crítico. Teve mais de 40 exposições individuais, já participou de várias edições da Bienal de São Paulo e tem obras em importantes coleções particulares e de museus como Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Pinacoteca Municipal de São Paulo, Museu de Arte do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Museu Nacional da República (DF).
Como artista inquieto e experimentalista, muitos de seus desenhos, pinturas ou esculturas, resultam como novidades na medida em que acabam sendo desdobramentos de projetos idealizados no campo da arte conceitual, em busca de novas concepções e reflexões ao longo do tempo. Sua estratégia é o uso do objeto da arte para estimular o pensamento e provocar a reflexão a partir de critérios fundamentados na racionalidade, na materialidade e, não por acaso, na economia de elementos visuais, sem deixar que conceitos sobreponham ao fazer artístico. Procedimento que sempre se diferenciou da arte produzida na Bahia.
Arquiteto de formação, mestre em Desenho Urbano, Almandrade identifica um momento internacional de reconhecimento e valorização da produção desenvolvida em dois eixos a arte conceitual e a vertente construtiva.
Tudo o que produziu, e ainda produz, em arte postal, poema visual e objeto / poema parece estar sendo visto com outros olhares. Na diversidade de seus suportes, existe a marca forte de uma produção que se reinventa flertando com o contemporâneo, com o pensamento e com a estética universal.
Curadoria e expografia: Karla Osorio Netto e Almandrade.
Agradecimentos: Charles Cosac, Galeria Baró, Galeria Karla Osorio, Gravuras do Brasil e Roberto Alban.