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dezembro 8, 2019
Man Ray em Paris no CCBB, Belo Horizonte
Expoente do surrealismo, Man Ray ganha exposição inédita no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Fotógrafo, pintor, escultor, cineasta... são vários os atributos de Man Ray, um dos maiores artistas visuais do início do século XX e expoente do movimento surrealista. E é parte de sua história criativa - um recorte significativo de seu trabalho - que os belorizontinos poderão conhecer a partir de dezembro na exposição “Man Ray em Paris” apresentada pelo Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte. Quase 130 anos após seu nascimento o público brasileiro poderá conferir 255 obras do artista ainda inéditas no país, entre objetos, vídeos, fotografias e serigrafias de tamanhos variados – de 40 x 30 a 130 x 90 cm – desenvolvidas durante os anos que viveu em Paris, entre 1921 e 1940, seu período de maior efervescência criativa. A mostra chega a Belo Horizonte depois de passar pela unidade do CCBB em São Paulo, e ficará em cartaz entre 11 de dezembro de 2019 e 17 de fevereiro de 2020. A realização é da Artepadilla e o projeto conta com patrocínio do Banco do Brasil e do Ministério da Cidadania.
Com curadoria de Emmanuelle de l’Ecotais, especialista no trabalho do artista e responsável por seu Catálogo Raisoneé, a mostra que poderá ser vista no CCBB BH será dividida em duas categorias. A primeira trata da fotografia como um instrumento de reprodução da realidade, focando-se em seus famosos retratos - seu ateliê era uma referência entre a vanguarda intelectual que circulava pela Paris da década de 1920 - nos ensaios para a grife de Paul Poiret e em fotos para reportagens. Já na segunda, outro lado se revela: o da manipulação da fotografia em laboratório com o intuito de criar superposições, solarizações e “rayografias”, um termo criado por Man Ray (do inglês “rayographs”), em alusão a si mesmo. Assim, portanto, ele inventa a fotografia surrealista.
O projeto da exposição prevê, ainda, reproduzir imagens da vida parisiense de Man Ray acompanhado pelos artistas que lhe foram contemporâneos e por sua musa, Kiki de Montparnasse. Além de uma programação de filmes assinados por ele, intervenções como um laboratório fotográfico, com elucidações sobre as técnicas utilizadas em sua obra, marcam a interatividade com o visitante. A produção executiva é da Artepadilla.
Para a curadora Emmanuelle de l’Ecotais, esta retrospectiva, pela primeira vez no Brasil, procura abranger a imensa e multiforme obra de Man Ray e apresenta a lenta maturação de sua obra e um panorama completo de sua criatividade. Ela ressalta que apesar de ser conhecido principalmente por sua fotografia, é também criador de objetos, realizador de filmes e um faz-tudo genial. “Após tornar-se rapidamente fotógrafo profissional, sua obra oscila, de maneira contínua, entre o trabalho de encomenda - o retrato, a moda -, de um lado, e o desejo de realizar uma ‘obra artística’, do outro. Em suas palavras, ‘o artista é um ser privilegiado capaz de livrar-se de todas as restrições sociais, cujo objetivo deveria ser alcançar a liberdade e o prazer’”.
O ARTISTA
Emmanuel Radnitzky, mais conhecido pelo pseudônimo Man Ray, foi pintor, fotógrafo, object-maker, escultor e cineasta, tornando-se um dos mais destacados artistas vanguardistas do século XX. Nasce na Filadélfia, Estados Unidos, em 1890, e na juventude, muda-se para Nova York. Lá, inicia seus estudos no The Social Center Academy of Art. Ainda na década de 1910, conhece Marcel Duchamp e outros artistas que compunham o movimento dadaísta nova-iorquino. Em 1921, parte para Paris, cidade que o acolhe por quase 20 anos, até o cerco nazista em 1940. O período em que viveu na capital francesa foi de imensa ebulição cultural, não só para ele, mas para diversos outros artistas que consolidaram o local como um dos maiores centros culturais do mundo, num contexto em que diversas formas de arte floresciam, sobretudo nos anos 1920. Por lá, Man Ray se insere no movimento surrealista e concilia seu trabalho como fotógrafo de renome entre a intelectualidade francesa com seu lado artístico, que manipula fotos em laboratório para a produção de obras de arte. Durante a Segunda Guerra Mundial, volta para os Estados Unidos, onde fotografa celebridades do cinema e da moda. Regressa à Europa com o fim da guerra e, nos anos seguintes, obtém reconhecimento pela excelência de seu trabalho, conquistando prêmios como a Medalha de Ouro da Bienal de Fotografia de Veneza, em 1961, publicando suas fotos e exibindo sua obra ao grande público. May Ray falece em Paris, em novembro de 1976.
A CURADORA
Emmanuelle de l´Ecotais foi por 17 anos curadora de fotografia no Musée d´Art Moderne de la Ville de Paris desde 2001. Com PhD em História da Arte, é especialista na obra de Man Ray, tendo organizado diversas exposições sobre o artista, entre elas, “Man Ray, la photographie à lenvers”, no Centre Pompidou/Grand Palais, em 1999. Outras mostras com sua curadoria foram “Alexandre Rodtchenko, la photographie dans lil” (2007), “Bernhard et Anna Blume”e “Polaroïd”, na Maison Européenne de la Photographie (2010); “Linder: Femme-Objet”, no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (2013); “Jean-Philippe Charbonnier, lil de Paris”, no CMP, Paris (2014); “Objectivités, la photographie à Düsseldorf” (2008), “Henri Cartier-Bresson et l’imaginaire d’après nature”(2009), ambas no Musée d´Art Moderne de la Ville de Paris. É autora de diversos ensaios e livros, entre estes “L´esprit Dada” (Editions Assouline, 1999), “Man Ray” (Taschen, 2000) e “Man Ray Rayographies” (Editions Léo Scheer, 2002). Foi membro permanente dos comitês de aquisição do Fonds National d´Art Contemporain (2004-2007) e da Maison Européenne de la Photographie (2007-2010). É também parte do júri em artes visuais para jovens talentos de Paris do Prêmio de Fotografia do Royal Monceau Hotel.
A PRODUTORA
A Artepadilla é empresa cultural atuante há 30 anos na área de elaboração, organização, produção, coordenação e administração de projetos culturais. Realizou ciclos de exposições no Centro Cultural Light no Rio de Janeiro; nas unidades de Brasília, Recife e Rio de Janeiro do Centro Cultural dos Correios; nas unidades de Brasília, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo da Caixa Cultural, entre outros. Tem grande experiência na área de eventos internacionais, tendo realizado a exposição “Roy Lichtenstein: Vida Animada” (em parceria com a Roy Lichtenstein Foundation/ New York City) no Instituto Tomie Ohtake/SP, entre outras. Na área de edição de livros de Arte, realizou “Manfredo de Souzanetto: Paisagem da Obra”, “Margaret Mee”, “Jardim Botânico do Rio de Janeiro 1808/2008”, “Jorge Hue”, entre outros, alguns dos projetos através da Lei de Incentivo à Cultura/Lei Rouanet e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.