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dezembro 2, 2019
Duplo olhar na Casa Roberto Marinho, Rio de Janeiro
Um encontro entre Jose Pancetti e Geraldo de Barros. Outro, entre Di Cavalcanti e Marcel Gautherot ou Tomie Ohtake e Jose Oiticica Filho. Pintura e fotografia modernas brasileiras, lado a lado. Assim é a coletiva Duplo olhar: pintura e fotografia modernas brasileiras, que será aberta no dia 5 de dezembro, na Casa Roberto Marinho, e ficará em cartaz até 26 de abril de 2020. Com curadoria de Marcia Mello e Paulo Venancio Filho, a mostra explora as possibilidades visuais deste encontro e a unidade que dele resulta. Uma seleção de 60 pinturas da Coleção Roberto Marinho em diálogo com aproximadamente 160 fotografias compõem um importante documento ou visão poética da realidade do país.
Dividida em sete recortes curatoriais (‘eu e minha imagem’, ‘eu e o outro’, ‘natureza-morta’, ‘cenas brasileiras’, ‘a presença do mar’, ‘a linguagem da natureza’ e ‘abstrações’), a exposição apresenta pinturas de 15 expoentes da arte brasileira: Alberto Guignard, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Candido Portinari, Cláudio Tozzi, Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Hélio Oiticica, Iberê Camargo, Ismael Nery, Jose Pancetti, Lasar Segall, Milton Dacosta, Roberto Burle Marx e Tarsila do Amaral.
A curadoria reuniu também alguns dos nomes mais relevantes da fotografia moderna, como Cristiano Mascaro, Fernando Lemos, Flávio Damm, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, German Lorca, Hermínia Nogueira Borges, João Nogueira Borges, José Oiticica, José Oiticica Filho, Marc Ferrez, Marcel Gautherot, Miguel Rio Branco, Pierre Verger e Thomaz Farkas.
“Ver nos principais fotógrafos brasileiros a mesma busca visual dos nossos grandes pintores certamente despertará o interesse de aprofundamento em diversas questões, pra que sigamos contando a história da fotografia”, afirma Marcia Mello.
De acordo com os curadores, fotografia e pintura modernas surgem ao mesmo tempo na França do século XIX. O impressionismo, que nascia naquele período, buscava se desvincular da perspectiva naturalista renascentista e se deixar permear por uma nova concepção da realidade, mais fluída e instável, para a qual também se voltava a técnica de reprodução fotográfica. Desde então, ambas sempre mantiveram relações de maior ou menor proximidade, durante as diversas tendências artísticas modernas.
Durante o século XX, a fotografia tanto explorou a sua versão dos gêneros pictóricos tradicionais, como também serviu de instrumento das práticas artísticas experimentais das vanguardas do século XX, como o construtivismo e o surrealismo. Inúmeros artistas já não diferenciavam a fotografia de suas outras práticas, como é o caso de Man Ray, Rodchenko e, entre nós, Geraldo de Barros.
“Duplo Olhar coloca pintura e fotografia no mesmo plano, sem estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre as duas. Com uma seleção de obras importantes, a mostra é um merecido reconhecimento da fotografia moderna brasileira”, avalia o professor Venancio Filho.