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dezembro 2, 2019
Claudio Alvarez na Lume, São Paulo
Exposição reúne produção recente do artista, fruto de sua pesquisa em torno da percepção
A visão, um dos sentidos essenciais da existência humana, é carregada de ideias pré-estabelecidas sobre os fenômenos que fazem parte do cotidiano. A percepção torna-se tão automatizada que só é possível constatar que se está enxergando quando o objeto de observação desafia o olhar com alguma característica que foge do comum. Aqui, é preciso suspender os pré-julgamentos e enxergar o novo objeto de forma pura. É o que propõe o artista Claudio Alvarez na exposição Quando Vemos, em cartaz na Galeria Lume, de 3 de dezembro a 6 de fevereiro.
A mostra reúne 12 obras, produção recente do artista, nas quais ele explora figuras reais e virtuais, fazendo uso de materiais como aço inox, madeira, vidro e acrílico, lentes, refletores, imãs e espelhos. “Apesar dos elementos óticos e tecnológicos, o trabalho não visa apresentar algo virtuoso em termos científicos. Interessa-me a questão poética e filosófica das obras. Esses elementos servem apenas como ferramenta para construir uma narrativa”, explica o artista.
Para Alvarez, mais do que os fenômenos físicos, que estão presentes no cotidiano, interessa investigar a percepção humana e descobrir como as pessoas funcionam em relação a convivência com o mundo externo. O artista cria mecanismos em que aquilo que se vê entra em contradição com aquilo que se sabe.
“Algumas obras exploram, de maneira mais direta, ilusões de ótica, mas quando observadas, parecem reais e de fato o são enquanto aparência. Este estranhamento diante do objeto pretende ser uma provocação e que, acredito, deve levar o espectador a algumas possíveis indagações”, ele afirma.
Em Janelas Invisíveis (2019) Claudio cria, através de espelhos, duas figuras que parecem ser janelas, preenchidas por círculos iluminados que se avolumam repetidamente. Neste trabalho, o artista faz referência àquilo que é visível através destas supostas janelas e, como em outras obras, remete à possibilidade de coexistência de diversos espaços simultaneamente. A multiplicação infinita de elementos de luz e sombras sugere um percurso virtual onde os limites deixam de existir.
Já na obra Odisseia (2019) ele apresenta uma espécie de transformação material. O artista criou a partir de movimentos gerados por motores elétricos e materiais que provocam interações entre luz e sombra uma mudança de estado sólido para o líquido. A obra simula a partir dessas ferramentas a movimentação da água em um aquário. Alvarez propõe jogos visuais que transitam entre o real e o virtual e instigam o visitante a refletir sobre sua própria percepção.
Sobre o artista
Claudio Alvarez (1955) nasceu em Rosário, na Argentina, e desde 1977 vive e trabalha em Curitiba. A emblemática coletiva Como vai você geração 80?, realizada em 1984 no Parque Lage, no Rio de Janeiro, marcou sua entrada no cenário artístico no Brasil e abriu precedentes para uma série de exposições nacionais e internacionais. O artista investiga a ordem conceitual e histórica sobre o papel da arte no mundo tecnológico, e convida o público a experienciar vivências lúdicas por meio de suas obras.
Já expôs individualmente em instituições como Sesc Paço da Liberdade (Curitiba), Museu PUC (Curitiba) e Museu de Arte Contemporânea (Curitiba) e em coletivas como Bienal de Curitiba, Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro), Museu Oscar Niemeyer (Curitiba), Casa da América Latina (Portugal), Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (São Paulo) e Museu da Casa Brasileira (São Paulo). Sua obra integra coleções públicas do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Museu da água (Lisboa), Museu Oscar Niemeyer, entre outras.