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dezembro 2, 2019
Guto Lacaz na Chácara Lane / Gabinete do Desenho, São Paulo
Mostra ocupa a Chácara Lane / Gabinete do Desenho em diálogo com as propostas curatoriais do espaço
No sábado, dia 30 de novembro de 2019, a Chácara Lane/Gabinete do Desenho, unidade vinculada ao Museu da Cidade de São Paulo e à Secretaria Municipal de Cultura, abre a exposição “Allegro”, mostra de Guto Lacaz com curadoria de Douglas de Freitas, que traz um panorama do trabalho do artista plástico e arquiteto em seus mais de 40 anos de atividades.
“A exposição apresenta uma intersecção entre as diversas linguagens que o artista transita. São cinco instalações inéditas expostas entre poesias visuais, desenhos, gravuras, publicações e objetos, obras que pontuam um arco de quase 40 anos da produção do artista. Soma-se a esse material vídeos que documentam intervenções urbanas, performances e entrevistas com o artista, a fim de ampliar a reflexão em torno de sua produção”, diz o curador.
“Esta exposição, no ano em que completei meus 71 anos, é uma consagração. São coisas que venho pensando nos últimos 30 anos e não tinha ainda conseguido realizar. Agora chegou a oportunidade”, diz Guto, que inaugura na mesma ocasião seu canal no YouTube, com vídeos que documentam sua trajetória – e que poderão ser vistos na exposição.
Recepcionando o público, um pórtico traz a reedição da intervenção urbana “ALEX ALEX”, uma homenagem ao pioneiro do grafite paulista Alex Valauri, instalada na fachada do CCSP em 2015, e a versão digital de seu “RG enigmático”, realizado para a exposição “Viagens de identidades”, na Casa das Rosas em 1999, originalmente uma impressora movida a pedal com carimbos.
Guto apresenta a série de serigrafias “Pequenas Grandes Ações”, com 12 serigrafias e 2 vitrines que mostram seu processo de criação. Outra sala recebe 30 cartuns, publicados na revista Caros Amigos nos últimos 25 anos, exibidos em novas impressões e em uma vitrine com os originais. Suas poesias visuais, lançadas no livro “Inveja” e algumas inéditas, também fazem sua estreia em uma exposição.
Explorador das possibilidades tecnológicas na arte, Guto traz instalações inéditas, como “La Luna”, uma esfera de 1,80 m que gira o tempo todo, idealizada anteriormente para o CCBB e só agora executada, o espaço cinético “ETs” – grandes T’s elétricos pintados nas cores primárias, que giram cada um na sua posição –, e ainda duas colunas de 2,70 m, do chão ao teto, uma fixa, a outra móvel que se desloca suavemente no espaço.
Outra face da múltipla produção do artista é a transformação de objetos do cotidiano em arte. Uma vitrine chamada “Coincidências Industriais” traz peças elaboradas com materiais que se encaixam perfeitamente, como um transferidor e um embalagem de CDs, por exemplo.
“Guarda-chuva delivery” é outra novidade: uma caixa com um guarda-chuva aberto dentro, como se para transportá-lo ele precisasse ir aberto. “Mais um projeto de cinco anos, meio surreal, que agora consigo materializar”, conta Lacaz.
Filhote da emblemática instalação “Eletro Esfero Espaços”, selecionada pela curadora Aracy Amaral para a mostra Modernidade - Arte Brasileira no Século 20, no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1988, é revisitada e agora será apresentada como um plano de esferas com 64 bolinhas de pingue-pongue flutuantes, com a ajuda de um compressor.
Muitas outras surpresas compõem “Allegro” – nome inspirado no movimento musical de andamento leve e ligeiro –, o que inclui vários presentes para os visitantes, como “O fantasma”, um múltiplo em papel cartão, e a reedição do fanzine “O roubo do Monumento às Bandeiras”.
“O Museu da Cidade de São Paulo ao trazer a mostra Allegro, também reinaugura na Chácara Lane o Gabinete do Desenho. Recupera-se assim a ideia de uma instituição voltada a explorar o desenho como meio de registro e de expressão situado na intersecção entre o pensamento e a percepção – o que tem tudo a ver com o múltiplo e instigante universo do trabalho de Guto Lacaz. A retrospectiva (que conta também com trabalhos novos), ao misturar desenhos e gravuras a instalações, esculturas e objetos, constrói um forte diálogo com as propostas curatoriais desse espaço único na cidade”, diz Marcos Cartum, Diretor do Departamento de Museus Municipais / Museu da Cidade de São Paulo.
“Imagino que ainda possa surpreender as pessoas. É uma exposição muito viva, tudo com energia, movimento”, finaliza Guto Lacaz.