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dezembro 2, 2019
Experimentações Dimensionais na Funarte, Brasília
Novos artistas da UnB exploram a tridimensionalidade em mostra na Funarte Brasília
Em 'Experimentações Dimensionais', alunos do curso de Teoria, Crítica e História da Arte da universidade apresentam resultado de suas pesquisas, na Galeria Fayga Ostrower
No dia 3 de dezembro, terça-feira, às 19 horas, será inaugurada a mostra de artes visuais Experimentações Dimensionais, na Galeria Fayga Ostrower do Complexo Cultural Funarte de Brasília. O público poderá visitar a exposição de terça-feira a domingo, das 10h às 19h30. A entrada é franca.
O conjunto é composto pelos trabalhos finais dos alunos da disciplina Teoria e História da Arte e Imagem no Espaço/Tempo 2 (Thaiet 2) do curso de Bacharelado em Teoria, Crítica e História da Arte do Instituto de Artes (IdA) – Universidade de Brasília (UnB). As obras são resultados das pesquisas individuais realizadas pelos alunos durante o segundo semestre de 2019, orientados pela professora e artista Cecília Mori. Essas pesquisas estão a todo vapor e resultarão em cerca de 20 obras inéditas, desenvolvidas nos mais variados suportes. São instalações, vídeos, fotos, objetos e performances que exploram os limites entre o bidimensional e tridimensional – foco da disciplina ministrada por Mori.
Experimentações Dimensionais traz à tona teorias dos alunos, estudiosos, críticos e historiadores da arte, proporcionando a eles a experiência (alguns, pela primeira vez) de exercitar o fazer artístico, explorando as “possibilidades dimensionais do espaço”. A mostra foi realizada integralmente pelos estudantes, que foram responsáveis desde a produção até a confecção das obras, passando pelos aspectos educativo e de comunicação (até pelo material gráfico). A exposição se apresenta “como um jogo expansivo, sensorial e pulsante entre o bidimensional e o tridimensional, que transita entre memória, tensionamento, deslocamento, aprisionamento, fragmentação, suspensão, fluidez e aridez”, dizem os artistas. “Mais do que materialização, temos materialidades que ecoam, até mesmo, na ausência”, concluem.
Os jovens expositores são: Andressa Valenti, Anna Gabriela Souza, Araguim, Eduardo Melo, Eliot Boy, Helio Barreto, Irene Lira, Juliana Garcia, Kelly França, Laíse Frasão, Larissa Cruz, Leticia Braga, Luana Oliveira, Ludmylla Barbosa, Marcelo Santiago, Maria Celeste, Martianno Bispo, Orpheu, Priscila Coser e Pedro Miranda, Samara Correia e Stefanie Rodrigues.
Sobre os trabalhos
Andressa Valenti – Apresenta a obra O Vento Ainda Sopra Calmo e Silencioso. A experiência da obra é baseada numa metáfora dos vôos noturnos de avião – quando é possível ver as luzes da cidade brilhando abaixo, bem como em experiências musicais que remetem ao escuro e ao brilho.
Anna Menezes – Partindo de inquietações a respeito do que poderia ser o “movimento no objeto estático”, a artista produziu resultados a partir da transferência de película fotográfica para o concreto, numa transformação de fotografia bidimensional em objeto tridimensional, intitulada Rastros Edificados.
Araguim – Araguim realizará uma performance, que consiste em moldar partes do corpo do público da vernissage. A proposta é explorar o conceito de ”intimidade” e seus limites. Em uma maca, os interessados poderão escolher qual parte de seus corpos servirá de molde, sendo aplicado um material metálico sobre a pele. Os objetos resultantes serão reunidos e posicionados pelo chão, “como parte da efemeridade do processo”, chamado de Coloca Tua Mão em Mim Que Eu Deixo.
Eduardo Melo – Utilizando materiais descartados, vidro e arame, o artista busca na obra Portais Difusos gerar experiências “a partir do olhar para o plano”. No trabalho, uma “construção do espaço” é realizada pela configuração da luz. O artista considera que o resultado desperta o conceito de “inacabado”.
Eliot Boy – O participante expõe a obra Lixo.
Hélio Barreto – A foto-performance Projeto Para o Equilíbrio parte da ideia do repouso de um corpo humano sob ou sobre um copo de vidro. A obra contará com um manual, por meio do qual o público poderá saber como aconteceu o processo de criação.
Irene Lira – Apresenta a obra Minha Arte. O trabalho dialoga com questões da arte conceitual, ao tirar da arte seu valor mercadológico e sua aura. Nele Lira pretende ainda incitar um questionamento: “o que torna alguém artista?”.
Juliana Garcia – Partindo de uma noção de “ruína como matéria em desconstrução”, Garcia apresenta um trabalho que se chama Obra, no qual propõe-se a investigar formas de construção de um espaço de abandono.
Kelly França – Por meio da fotografia, ao registrar uma narrativa a partir de uma cadeira, a obra, intitulada Memória em Repouso, revela uma busca de diálogo com reminiscências e com a construção de memórias, por meio “do caminhar diante de um objeto inanimado”.
Laíse Frasão – Tribial é uma obra que estabelece um movimento pendular entre o tridimensional e bidimensional, por meio de “atravessamentos” e reconfigurações de elementos consagrados (triviais) nessas espacialidades (tri e bi), a saber: volume e base escultórica; linearidade e substrato pictórico, respectivamente. A artista apresenta ainda o trabalho Paranoá.
Larissa Cruz – Exibe a peça Política se Põe a Mesa
Leticia Braga – O trabalho Recuerdos – O Desaparecimento Através da Lembrança, fala sobre momentos marcantes que ficam escondidos no nosso subconsciente – memórias que podem voltar a qualquer instante. “Elas podem ser despertadas por meio de um objeto, um lugar, um filme, entre outras coisas que te façam voltar àquele momento vivido”, diz a artista.
Luanna Oliveira – “A Tropa, remete a algumas regiões do país em que os pregadores de roupa são chamados de prendedores, lembrando policiais e batalhões”, comenta Luana. Cada um desses mini objetos foi pensado esteticamente nas posições dos corpos humanos em pares, no qual a parte da pólvora seria a cabeça, e algumas vezes as pontas dos pés. A artista apresenta ainda duas obras: Delírio, feita com bonecos de plástico e tela de alvenaria – que enfoca “os aprisionamentos” – e a peça Ausência.
Ludmylla Barbosa – Em Recorrência Imprecisa, por meio da repetição de maquetes em madeira, em que os erros de execução são patentes, evidencia-se a distância entre o que é idealizado, a partir de um projeto bidimensional, e o que se consolida como objeto tridimensional – destacando-se a impossibilidade da perfeição; além da beleza e da delicadeza presentes na inexatidão das coisas.
Marcelo Santiago – O trabalho Limites do Amarelo surgiu de uma inquietude quanto à proibição do toque nas obras artísticas. O trabalho é o resultado de diversas observações acerca do distanciamento do público em relação às peças de arte, simbolizado pelas linhas amarelas.
Maria Celeste – Através dos materiais e do espaço de ocupação, a obra Nos Atalhos da Pele, Ouvido Não Tem Parede propõe ao visitante “uma peregrinação poética entre os elementos que, por remeterem ao cotidiano, conferem ruídos e presença”, explica a artista.
Martianno Bispo – A performance Unum Diem Durantia “Efêmero”, desenvolvida por Bispo, “consiste em um corte em um intervalo qualquer” – comenta o expositor. A partir de movimentos espontâneos, ele busca “dialogar com o efêmero; e deixar a finitude atravessar o corpo e os elementos, suscitando a ideia de que não somos eternos”.
Orpheu – A obra Aduana – Percurso 554/110 parte da vivência do percurso que o artista faz entre sua casa, em Ceilândia, e o campus da UnB. A partir do trabalho, Orpheu pretende levantar reflexões sobre o acesso à cidade; sobre como a periferia é desprovida de diversas formas de acesso aos espaços mais elitizados; e sobre como uma cidade planejada, tal qual Brasília, não é democrática.
Priscila Coser e Pedro Miranda – Utilizando ferro fluído e maquinário eletrônico (motor, arduino, sensor de movimento), os autores trazem a obra Hipnose, que, segundo a artista, “conversa sobre a planaridade do fluido que se torna objeto tridimensional quando acionada (sistema de imãs)”. No trabalho, a criadora deseja mostrar “um ballet do fluido, que é bidimensional e tridimensional ao mesmo tempo”.
Samara Correia – O objetivo da instalação Memórias: Formas de Indexar – afixada na parede – é, por meio da materialidade dos negativos fotográficos de que é composta, abordar a dimensão da memória e as possíveis formas de fugir, guardar e esconder as recordações “que desejam ser esquecidas”.
Stefanie Rodrigues – A obra Tocadela pretende explorar a textura de uma geleca/slime, um objeto muito banal no cotidiano. A princípio, os vídeos consistem na experimentação desse material em contato com o corpo, podendo também ser explorado em outras superfícies e objetos com diferentes tipos de experiências.