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novembro 26, 2019
Fernanda Gomes na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca apresenta panorama dos 30 anos de carreira de Fernanda Gomes
Artista carioca transforma sete salas do museu em ateliê temporário ao longo de três semanas de montagem
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo apresenta, de 30 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020, a exposição Fernanda Gomes, uma grande retrospectiva da artista carioca, reunindo cinquenta obras, desde os anos 1980 até hoje. Com curadoria de José Augusto Ribeiro, curador do museu, a mostra é apresentada na forma de uma grande instalação composta de fragmentos, formato recorrente na prática de Gomes, que se desdobra ao longo das sete galerias temporárias do primeiro andar da Pinacoteca, demandando do observador um papel ativo na leitura do trabalho.
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Formada pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, Fernanda Gomes figura, hoje, entre os artistas contemporâneos do Brasil com maior inserção e prestígio internacionais. Sua prática caracteriza-se pelo uso de materiais ordinários — como gesso, madeira e vidro — submetidos a operações manuais como amarrar, juntar ou apenas posicionar e espalhar no espaço. Esses itens são recolhidos da vida doméstica da artista e durante suas andanças pelas ruas e galerias e instituições onde expõe sua produção.
A exposição na Pinacoteca, que tem patrocínio do Itaú, concretiza-se após dois anos desde o convite da instituição. Ao longo desse período, Gomes desenvolveu um plano de ocupação dos espaços, que incluía tanto determinações quanto aberturas para a improvisação, projetando soluções expográficas específicas para cada ambiente. “Daí a manifestação de um processo exigente, meticuloso, que vai além de uma reunião de obras”, define o curador.
O resultado final surgirá após três semanas de trabalho de montagem, durante o qual a artista se colocará em atividade contínua pelas sete salas expositivas, instalando, assim, uma espécie de ateliê temporário, não aberto ao público, procedimento adotado de forma usual por ela. O conjunto apresentado inclui desde trabalhos mais conhecidos – como as esferas de cravos e linha, uma extensão de papéis de cigarro fumados e justapostos, as pinturas feitas com tinta e papel, e algumas de suas esculturas cinéticas – a obras inéditas que serão concebidas in loco.
A total ausência de significação – nem a exposição nem as obras têm nome – com peças pintadas de branco (“essa cor que é todas e nenhuma ao mesmo tempo”, explica Ribeiro) acaba por preservar o aspecto indefinido e instável do conjunto. “As peças tampouco estão identificadas pelas usuais legendas do museu, o que, em última instância, favorece as possibilidades de conexão entre uma e as outras, entre todas e o entorno, sem datá-las nem descrever materiais comuns ou técnicas peculiares, que requerem mais perícia ou labor do que método”, complementa.
A produção institui, assim, as próprias condições de sua exibição: com um sentido forte de unidade, a fim de propor uma experiência integral sem chance de repetir-se, nem em outro tempo ou espaço. Também por essas razões, a famosa dicotomia entre arte e vida é um tópico recorrente nas reflexões de Fernanda Gomes. Em entrevistas e textos de sua autoria, as declarações da artista a respeito do assunto apontam para uma indiferenciação entre as duas noções. Para ela, “as coisas são e estão misturadas”, de forma que “a diferença entre objetos de arte e objetos comuns ainda aparece como um mistério”.
A mostra ocupa um importante papel na programação de 2019 do museu, que vem apresentando, desde o início do ano, uma sequência de artistas pioneiros – Ernesto Neto, Artur Lescher, Hélio Oiticica, entre outros – que contribuíram para expandir o conceito de escultura. A realização desta exposição só foi possível graças ao apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
CATÁLOGO
Fernanda Gomes é acompanhada de um catálogo especialmente concebido pela artista como continuação de sua exposição na Pinacoteca. Da mesma forma que a mostra, as obras são apresentadas como parte de um grande roteiro. “Cada peça se mostra como protagonista de uma linha de pensamento, sempre ativada pelo próprio contexto, e em diálogo com a obra anterior e posterior”, explica Volz. Inclui introdução do diretor geral da Pinacoteca Jochen Volz e texto do curador José Augusto Ribeiro. Português e inglês.
SOBRE FERNANDA GOMES
Nascida em 1960, Fernanda Gomes vive e trabalha no Rio de Janeiro. A artista acaba de realizar uma grande exposição no Secession, Viena, Áustria, em seguida à ampla mostra no Museo Jumex, Cidade do México, México, em 2018. Em 2016, seu trabalho foi selecionado e incluído no livro Vitamin P3: Novas perspectivas em pintura (Phaidon, Londres).
Exposições individuais recentes: Galeria Luisa Strina, São Paulo (2017 e 2014); Alison Jacques Gallery, Londres (2017 e 2013); Peter Kilchmann, Zurique (2015); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, França (2013); Museu da Cidade, Lisboa (2012).
Exposições coletivas recentes: 35º Panorama da Arte Brasileira, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017); OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades, The Warehouse, Dallas (2017); Third Mind. Jiri Kovanda and the (Im)possibility of Collaboration, Galeria Nacional, Praga (2016); Cut, Folded, Pressed & Other Actions, David Zwirner, Nova York (2016); Em polvorosa – um panorama das coleções do MAM, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2016); Accrochage, Punta della Dogana, Veneza (2016); Imagine Brazil, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Ella Fontanals-Cisneros, Miami (2014); Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui, Centre Pompidou, Paris (2014); 13ª Bienal de Istambul (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).
Coleções públicas das quais seu trabalho é parte incluem Centre Pompidou, França; Tate Collection, Inglaterra; Miami Art Museum, EUA; Fundación/Colección Jumex, México; Fundação Serralves, Portugal; Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte Moderna, São Paulo, e Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil; Museum Weserburg, Bremen, Alemanha; Vancouver Art Gallery, Canadá; Centre National des Arts Plastiques, França; Art Institute of Chicago, EUA.
Pinacoteca presents a panoramic show of Fernanda Gomes’ 30-year career
The artist from Rio de Janeiro transforms seven rooms of the museum into a temporary studio, over a three-week installation period
The Pinacoteca de São Paulo, museum of the Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secretary of Culture and Creative Economy) of the state of São Paulo presents, from 30th November, 2019 until 24th February, 2020, the exhibition Fernanda Gomes, a large retrospective of the artist from Rio de Janeiro, bringing together fifty works from the 1980’s up until the present day. Curated by museum curator José Augusto Ribeiro, the show is presented in the form of a large installation, composed of fragments, a recurring format in Gomes’ practice, dispersed throughout seven temporary galleries on the first floor of the Pinacoteca, demanding that the viewer play an active role in their reading of the work.
A graduate of the Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), in Rio de Janeiro, Fernanda Gomes is considered today amongst the Brazilian contemporary artists with the greatest presence and prestige internationally. Her practice is characterised by the use of everyday objects – like plaster, wood and glass – which are subjected to manual operations such as tying, joining or simply being positioned and spread in the space. These items are collected in the artist’s daily life and during walks through the streets and galleries and institutions where her work is exhibited.
The exhibition at the Pinacoteca, which is sponsored by Itaú, was conceived two years after the institution invited the artist to exhibit. Throughout this period, Gomes developed a plan to occupy the spaces, which included both fixed decisions and opportunities for improvisation, planning exhibition-based solutions specific to each environment. “From there, a demanding, meticulous process is manifested, that goes beyond a meeting of works”, explains the curator.
The final result comes after a three-week installation period, during which the artist put herself into constant activity in the seven exhibiting rooms, installing, in this way, a kind of temporary studio, not open to the public, a process commonly adopted by the artist. The set of works presented here includes more well-known works – like spheres of cloves and lines, a length of smoked and juxtaposed cigarette papers, ink and paper paintings, and some of her kinetic sculptures – and previously unseen works, conceived in loco.
The total absence of definitions – neither the exhibition nor the works have a name – with pieces painted white (“the colour which is, at the same time, all and none”, explains Ribeiro) preserves, in the end, the undefined and unstable nature of the set of works. “The pieces are also not identified by the museum’s usual labels, which, ultimately, assists in the possibility of connections being made between them, and between them and their surroundings, without dating them or describing common materials or particular techniques, which are demanding more of skill or labour than of method”, he adds.
The work instils, in this way, the very conditions of its exhibition: with a strong sense of unity, as a means of proposing a complete experience, without the chance of it being repeated, neither in another time, nor in another space. For the same reasons, the famous dichotomy between art and life is a recurrent theme in Fernanda Gomes’ reflections. In interviews and in her own texts, the artist’s statements regarding this subject point to a lack of differentiation between the two notions. For her, “things are and are mixed together”, so that, “the difference between art objects and everyday objects still appears to be a mystery."
The show plays an important role in the museum’s 2019 program, which has presented, since the beginning of the year, a sequence of pioneering artists – Ernesto Neto, Artur Lescher, Hélio Oiticica, amongst others – who have all contributed to expanding the concept of sculpture. The realisation of this exhibition was only possible through the generous support of the Lei Federal de Incentivo à Cultura.
CATALOGUE
Fernanda Gomes is accompanied by a catalogue conceived especially by the artist as a continuation of the exhibition at the Pinacoteca. As in the show, the works are presented as part of a larger scenario. “Every piece presents itself as the protagonist of a line of thought, always made active by its own context, and in dialogue with the works which precede and follow it”, explains Volz. The catalogue includes an introduction by the General Director of the Pinacoteca, Jochen Volz, and a text by the curator, José Augusto Ribeiro, in Portuguese and in English.
ABOUT FERNANDA GOMES
Born in 1960, Fernanda Gomes lives and works in Rio de Janeiro. The artist recently had a major exhibition at Secession, Vienna, Austria, following an extensive show at the Museo Jumex, City of Mexico, Mexico, in 2018. In 2016, her work was selected for inclusion in the book Vitamin P3: New Perspectives in Painting (Phaidon, London).
Recent solo shows include: Galeria Luisa Strina, São Paulo (2017 and 2014); Alison Jacques Gallery, London (2017 and 2013); Peter Kilchmann, Zurich (2015); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, France (2013); Museu da Cidade, Lisbon (2012).
Recent group shows include: 35º Panorama da Arte Brasileira, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017); OSSO – an exhibition-appeal for the right of defence of Rafael Braga, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades, The Warehouse, Dallas (2017); Third Mind. Jiri Kovanda and the (Im)possibility of Collaboration, Galeria Nacional, Prague (2016); Cut, Folded, Pressed & Other Actions, David Zwirner, New York (2016); Em polvorosa – um panorama das coleções do MAM, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2016); Accrochage, Punta della Dogana, Venice (2016); Imagine Brazil, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Ella Fontanals-Cisneros, Miami (2014); Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui, Centre Pompidou, Paris (2014); 13ª Bienal de Istambul (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).
Her work is included in public collections including Centre Pompidou, France; Tate Collection, England; Miami Art Museum, USA; Fundación/Colección Jumex, Mexico; Fundação Serralves, Portugal; Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte Moderna, São Paulo, e Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brazil; Museum Weserburg, Bremen, Germany; Vancouver Art Gallery, Canada; Centre National des Arts Plastiques, France; Art Institute of Chicago, USA.