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novembro 24, 2019
Alvaro Seixas na Cavalo, Rio de Janeiro
Alvaro Seixas abre no dia 28 de novembro a exposição A Importância do Demônio, sua segunda individual na galeria Cavalo. O artista carioca conhecido por sua postura crítica e postagens cômicas que alfinetam curadores, galeristas, colecionadores e coletivos de arte apresenta obras inéditas no espaço em Botafogo. O título, homônimo a um ensaio de 1932 escrito pelo espanhol José Bergamin, defende a relevância do papel de agente provocador e desafiador no meio de arte.
Em ‘A Importância do Demônio’ Alvaro apresenta um repertório de pinturas produzidas em 2019, com motivos que vão desde abstrações expressionistas à cenas mitológicas reinterpretadas, passando por personagens cartunescos e frases sobre o universo artístico. Para tanto, Seixas evoca desde os demônios dos poetas românticos ingleses John Milton e William Blake até o imaginário exotizado de Jean-Baptiste Debret, pintor que retratou o cotidiano do Brasil colonial.
Seixas continua sua pesquisa em pintura instalativa, escolhendo disposições pouco usuais das obras no espaço. Dessa vez o artista utiliza recursos novos à sua produção, como impressões gráficas sobre papel, tecidos, e fundos fotográficos, ampliando e contradizendo seu título de pintor. A dinâmica de imagens digitais dos smartphones são, ao lado da tradição da pintura, sua fonte de inspiração.
Em seu texto homônimo, o poeta José Bergamin faz um elogio à ambiguidade. Esse também é um tema central da nova produção de Alvaro, que exercita sua ironia para satirizar o sistema de arte e a partir dele refletir sobre figuras de poder, moralidade e a dimensão das figuras de mártir e de traidor. “Como ser pop e popular sendo impopular, ou seja, traindo o meio de arte?” o artista se questiona. ‘Como se opor ao sistema de arte no interior desse próprio sistema? Como criticar e flertar com o sistema sendo um de seus agentes?’
Em uma época de instabilidade política global, as frases de efeito e textos debochados, trágicos, românticos, revoltados e niilistas de Seixas tentam trazer ao chão obras endeusadas da arte brasileira e mundial. A exposição permanece até o dia 18 de janeiro.