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novembro 18, 2019
JR na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler tem o prazer de apresentar a exposição JR: Patamar, primeira mostra individual do aclamado artista francês no Brasil, que inaugura no dia 21 de novembro na sede carioca da galeria, com trabalhos que tratam da questão dos fluxos migratórios atuais ao redor do mundo. Na ocasião, o artista comemora também os dez anos da Casa Amarela, espaço cultural situado no Morro da Providência, idealizado e inaugurado por JR em 2009.
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Conhecido principalmente por seus projetos de arte urbana de grande escala, JR já espalhou sua arte em edifícios do subúrbio francês, em muros do Oriente Médio, em pontes e trens na África e em favelas do Brasil. Sua produção cria conexões e aproxima pessoas em locais de conflito ou vulnerabilidade social, onde atores e espectadores da cena artística se confundem.
Patamar refere-se, nas palavras do artista, “ao momento em que as coisas estão mudando e as pessoas estão a caminho de dar um próximo passo”. O conceito presente no título da exposição e que remete à ideia de entrada, de limiar, perpassa todos os trabalhos que compõem a mostra, como pode ser observado nas obras inéditas e criadas especialmente para o espaço da galeria, compostas por remos de madeira que, à maneira de JR, receberão a aplicação de impressões fotográficas. Usados para realizar o movimento de um lugar a outro, os remos se referem aos deslocamentos realizados por imigrantes e simbolizam um passo para uma nova vida.
Compõem também a mostra desdobramentos das ações da série GIANTS [Gigantes], realizadas por JR no Rio de Janeiro em 2016, durante as Olimpíadas. Nela, o artista retratou atletas imigrantes e criou esculturas gigantes com andaimes, que davam ênfase ao corpo dos desportistas em movimento e que se inseriam diretamente na paisagem urbana.
A relação de JR com a cidade do Rio de Janeiro não é de hoje, começou em 2009, mais precisamente no Morro da Providência, com o projeto Women are Heroes (Mulheres são Heroínas), iniciado no ano anterior, na África. O que levou o artista francês até a primeira favela do Rio de Janeiro foi a história que ganhou repercussão internacional, de três jovens da comunidade, que, sequestrados por militares, foram entregues como troféu a traficantes da favela rival, onde foram torturados e mortos.
Como parte do projeto Women are Heroes, JR cobriu grande parte das fachadas e muros da favela, com imagens de grande formato dos olhos e faces de mulheres da comunidade ligadas aos rapazes assassinados, incluindo suas mães e avós. De repente, a partir dos bairros privilegiados da cidade, era possível avistar os olhares daquelas mulheres e então, o morro da Providência passou a chamar a atenção da mídia para além das notícias sobre miséria e violência. A comunidade não ganhou um rosto, mas também uma voz. “A cidade via este lugar como um local violento, viam seus moradores como monstros. O poder da arte é mudar a percepção das coisas. Não dá respostas, mas gera muitas perguntas”, disse o artista ao El Pais em 2017.
Também em 2009, em parceria com o fotógrafo e historiador Mauricio Hora, JR criou a Casa Amarela, um espaço cultural situado no alto do Morro da Providência que oferece aulas de inglês, arte, música e leitura para as crianças da comunidade. A iniciativa, que este ano completa 10 anos, contou com envolvimento de diversos artistas ao longo de sua história: suas fachadas são envolvidas por uma instalação realizada pelos artistas Takao Shiraishi e Diirby, além de contar com pinturas d’OSGEMEOS. Em 2017, a Lua – um novo espaço dedicado a residências de artistas e workshops para a comunidade –, foi construída no topo da casa como símbolo do que a Casa Amarela busca: fazer com que as pessoas da comunidade cheguem até a Lua.
sobre JR
Após encontrar uma câmera fotográfica no metrô de Paris em 2001, JR, que, até aquele momento se dedicava ao grafitti, decidiu viajar pela Europa para conhecer aqueles indivíduos que se expressavam em muros e fachadas de prédios, fazendo e expondo seus retratos nas ruas. JR tornou-se simultaneamente fotógrafo, artista urbano e ativista. Através da fotografia, ele torna visível fenômenos e pessoas que costumamos ignorar. Ele cria retratos radicalmente simples com expressões questionadoras, penetrantes, observadoras e solenes que chamam nossa atenção e permanecem na nossa consciência por muito tempo depois de vê-las. Em colaboração com New York City Ballet, OSGemeos, Agnès Varda, Robert De Niro e muitos outros artistas, ele concebeu filmes, instalações, intervenções e outros trabalhos em diferentes meios.
Ao desenvolver seu processo, JR se esforça para envolver as populações locais na realização de suas proposições. JR cria chama a atenção do público, para além dos visitantes típicos de museus, ao se espalhar nos edifícios das periferias de Paris, nas paredes do Oriente Médio, nas pontes quebradas da África ou nas favelas do Brasil. Em cada um de seus projetos, ele procura atuar como testemunha de uma comunidade. Eles não apenas veem os trabalhos, eles também os fazem. Mulheres idosas se tornam modelos por um dia; crianças se transformam artistas por uma semana. A prática de JR não separa atores de espectadores e promove o encontro entre o sujeito/protagonista e o transeunte/intérprete, levantando questões, criando vínculos sociais, reunindo comunidades, conscientizando pessoas, sem deixar de lado o humor.
JR nasceu em Paris, em 1983. Ele vive e trabalha entre Paris e New York. Algumas das últimas exposições e projetos individuais incluem: JR: Chronicles, no Brooklyn Museum, The Chronicles of San Francisco, no San Francisco Museum of Modern Art (SF MoMA) (2019), em San Francisco, Estados Unidos; Momentum. La Mécanique de l’Épreuve, na Maison Européenne de la Photographie (2018), em Paris, França; Chroniques de Clichy-Montfermeil, no Palais de Tokyo (2017), em Paris, França; JR at the Louvre, no Musée du Louvre, em Paris, França; Kikito, uma instalação temporária na fronteira México/Estados Unidos. Exposições coletivas recentes incluem: JR, Adrian Piper, Ray Johnson, no Museum Frieder Burda (2019), em Berlim, Alemanha; Refuge, no 21c Museum (2019), em Bentonville, Estados Unidos; Post No Bills: Public Walls as Studio and Source, no Neuberger Museum of Art (2016), Purchase, nos Estados Unidos; e Tu dois changer ta vie, no Tripostal (2015), em Lille, Franç. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas, tais como: Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, Estados Unidos.
French street artist JR uses his camera to show the world its true face, by pasting photos of the human face across massive canvases. At TED2011, he makes his audacious TED Prize wish: to use art to turn the world inside out.
It is with great pleasure that Galeria Nara Roesler presents JR: Patamar, the first solo show by the renowned French artist in Brazil. The exhibition, opening on November 21 at the gallery in Rio de Janeiro, features works that deal with the global issue of migration flows. The artist is also celebrating the 10th anniversary of Casa Amarela, a cultural space conceived and founded by JR in 2009, in the carioca neighborhood of Morro da Providência.
Known mainly for his large-scale urban art projects, JR has spread his art on buildings in the French banlieues, walls in the Middle East, bridges and trains in Africa and favelas in Brazil. His practice creates connections and brings people together in places affected by conflict or social vulnerability, blurring the frontiers between art actors and spectators.
In the artist’s own words, Patamar refers to “the moment when things change and people are about to take the next step”. The concept behind the exhibition title, which in Portuguese evokes the idea of an entrance or threshold, encompasses all the artworks that make up the show, as we can see in the brand-new pieces specially commissioned for the gallery. These are wooden rows, onto which photographic prints are applied, in typical JR style. As a tool to move people from one place to another, the rows evoke the displacement of migrants and symbolize a step towards a new life.
The exhibition expands on the series Giants, produced by JR in Rio de Janeiro in 2016, during the Olympic Games. Here, the artist portrayed migrant athletes, creating giant sculptures with scaffolding, which showcased athletic moving bodies inserted into the urban landscape.
The relationship between the city of Rio de Janeiro and JR is not something new. It began in 2008 in Morro da Providência, with the project Women are Heroes, which began the previous year in Africa. The French artist was attracted to the favela in Rio de Janeiro by the internationally notorious story of three local young men who were kidnapped by the military police and handed as trophies to the drug dealers of the rival favela, where they were tortured and killed.
As part of the project Women are Heroes, JR covered a large portion of the favela’s façades and walls with large-scale images of the eyes and faces of local women who were in some way connected to the murdered youths, including their mothers and grandmothers. All of a sudden, the gaze of these women could be seen from the wealthier neighborhoods meaning Morro da Providência hit the news for something other than misery and violence. The community not only gained a face but a voice. “The city saw the area as a violent place, the dwellers were seen as monsters. The power of art is to change the perception of things. It does not provide answers, but it generates lots of questions”, said the artist in El País in 2017.
In 2009, with the help of photographer and historian Mauricio Hora, JR created Casa Amarela, a cultural space on top of the hill where Morro da Providência is located. The site offers English, art, music and reading lessons for local children. The initiative, which is marking its 10 years anniversary, has benefited from the engagement of several artists: its façade is covered by an installation by artists Takao Shiraishi and Diirby, as well as paintings from OSGEMEOS. In 2017, Lua [moon, in Portuguese] – a new space dedicated to art residencies and community workshops – was built on the roof of the house as a symbol of Casa Amarela’s mission: to help dwellers reach the moon.
about JR
After finding a camera in the subway of Paris in 2001, JR decided to travel Europe to meet those who express themselves on walls and facades, making their portraits and exhibiting them in the streets. Thanks to his large scale installations on the urban space, he forces us to see phenomena and people that we usually ignore. He creates drastically simplified portraits with enquiring, penetrating, watchful yet solemn expressions that draw our attention and remain in our conscience long after we have seen them. Collaborating with New York City Ballet, OSGemeos, Agnès Varda, Robert De Niro, and many other artists he conceived films, installations, interventions, a nd other works in different medias.
Through his process, JR stroves to involve the local population in the development of his projects. JR catchs the attention of people who are not typical visitors of a museum, spreading unsolicited works on the buildings of slums around Paris, on walls in the Middle-East, on broken bridges in Africa or the favelas in Brazil. In each of his projects, he seeks to act as a witness for a community. And their members don’t just see them, they make them. Elderly women become models for a day; kids turn into artists for a week. JR practice do not separate the actors from the spectators and promotes the encounter between the subject/protagonist and the passer-by/interpreter, raising questions, creating a social link, bringing communities together, making people more aware, always preserving humour.
JR was born in Paris, in 1983. He lives and works between Paris and New York. Some of his latest solo shows and projects include: JR: Chronicles, at Brooklyn Museum (2019), in New York, USA; The Chronicles of San Francisco, at San Francisco Museum of Modern Art (SF MoMA) (2019), in San Francisco, USA; Momentum. La Mécanique de l’Épreuve, at Maison Européenne de la Photographie (2018), in Paris, France; Chroniques de Clichy-Montfermeil, at Palais de Tokyo (2017), in Paris, France; Kikito, a temporary installation at the Mexican/US border (2017); JR at the Louvre, at Musée du Louvre (2016), in Paris, France. Recent group shows include: JR, Adrian Piper, Ray Johnson, at Museum Frieder Burda (2019), in Berlin, Germany; Refuge, at 21c Museum (2019), in Bentonville, USA; Post No Bills: Public Walls as Studio and Source, at Neuberger Museum of Art (2016), in Purchase, USA; and Tu dois changer ta vie, at Tripostal (2015), in Lille, France. His works are included in major public collections such as those of: Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA; Palais de Tokyo, Paris, France; Hong Kong Contemporary Art Foundation, Hong Kong, China; among others.