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novembro 12, 2019
Iris Helena na Caixa Cultural, São Paulo
Impressões sobre recibos de cartão de crédito, marcadores de página, papel higiênico, lembretes autoadesivos são suportes para os trabalhos da artista paraibana, radicada em Brasília. De 12 de novembro de 2019 a 19 de janeiro de 2020. Entrada gratuita.
A Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 12 de novembro, terça-feira, às 19 horas, a mostra da artista Iris Helena intitulada Práticas de arquivo morto - Notas. Curadoria de Agnaldo Farias, traz a público um recorte de cerca de 20 trabalhos da artista paraibana, residente em Brasília, produzidos nos últimos dez anos.
As obras de Iris Helena são produzidas a partir do uso de materiais perecíveis, e bastante presentes em nosso cotidiano, como marcadores plásticos de página, lembretes autoadesivos, papel higiênico, e recibos de cartão de crédito, que são convertidos em suportes para impressões térmicas ou a jato de tinta de fotografias ou imagens de arquivo e também na montagem de instalações de caráter narrativo. Sua pesquisa caracteriza-se pela investigação crítica, filosófica, estética e poética da paisagem urbana a partir de um diálogo entre a imagem da cidade e as superfícies escolhidas para materializá-la. Os suportes precários e ordinários são muitas vezes retirados de seu consumo cotidiano e possibilitam a (re)construção da memória atrelada ao risco, a instabilidade, sobretudo, ao desejo do apagamento.
Perecimento, fugacidade e transformação são termos caros à artista, em cuja série “Lembretes” (2009-2019), uma fotografia de paisagem de João Pessoa (PB) impressa em centenas de post its amarelos colados à parede se desfaz à medida que os adesivos se descolam da parede, abrindo espaços na instalação. A série “Ruínas” (2015), por sua vez, é feita de segmentos de papel higiênico convertidos em suporte para a impressão de fotografias de ruínas urbanas. Enquanto em “Trepidantes” os papéis são afixados à parede da galeria, as obras “Catálogo de Ruínas” são arranjadas em livros de artista, cujas fotos em jato de tinta colorido sobre papel higiênico de folha única são presas por dobradiças metálicas de porta, podendo, inclusive, ser manipuladas pelo público.
No trabalho intitulado “Diários” da série “Arquivo Morto” (2012-2019), Iris mapeia as ações do seu cotidiano nos anos de 2012, 2013 e 2014, espetando em pinos de metal centenas de notas esmaecidas de cartão de crédito, e criando uma espécie de escultura contábil. “Capital” (2014), também desta série, traz imagens de 25 monumentos brasilienses impressas em jato de tinta sobre recibos de cartão de crédito, cuja impressão térmica se apaga à medida que é exibida.
Da série paisagística “Paraísos Fiscais” são exibidas “Arqueologias Possíveis” (2016), a escultura de chão “Quadrantes | Desertos” (2016), quatro pôsteres da subsérie “Vista”, “Indício | Queda”, além de “Indício | Noturno”, obra em que recibos coloridos de supermercado sensíveis a temperatura são enegrecidos com o calor e arranjados em uma composição na parede da galeria.
“Grifos” e “Apontadores”, da série “Monumentos” (2015), são realizados com centenas de marcadores de plástico autoadesivos de página coloridos com impressões de fotografias de monumentos e ícones da arquitetura mundial. Em “Imaginário cartográfico de uma cidade brasileira”, por sua vez, Iris cria uma espécie de mapa a partir de cascas coloridas de paredes de casas como suporte de impressão fotográfica, trazendo para o frágil suporte sua reflexão acerca da formação dos núcleos urbanos brasileiros.
Ao final da exposição, a artista apresenta dois trabalhos resultantes de duas residências artísticas: a primeira, na Alemanha, traz a série chamada “Aliança” (2016), a artista se apropria de imagens do centro da cidade de Frankfurt destruída durante a Segunda Guerra Mundial combinadas às fotografias históricas da construção de Brasília impressas sobre painéis de madeira com dobradiças metálicas.
Como último trabalho, são exibidos vídeo e registros da residência artística no município de Sena Madureira (AC), realizada em 2012, onde a artista realiza uma intervenção em calendário cívico, monumento alusivo à proposição da criação do “Dia da Contemplação”, no dia 09 de agosto na cidade.
Iris Helena (João Pessoa, PB - 1987)
Teve trabalhos premiados, selecionados e expostos em diversos espaços, instituições e galerias em várias cidades do Brasil e do mundo tais como João Pessoa e Sousa (PB), e Brasília (DF), Anápolis (GO), São Paulo (SP), Rio de janeiro (RJ), Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Ekaterinburgo (Rússia), Madrid (Espanha), Miami (EUA), Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e Lima (Peru).
Sua pesquisa caracteriza-se pela investigação crítica, filosófica, estética e poética da paisagem urbana a partir de um diálogo entre a imagem da cidade e as superfícies/suportes escolhidos para materializá-la.
A obra de Iris Helena possui a rara capacidade de dialogar com o tempo presente, as raízes e as marcas do que forjam a nossa história e as indagações sobre o que nos traz o porvir. A passagem de Iris Helena por diversos lugares marcou sua trajetória artística e pessoal - João Pessoa, Paraíba, onde nasceu - Brasília, cidade onde reside há 7 anos, Sena-Madureira, a pequena cidade do Acre onde desenvolveu ação poética com alunos de artes; Frankfurt na Alemanha, Olhos D'Água em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro, cidades que a receberam para residências artísticas e que seguem ecoando nos trabalhos que desenvolve.
Produziu cinco exposições individuais, participou de inúmeras exposições coletivas nacionais e internacionais, como o II Prêmio EDP nas Artes, no instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2011), City as a Process na II Ural industrial Biennial of Contemporary Art, em Ekaterinburgo na Rússia (2012). Participou do programa Rumos Artes Visuais edição 2011-2013 do Itaú Cultural. em 2017 foi contemplada como o Prêmio FOCO Bradesco na ArtRio Fair. Participou de residências artísticas na cidade de Sena Madureira, Acre (2012), Frankfurt, Alemanha (2013), Brasília, DF (2014) e Olhos D'agua, GO (2015) e é integrante do grupo de artistas pesquisadores VAGA-MUNDO (CNPq).