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novembro 6, 2019
Hilal Sami Hilal na Marilia Razuk, São Paulo
A exposição Tudo bem, do artista capixaba Hilal Sami Hilal, tem como fio condutor o trecho de uma música de Bob Dylan, que o artista sempre guardou em sua memória:
“Tudo bem, meu filho?
Tudo bem, mamãe, só estou sangrando”
As palavras se repetem como um mantra em diversos trabalhos da exposição "Tudo bem". Um grande painel feito de cobre e oxidação, mostra a forma de uma cruz, um “curativo”, que remete à uma ferida. Os trabalhos em pequena dimensão surgem a partir de pedaços deste, pequenas gravações são tiradas da obra maior.
A ideia central é falar sobre a linguagem como principal vergalhão de nossa existência, nossa sustentação, fazendo referência a um ambiente trágico, doentio, em sua poesia.
Traços psicanalíticos e biográficos estruturam a trajetória de Hilal Sami Hilal. Os materiais utilizados pelo artista criam uma atmosfera sombria mas também brilhante, com o uso de cobre, ouro, pós de metal, oxidantes e tramas.
Outro conjunto de trabalhos presente na exposição, começou a se desenhar há 2 anos atrás. “Alepo”, cidade natal do pai do artista, foi palco da guerra na Síria, e dá título à esta série. Trata-se de um tecido de massa de papel e pó de ouro, as marcações feitas com pedras e cacos de ladrilho, lembram furos de bala, evocando as situações de catástrofe da guerra, elevando o título da exposição, tão simples e corriqueiro, a um paradoxo, um enigma típico da poética do artista. A origem árabe do artista se evidencia em sua obra através da profusão de enigmas e palavras, bem como a presença de arabescos e uma profusão de dourado e oxidação.
As obras de Hilal Sami Hilal nos levam a um lugar de fascínio e beleza próximo do êxtase religioso, e sua profunda experiência em métodos de gravura, dão às obras um caráter de revelação.