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outubro 28, 2019
Tom Burr na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
EAV Parque Lage exibirá, pela primeira vez no Rio, a obra do artista conceitual norte-americano que dialoga com os Metaesquemas, de Hélio Oiticica
No dia 3 de novembro de 2019, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) abrirá nas cavalariças a individual Hélio-Centricidades, do artista conceitual norte-americano Tom Burr, organizada em colaboração com o espaço cultural Auroras, de SP.
Na ocasião de sua primeira exposição no Rio, Burr - que vive e trabalha em Nova York - apresentará um grupo de trabalhos produzidos durante sua estadia em São Paulo, em abril deste ano, além de duas obras criadas exclusivamente para a mostra no Parque Lage.
O artista é conhecido por fundir formas de minimalismo com certas condições da história recente de Nova York, especificamente a guerra contra a sexualidade pública durante a crise da Aids. Suas obras são, em parte, formadas por esculturas, com espaços arquitetônicos fechados como barras, gaiolas e caixas. Estas obras, muitas vezes pintadas com uma paleta preta fosca, evocam espaços de controle e contenção, bem como as “zonas seguras” de culturas alternativas.
Ao longo dos últimos 30 anos, o artista tem investigado a relação de seu próprio corpo com determinados locais, legados de personas históricas e formas de abstração. Baseando-se em dois elementos paralelos – os Metaesquemas, de Hélio Oiticica, e a casa modernista ocupada pelas Auroras, em SP (ambos do ano de 1957) – Tom estabelece relações entre uma “vontade construtiva” das formulações da nova objetividade e algo da experiência minimalista e conceitual estadunidense.
A trajetória do artista é marcada pelo uso de referências a figuras queer. Nesse caso, Burr elegeu Oiticica como personagem central para refletir sua própria subjetividade. “Eu estava curioso para pensar onde Oiticica termina e eu começo, ou onde eu termino e ele começa”, declara.
“Tom Burr vem desenvolvendo uma pesquisa de muita importância, que reinscreve questões canônicas na História da Arte, sobretudo da escultura, do minimalismo e da arte conceitual norte-americana, reinterpretando essas questões à luz de figuras queer e pensando objetos (como roupas, por exemplo), a partir de uma zona de intimidade que cria uma ponte entre o corpo e o mundo. Institucionalmente, este projeto reafirma uma vontade pedagógica da EAV de reler certas questões hegemônicas acerca do que é a arte”, comenta Ulisses Carrilho, curador da EAV Parque Lage.
Tom Burr (New Haven, Connecticut – 1963) estudou na Escola de Artes Visuais, em Nova York, e participou do Whitney Independent Study Program, onde estudou com Craig Owens, Benjamin Buchloh, Yvonne Rainer e Barbara Kruger, entre outros. Durante esse período, mergulhou nos escritos teóricos e práticas conceituais que expandiam seu próprio trabalho e pensamento. Em 1993, Burr foi convidado a participar de grandes exposições na Europa, incluindo a Sonsbeek ’93, com curadoria de Valerie Smith. Foi para a exposição de Sonsbeek, que Burr criou uma de suas obras mais conhecidas “Um jardim americano”, recriação em escala de uma seção da Ramble do Central Park, uma extensão direta dos escritos de Robert Smithson e o culminar de um conjunto de obras sobre parques públicos, paisagem e identidade masculina gay.
Exposições individuais selecionadas incluem Tom Burr/New Haven: Pre-Existing Conditions, Marcel Breuer Armstrong Rubber Building (New Haven, 2017); Surplus of Myself, Westfälischer Kunstverein (Munique, 2017); Gravity Moves Me, FRAC Champagne-Ardenne (Reims, 2011); Addict – Love, Sculpture Center (Nova York, 2008); Moods, Secession (Viena, 2007); Extrospective, Musée Cantonal des Beaux-Arts de Lausanne (Lausana, 2006); Deep Purple, Whitney Museum of American Art (Nova York, 2002). Este ano prepara uma grande exposição Wadsworth Atheneum Museum of Art, em Hartford.
As suas participações em exposições coletivas incluem o Skulptur Projekte 2017 (Munique, 2017); Question the Wall Itself, Walker Art Center (Minneapolis, 2016); Béton, Kunsthalle Wien (Viena, 2016); Ordinary Pictures, Walker Art Center (Minneapolis, 2016); To expose to show, to demonstrate, to inform, to offer, Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig (Viena, 2015); The Present Modernism, MUMOK (Viena, 2014); Take It or Leave It: Institution, Image, Ideology, Hammer Museum (Los Angeles, 2014); Not Yet Titled, Museum Ludwig (Colônia, 2013); 12th Istanbul Biennial (Istanbul, 2011) and the Whitney Biennial 2004 (Nova York, 2004). Seu trabalho está presente em importantes coleções institucionais tais como a do Centre Pompidou (Paris); Hammer Museum (Los Angeles); Ludwig Museum (Colônia); MOCA (Los Angeles); MuMOK (Viena); Walker Art Center (Minneapolis) e do Whitney Museum of American Art (Nova York).
Os escritos de Tom Burr foram incluídos em inúmeras publicações, incluindo Artforum; Texte zür Kunst, October, entre outros. “Tom Burr, Anthology: Writings 1991-2015” foi publicado pela Sternberg Press.