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outubro 27, 2019

Sérgio Sister na Nara Roesler NY, EUA

A Galeria Nara Roesler | Nova York tem o prazer de apresentar Sérgio Sister – Then and Now, exposição individual do artista com curadoria de Luis Pérez-Oramas. O evento marca o início de uma colaboração com o historiador e escritor, voltada para a concepção e execução de um programa de exposições especialmente concebidas para a galeria.

[scroll down for English version]

Sérgio Sister –Then and Now reúne um conjunto de pinturas e desenhos produzidos pelo artista entre 1967 e 1971, alguns dos quais foram concebidos durante o período em que ele se encontrava confinado como prisioneiro político durante a ditadura militar no Brasil. Esses trabalhos são apresentados junto a obras de natureza abstrata e monocromática que representam um grupo significativo de sua produção recente.

Sérgio Sister desenvolveu ao longo das últimas décadas um corpo de trabalho que se articula em séries. Hoje, no Brasil, ele é conhecido principalmente por suas pinturas abstratas que lhe garantem uma posição de reconhecimento entre os artistas mais rigorosos e sutis do país. De acordo com Pérez-Oramas, as estruturas de campo de cores produzidas com maestria por SIster “podem ser consideradas um dos exemplos mais significativos da pintura monocromática da modernidade tardia na América Latina”.

Os primeiros trabalhos de Sérgio Sister, no entanto, derivam de um vocabulário diferente, ainda que comum na época. A ampla internacionalização da pop art norte americana informou toda uma década – a de 1960, conhecida por seus eventos políticos transformadores em todo o mundo. No Brasil, durante esse período, vários artistas utilizaram a linguagem da pop art como ferramenta de reflexão sobre as tensões desencadeadas pelo regime militar autoritário. Sister, como muitos de seus colegas artistas, utilizou o potencial da pop art como uma saída para questões sociais e políticas, a partir da ironia e do humor. A produção do artista dentro da prisão pode ser vista como um meio de resistência, uma maneira de recuperar sua própria identidade. Nas palavras do curador, esses trabalhos simbolizam “uma luta pela vida e os eixos fundamentais da esperança: uma forma de sobrevivência”.

A carreira de Sérgio Sister recomeçou, por volta do final dos anos 80, uma década após esses anos sombrios, mudando drasticamente sua prática. Após um período de experimentação com vários meios e técnicas, a fase madura da sua produção teve início com uma série marcante de monocromos escuros, quase pretos. Nesses trabalhos, as superfícies uniformemente coloridas das telas são definidas pela variação sutil da textura das pinceladas, resultando na produção de ricas superfícies “tonais”. Desde então, o artista vem expandindo essa pesquisa ao produzir pinturas sobre tela, sobre papel e ao criar objetos tridimensionais que ecoam suas realizações pictóricas.

As estruturas composicionais observadas em uma análise cuidadosa dos primeiros desenhos e pinturas de Sister antecipam aquilo que se revela essencial nas configurações básicas de enquadramento de seus trabalhos recentes: os jogos entre cores semelhantes, o aterramento monocromático, os arranjos estruturais e repetitivos que constituem a assinatura da produção de Sister. A justaposição desses dois grupos singulares de obras mostra continuidades formais fundamentais em um artista admiravelmente consistente, revelando, em última análise, a verdade de sua pintura, apesar das visíveis variações estilísticas.

Sérgio Sister iniciou sua produção no final da década de 1960, período em que atuou como jornalista e se aproximou da militância política de resistência ao regime militar (1964 – 1985). Em 1970, Sister foi preso pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops-SP) e durante 19 meses esteve encarcerado no Presídio Tiradentes, em São Paulo, participando das oficinas de pintura realizadas na instituição. Como parte da geração 80, ele revisita uma antiga temática pictórica: interação entre a superfície e a tridimensionalidade, na tentativa de liberar a pintura no espaço. O que marcou sua produção, na época, é a superposição de camadas cromáticas, resultando em campos de cor autônomos que coexistem harmoniosamente.

Hoje seu trabalho combina pintura e escultura. Ele utiliza suportes derivados de estruturas encontradas e de sistemas designados a servir nossas necessidades cotidianas como observado nas séries Ripas, produzida desde o final dos anos 1990, e Caixas, desde 1996, cujos nomes se referem aos produtos manufaturados dos quais derivam. São pinturas escultóricas feitas a partir de vigas de madeira encontradas, lembrando engradados, pórticos ou caixilhos de janelas. Sister pinta as vigas de madeira em várias cores e as monta em configurações que fazem surgir variadas profundidades, sombras e experiências de cor.

exposições individuais recentes
• Sérgio Sister: o sorriso da cor e outros engenhos. Instituto Ling, Porto Alegre, Brasil, 2019
• Sérgio Sister. Kupfer Gallery, Londres, Reino Unido, 2017
• Sérgio Sister: Malen Mit Raum, Schatten und Luft, Galerie Lange + Pult, Zurique, Suíça, 2016
• Expanded Fields, Nymphe Projekte, Berlim, Alemanha, 2016

exposições coletivas recentes
• The Pencil is a Key: Art by Incarcerated Artists. The Drawing Center, Nova York, EUA, 2019
• Géométries Américaines, du Mexique à la Terre de Feu. Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França, 2018
• AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2018
• MAC USP no século XXI – A era dos artistas, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), São Paulo, Brasil, 2017
• 9ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo. São Paulo, Brasil, 1967, 2002

seleção de coleções institucionais
• Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil
• Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Rio de Janeiro, Brasil
• Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
• Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil
• Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil


Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present Sérgio Sister – Then and Now, a solo show curated by Luis Pérez-Oramas—the first exhibition of an ongoing collaboration, which will initiate a programme of specially curated shows.

Sérgio Sister – Then and Now presents a selection of paintings and drawings produced by the artist between 1967 and 1971, some of which were conceived while the artist was confined as a political prisoner during the military dictatorship in Brazil. This selection will be presented alongside a significant group of recent works, all abstract and monochromatic in nature.

Mostly known as an abstract painter and placed among the most rigorous and subtle artists in Brazil today, Sérgio Sister developed along the past decades a body of work that is characterized by its seriality. According to Pérez-Oramas, Sister’s masterfully achieved color-field structures “can arguably be considered among the most significant examples of late-modern monochromatic painting in Latin America.”

Sérgio Sister’s early works, however, stem from a different vocabulary, which was common at that time. The broad internationalization of American Pop Art informed a decade –the 1960s, known for its transforming political events throughout the globe. In Brazil, several artists utilized Pop Art as a language to reflect on tensions triggered by the authoritarian military regime during that period. Sister, as many of his artistic peers, utilized pop art’s potential in the form of irony or straight-forward humour as an outlet for social and political issues. The artist’s production in prison can be seen as a means of resistance, a way of recovering his own identity. In the curator’s words, these works symbolize “a struggle for life and the grounding axes for hope: a form of survival”.

Sérgio Sister’s career re-started a decade after these dark years, around the end of the 1980’s, drastically changing his practice. After a period of experimentation with various media and techniques, his mature production began with a landmark series of dark, almost black, monochromes. In these works, the evenly colored surfaces of the canvases are defined by a subtle variation of textural brushstrokes, resulting in the production of richly “tonal” surfaces. Since then, the artist has been expanding this research whilst producing paintings on canvas, on paper and creating tri-dimensional objects which echo his pictorial achievements.

A careful look at Sister’s early drawings and paintings surprisingly reveals that their compositional structures anticipate the essential, basic framing configurations of Sister’s recent work: similar color games, comparable monochromatic grounding, structural, repetitive configurations that are the very constituents of Sister’s signature production. The juxtaposition of these two singular groups of works shows foundational formal continuities in an admirably consistent artist ultimately revealing the truth of his painting, in spite of stylistical variations.

Sérgio Sister started painting in the late 1960’s, same time in which he has worked as journalist with a political actuation. In 1970, Sister was arrested for his militancy. While detained for 19 months at the Tiradentes Prison, in São Paulo, Sister attended painting workshops held at the institution. As a part of Geração 80, Sister revisits an ancient theme in painting: the interplay between surface and three-dimensionality, in an attempt to liberate painting in space. What has marked his production in that time was the superimposition of autonomous chromatic layers coexisting harmoniously side by side.

Today, his work combines painting and sculpture. He uses supports derived from found structures and from systems designed to serve our everyday needs as we can see in the Ripas series, produced since the late 1990s (strips), and in Caixas series, produced since 2009, whose names are appropriate of the manufactured products from which they are derived. These are sculptural paintings made from found wooden beams that resemble crates, porticos, or window frames. Sister paints the beams various colors and assembles them into configurations that allow for various depths, shadows, and experiences ofcolor to emerge.

recent solo exhibitions and projects
• Sérgio Sister: o sorriso da cor e outros engenhos. Instituto Ling, Porto Alegre, Brazil, 2019
• Sérgio Sister. Kupfer Gallery, London, United Kingdom, 2017
• Sérgio Sister: Malen Mit Raum, Schatten und Luft, Galerie Lange + Pult, Zurich, Switzerland, 2016
• Expanded Fields, Nymphe Projekte, Berlin, Germany, 2016 recent group exhibitions
• The Pencil is a Key: Art by Incarcerated Artists. The Drawing Center, New York, USA, 2019
• Géométries Américaines, du Mexique à la Terre de Feu. Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, France, 2018
• AI-5 50 anos – Ainda não terminou de acabar. Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil, 2018
• MAC USP no século XXI – A era dos artistas, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), São Paulo, Brazil, 2017
• 9 th and 25 th editions of Bienal de São Paulo. São Paulo, Brasil, 1967, 2002

permanent collections [selected]
• Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brazil
• Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Rio de Janeiro, Brazil
• Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil
• Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brazil
• Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brazil

Posted by Patricia Canetti at 12:12 PM