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outubro 23, 2019
Marina Weffort na Sim, São Paulo
A Galeria SIM traz a produção inédita de Marina Weffort, apresentando 13 trabalhos sobre tecido e 12 aquarelas concebidas em 2019 na exposição Tecido. Conforme aponta Maria do Carmo Pontes em seu texto curatorial sobre a exposição, a linha é a matéria-prima preferida de Marina Weffort. Contudo, seu fazer artístico difere com o que se espera em obras com tecido. No lugar de trabalhar com a adição, a artista opera por subtração das linhas. As imagens surgem na ação de pinçar os fios e retirá-los da trama.
Segundo Pontes, pela própria natureza do processo – ação planejada com marcações em cada um dos tecidos – e do material, as formas criadas são geométricas, maioria retângulos. Os erros às vezes são incorporados, levando a imagem a outro lugar, mas geralmente provocam o abandono do trabalho e um outro recomeço. São trabalhos em tom pastel, do branco e cinza ao marrom, eventualmente com discreto desvio para o vermelho.
Ainda que preferido, o tecido não é a matéria-prima exclusiva da artista que, paralelamente, desenvolve outros suportes, como as aquarelas monocromáticas dispostas na mostra, que dialogam com o outro corpo de obras. Como observa Pontes, algumas de fato se parecem com os tecidos, como se fossem projetos, obedecendo ao rigor do retângulo; outras exploram formas circulares, ovais ou híbridas que, quem sabe um dia, irão se formalizar como tecido.
“Há no seu fazer uma regra básica: a artista molha o pincel com tinta uma vez e trabalha o papel em movimentos regulares até exaurir a cor. A espessura cada vez mais tênue do gesto lembra gradativamente o desfiado do tecido. Vê-se também uma correlação do plano, pois, ainda que os tecidos sejam necessariamente esculturais, em sua forma bruta eles são bidimensionais”, completa.
Marina Weffort (São Paulo, 1978) vive e trabalha em São Paulo. Em 2000 gradua-se em desenho e escultura pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo. Em 2009 é selecionada para o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, sua primeira individual, onde ganhou o prêmio aquisição. Realiza as individuais “Still Life” (2010) “Lugar das Coisas” (2014) e “Tecido” (2016), na Galeria Marilia Razuk, esta última apresentada no ano seguinte na Galeria Cavalo. Entre algumas exposições coletivas de que participou destacam-se “14ª Bienal Internacional de Curitiba” (2019), “Estratégias do feminino” (2019), no Farol Santander, em Porto Alegre, “Mulheres na Coleção do MAR”, Museu de Arte do Rio (2018); “Avesso Viés”, SIM Galeria (2018); “In memorian”, Caixa Cultural Rio de Janeiro (2017); “Geometria Afetiva” SESC Bom Retiro (2016); “Retrospectiva - 25 Anos Programa de exposições CCSP” (2015); “Instável”, no Paço das Artes (2012), “Nova Escultura Brasileira”, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro (2011), Programa de Exposições no MARP, Museu de Arte de Ribeirão Preto (2009), entre outros.