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outubro 21, 2019
Katya Salvani na Kogan Amaro, São Paulo
Em A concha, a espada, o corte e o amor, a artista explora diversos suportes fazendo uso técnicas de gravura e impressão
No sulco aberto pela goiva empunhada por Katia Salvany, corre um rio azul que esculpe vestidos, conchas e gavetas. Em seguida, percorrendo as expressões nos rostos femininos, passa pelos fios de cabelos e chega aos olhos do expectador. Ao mesmo tempo que traça caminhos, essa ruptura conecta os diversos suportes apresentados em A concha, a espada, o corte e o amor, primeira individual da artista, em cartaz na Galeria Kogan Amaro a partir de 26 de outubro.
Em sua pesquisa, Salvany investiga as contaminações entre gravuras, pinturas, performance e vídeo, passando por cada suporte como a fração de um filme. Na exposição, apresenta suas obras ora como objetos de cena, ora como protagonistas. "A multiplicidade de Katia não cabe em gavetas. A fidelidade de sua composição é a alma artística, que ela faz mergulhar em cada gênero, como também vemos nos trabalhos de Joan Jones e Kiki Smith", afirma a curadora da mostra Ana Carolina Ralston.
Transitando seus trabalhos entre os gêneros natureza-morta e autorretrato, investiga o interesse corporal e seus vestígios no tempo/espaço, à exemplo de Mulher e gaveta (2019), pintura feita em esmalte sintético e Concha azul (2019), em que usa uma técnica alternativa baseada nos princípios da litografia chamada mokulito, que toma a madeira como base. "Mulheres e conchas com gavetas, suspensas no branco do papel, pintadas e desenhadas com cortes desferidos sobre a madeira são como metáforas das muitas vidas e histórias femininas que me atravessam o corpo", define a artista.
A escolha de seus processos de impressão faz de suas obras peças de tiragens únicas com perspectivas ilusórias, em que figuras em superfícies planas causam a impressão de tridimensionalidade. Já nas representações pictóricas, a artista distorce as formas orgânicas a fim de trazer movimento aos objetos.