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outubro 17, 2019
Daniel Sinsel no Fortes D’Aloia & Gabriel - Galpão, São Paulo
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar a exposição de Daniel Sinsel, artista alemão radicado em Londres, que exibe no Galpão cerca de dez pinturas inéditas com explorações de espaço, erotismo e ilusão. Suas obras alternam entre a linguagem pictórica tradicional, executada com grande virtuosismo técnico, e a pintura objetual, promovendo associações peculiares entre linho, vidro, nozes e ornamentos.
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Daniel Sinsel foi criado na Bavária, Alemanha, lar do muralismo folk Lüftlmalerei, desenvolvido a partir da forte influência do Barroco e do Rococó, e que caracteriza-se pelo emprego do trompe l'oeil e a imitação de elementos arquitetônicos. Esses motivos decorativos se reconfiguram no trabalho de Sinsel sob diversas formas, como nos adornos que emolduram as bordas das obras – ora pintados virtuosamente, ora com aplicação de objetos – e nos discos de vidro (bullseye glass) que ele fixa na superfície da tela para emular a decoração de janelas. As fitas esvoaçantes, tema recorrente do artista, sintetizam essa influência e são elemento-chave para compreensão da sua pintura: estão ali o virtuosismo técnico, o espaço virtual, o fluxo emocional e semântico.
Nos maiores trabalhos da exposição, a fita toma a forma de tiras de linho, meticulosamente trançadas sobre os chassis para formar uma trama onde o artista prende ou esconde cascas de avelã. Emprestando tatilidade à superfície das pinturas, as nozes são signos de uma força vital e procriadora, mas também se referem à natureza obsessiva implicada no processo de reuni-las e escondê-las. O erotismo, característica que marcou seus primeiros trabalhos no início dos anos 2000, apresenta-se aqui na relação entre aquilo que está dentro e fora da tela, aquilo que é oferecido ou ocultado do espectador.
É também recorrente em Sinsel o desejo de impor movimento às suas figuras, algo presente na dança sinuosa das fitas, no abrir e fechar da tesoura e nos elementos que se deslocam do centro das composições. A paleta de cores pálidas, empregada para lidar com noções de "bom gosto", é frequentemente interrompida por tons corrosivos de laranja ou vermelho, em um efeito que o artista compara à imagem perturbadora da Catedral de Notre Dame em chamas. Aqui, Sinsel usa pigmentos não diluídos de metais pesados como cádmio, chumbo, mercúrio, cobalto e estanho em estado quase puro. O aspecto tóxico está escondido na pintura tanto quanto as nozes.
Daniel Sinsel nasceu em Munique em 1976, e vive e trabalha em Londres. Estudou no Chelsea College of Art and Design e no Royal College of Art, ambos em Londres. Seu trabalho foi incluído em diversas exposições internacionais, tais como: ISelf Collection: The Upset Bucket, Whitechapel Gallery (Londres, 2017); Disobedient Bodies, The Hepworth Wakefield (2017); British Art Show 8, Inverleith House, Edimburgo, que itinerou por diversas instituições no Reino Unido (2016-2017); Making & Unmaking, Camden Arts Centre (Londres, 2016); MIRRORCITY: 23 London Artists, Hayward Gallery (Londres, 2014); Somewhat Abstract, Nottingham Contemporary (Nottingham, 2014); Jerwood Contemporary Painters, Jerwood Space (London, 2010); Compass in Hand, MoMA (Nova York, 2009). Sua obra está presente em importantes coleções como o MoMA (Nova York) e o Arts Council Collection (Londres).
Fortes D’Aloia & Gabriel is pleased to present a solo exhibition of Daniel Sinsel at Galpão, featuring around ten brand new paintings that explore interests in space, eroticism and illusion. His work shifts between a traditional pictorial vocabulary, made with great technical virtuosity, and a more object-based painting, which establishes peculiar associations with linen, glass, nuts and ornaments.
Sinsel was raised in Bavaria, Germany, home to the Lüftlmalerei folk Muralism, whose development stems from the strong influence of Baroque and Rococo, and is characterized by the use of trompe l'oeil and the imitation of architectural elements. In the artist’s work, decorative motifs are redesigned in various forms, such as in the ornaments framing the margins of the pieces – sometimes virtuously painted, sometimes achieved through assemblages – and in the bullseye glass discs attached to the surface of the canvas to emulate window decorations. His signature winding ribbons synthesize such influence and are a key element to understand his painting, as they comprise technical virtuosity, virtual space, emotional and semantic flow.
In the largest works from the show, the ribbon is shaped like a linen tape, meticulously hand-woven onto the stretcher in which the artist wraps or stashes hazelnut shells. Lending a tactile quality to the surface of the paintings, the nuts are symbols of a procreative life force, but also reference the obsessive nature implied in the process of gathering and hiding them. Eroticism, a defining aspect of his early works in the 2000s, appears in the form of what is in and out of the canvas, that is, what is presented or hidden from sight.
The desire to impose movement in his figures is also recurrent in Sinsel. It is revealed in the sinuous dance of the ribbons, the opening and closing of the scissors, and in the elements that move off center in his compositions. The “tasteful” pale color scheme is interrupted by acrid hues of orange or red, resulting in an effect that the artist compares to the disturbing image of Notre Dame Cathedral going up in flames. Sinsel uses undiluted pigments of cadmium, lead, mercury, cobalt and tin mostly in an unmixed state. Toxicity is as embedded in the painting as are the nuts.
Daniel Sinsel was born in Munich in 1976. He lives and works in London, where he studied at the Chelsea College of Art and Design and at the Royal College of Art. His work has been included in several international exhibitions, such as: ISelf Collection: The Upset Bucket, Whitechapel Gallery (London, 2017); Disobedient Bodies, The Hepworth Wakefield (2017); British Art Show 8, Inverleith House, Edinburgh, which traveled through various institutions across the United Kingdom (2016-2017); Making & Unmaking, Camden Arts Centre (London, 2016); MIRRORCITY: 23 London Artists, Hayward Gallery (London, 2014); Somewhat Abstract, Nottingham Contemporary (Nottingham, 2014); Jerwood Contemporary Painters, Jerwood Space (London, 2010); Compass in Hand, MoMA (New York, 2009). His work is part of important collections, such as MoMA (New York), and the Arts Council Collection (London).