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outubro 17, 2019
Cristiano Lenhardt no Fortes D’Aloia & Gabriel - Galpão, São Paulo
A Fortes D'Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar ÍRÌ, nova exposição de Cristiano Lenhardt no Galpão. O artista exibe um conjunto de obras inéditas que reforçam seu interesse pelo jornal e outros materiais cotidianos como matéria-prima para pinturas e esculturas. O título da exposição – espécie de sigla ou código – sublinha a dimensão de transcendência do plano de observação em jogo nestes trabalhos, assim como o interesse do artista pela iridescência enquanto fenômeno ótico.
Em suas pinturas sobre jornais, Lenhardt utiliza tinta acrílica branca e preta para cobrir a superfície de exemplares antigos, deixando apenas que as áreas coloridas do papel sejam reveladas através de formas geométricas randômicas. Transmutando informação em abstração, o artista cria um rico vocabulário visual que abarca referências tão díspares quanto as pinturas rupestres e a linguagem contemporânea da internet.
Emoldurando o espaço expositivo, sua Escultura Arco consiste em uma grande linha curva de jornal retorcido suspensa por duas bases de concreto, reforçando a ideia de um "portal" sugerida pela grafia do título da mostra. Aqui, o artista investiga as possibilidades escultóricas do material em um desdobramento de Atoritoleituralogosh, trabalho realizado em abril deste ano e adquirido pela Pinacoteca do Estado de São Paulo após vencer o prêmio de doação da feira SP-Arte.
Em Escultura Íris, longas varas de madeira de pontas metálicas evocam as lanças de caboclo típicas do maracatu pernambucano, dispostas no espaço em uma estrutura semelhante a de uma oca. Esta articulação entre materiais de naturezas aparentemente conflitantes aparece também em Astro, esfera de jornal e tinta prateada que paira sobre o conjunto, ao fundo.
Repousando no chão, Filtra-Cor é composta por um trio de televisores cujas telas são cobertas por chapas metálicas cravadas de furos. Estas pequenas perfurações filtram as imagens exibidas, permitindo que vejamos apenas pontos cromáticos e seus reflexos movendo-se freneticamente pela superfície da obra. Lenhardt nos convida, assim, a enxergar para além da bidimensionalidade, instaurando novos campos semânticos para imagens veiculadas de maneira incessante – e saturada – pelos meios de comunicação de massa.
Cristiano Lenhardt (Itaara, RS, 1975), vive e trabalha no Recife (PE). Atualmente participa do 36º Panorama da Arte Brasileira, com curadoria de Júlia Rebouças, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em seu currículo, destacam-se participações em exposições como a 32ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2016); 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil: Panoramas do Sul (São Paulo, 2015); Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts (Ohio, 2014); Programa Rumos Itaú Cultural (São Paulo, 2012); Mythologies, Cité Internationale des Arts (Paris, 2011); Intimate Bureaucracies, University of Essex (Colchester, 2011); Constructing Views, New Museum (Nova York, 2010). Sua obra está presente em importantes coleções como o MAM Rio (Rio de Janeiro) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo).