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outubro 3, 2019
Rafael Vogt Maia Rosa na São Paulo Flutuante, São Paulo
Rafael Vogt Maia Rosa apresenta sua primeira exposição autoral, a partir de 10 de outubro, na Galeria São Paulo Flutuante
Em “Senhor das Nuvens”, o crítico de arte e curador reúne 70 aquarelas e vídeos, que abordam a relação entre natureza e cultura na arte contemporânea
Suas paisagens imaginárias são inspiradas no que ele chama “restauro da beleza natural”
O crítico de arte e curador Rafael Vogt Maia Rosa apresenta sua primeira exposição autoral, Senhor das Nuvens, entre os dias 10 de outubro e 14 de novembro de 2019, na Galeria São Paulo Flutuante. A mostra reúne um conjunto de 70 aquarelas e vídeos, realizado nos últimos quatro anos, abordando as relações entre natureza e cultura na arte contemporânea.
As aquarelas de Vogt Maia Rosa foram descobertas pela galerista Regina Boni recentemente. São, na maioria, paisagens imaginárias e inspiradas no que o artista chama “restauro da beleza natural”, em um momento especialmente crítico para política ambiental brasileira. Elas apresentam também figuras humanas nuas e pássaros, elementos pesquisados por Rafael desde seu estágio como artista convidado na Yale School of Drama, nos EUA.
“A técnica da aquarela, tipicamente das que se apreende e não se ensina, me foi transmitida por meus pais, junto à Pedagogia Waldorf. Acredito que a hipótese do artista alemão Joseph Beuys esteja certa, na medida em que cada homem é um artista e que todos, portanto, o sejamos”, diz o curador e artista. Para ele, a aquarela se distingue da pintura a óleo por uma relação mais direta com a natureza líquida da água. “Ela permite ao artista lançar a sua sorte e pensar seu percurso a partir do automatismo e do acaso, tal como em oráculos mais tradicionais como o I Ching”.
Além das aquarelas, a exposição traz experiências sonoras e vídeos sobre o carácter oracular do fazer artístico. “Acredito que uma das principais funções da arte seja nem tanto a de afirmar identidades artísticas, mas de lançar perguntas a respeito de quem nós somos ”, explica Vogt Maia Rosa.
SOBRE O ARTISTA
Rafael Vogt Maia Rosa (São Paulo, 1974) é crítico de arte, curador, dramaturgo e músico. Graduado em Linguística, mestre e doutor em literatura comparada pela USP, foi, por duas vezes, pesquisador e artista convidado na Yale University, nos EUA, entre 2010 e 2015. Trabalhou na Bienal de São Paulo e no jornal Folha de S. Paulo e integrou o Círculo de Dramaturgia do CPT de Antunes Filho. Foi também professor de teoria da arte na Faculdade Santa Marcelina e ministrou cursos livres de arte em museus e instituições como Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sesc, Instituto Tomie Ohtake, entre outros.
Atualmente assina a curadoria “Abertura 1980” em cartaz no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto e já publicou ensaios e entrevistas com escritores e artistas como Alan Pauls, Robert Storr, Nelson Leirner e Tunga.
SOBRE A GALERIA
Regina Boni, figurinista da Tropicália e uma das principais galeristas de São Paulo nos anos 1980 e 1990 – ajudou a alavancar carreira de artistas como Luiz Paulo Baravelli, Wesley Duke Lee, José Resende –, resolveu voltar à cena no final de 2018.
Ela alugou temporariamente um imóvel na Rua Estados Unidos, nos Jardins – mesma rua onde ficava sua antiga galeria São Paulo, fechada em 2002— e inaugurou a São Paulo Flutuante.
No novo espaço, apresenta nomes pouco conhecidos e trabalha com preços de até R$ 12 mil reais. “Sinto-me desafiada pelos rumos desse mercado, em suas vertigens de valores abusivos e curadores estelares, distanciados dos caminhos mais soberanos da criação”, afirma Regina.
Já foram apresentadas exposições de Ucho Carvalho, Fernando Barata, Rodrigo Sombra e Manu Maltez, além de uma mostra em homenagem aos 80 anos de Sergio Mamberti.