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outubro 1, 2019
Patricia Gouvêa na Murilo Castro, Belo Horizonte
Em sua primeira exposição individual na Galeria Murilo Castro, a artista visual carioca Patricia Gouvêa apresenta Sobrevida, série desenvolvida desde 2017 com trabalhos em fotografia, vídeo, objetos e textos, fruto de uma pesquisa in-progress sobre a resistência da natureza, tanto em locais ditos “preservados”, quanto nas pequenas frestas das cidades onde – apesar do cimento – teimam em operar pequenos milagres.
Com texto assinado pelo físico Luiz Alberto Oliveira, curador geral do Museu do Amanhã, os trabalhos que integram a série foram realizados em 2017 na Amazônia, na Reserva Adolpho Ducke do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas) durante a residência artística LabVerde, e no Parque Nacional de Anavilhanas, ambos no Amazonas; em 2018 nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Fort Lauderdale (EUA) e em 2019 novos trabalhos feitos no Deserto do Atacama (Chile), Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (Goiás) e Brumadinho (Minas Gerais) integram a montagem na Galeria Murilo Castro. A artista também redescobriu imagens em seu arquivo que foram incorporadas à série, como as que foram feitas em 2007 em Siem Riep, no Cambodja.
“Este trabalho busca relacionar situações onde a natureza mostra-se como estranhamento, resistência, resiliência, domesticação e poder”, diz a artista. “Estamos diante de crimes ambientais realizados em série no Brasil. Políticas públicas que nos remetem ao período da Ditadura tem sido revisitadas. Em meio a pactos mundiais pela preservação do meio ambiente, muito é discutido, mas pouco é feito para frear o aquecimento global. Até quando insistiremos num olhar antagônico em relação às nossas coberturas verdes? Até quando vidas não valerão nada? Esta é uma indagação sobre a coisificação crescente da natureza em meio a um cenário de hiperatividade, destruição ambiental, escassez de água e desrespeito aos direitos humanos”, afirma a artista.
Patricia Gouvêa nasceu em 1973 no Rio de Janeiro, onde trabalha. Artista visual e pesquisadora, trabalha com fotografia, vídeo, instalação e intervenção urbana. Seu trabalho prioriza a fotografia e a imagem em movimento e suas possíveis interfaces, onde a noção de tempo constitui um dos principais eixos de pesquisa. Graduada em Comunicação Social (ECO/UFRJ), Especialista em Fotografia e Ciências Sociais (UCAM/RJ) e Mestre em Comunicação e Cultura na linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas da Imagem (ECO/UFRJ).
Entre 2005 e 2009 fez parte do coletivo Grupo DOC (Desordem Obsessiva Compulsiva), que promoveu dezenas de ações no Brasil e no exterior. Publicou os livros: Membranas de Luz: os tempos na imagem contemporânea (2011, Azougue Editorial), Imagens Posteriores (2012, Réptil Editora), Banco de Tempo (2014, em parceria com Isabel Löfgren, edição das autoras) e Mãe Preta (2018, em parceria com Isabel Löfgren, Frida Projetos Culturais) e Fenda (2019, livro-objeto em parceria com a Olho de Gato Editora) e participou de muitos outros.
Participou de dezenas de coletivas e realizou exposições individuais na China, na Itália, no Brasil, na Colômbia e Argentina. Em dupla com a artista Isabel Löfgren desenvolveu as pesquisas de longa duração Banco de Tempo (exposição, site e livro com edição independente) e Mãe Preta (exposição, site e publicação). Tem trabalhos em coleções privadas e acervos institucionais, como a Coleção Joaquim Paiva/MAM e Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Foi uma das fundadoras da Agência Foto In Cena (1995/98), Ateliê da Imagem (1999), espaço cultural independente que complete 20 anos em 2019, dedicado à pesquisa, reflexão e produção da imagem no Rio de Janeiro, no qual atuou como diretora artística até dezembro de 2013. É representada pela Galeria Mercedes Viegas, no Rio de Janeiro, Brasil e pela Galeria Murilo Castro em Belo Horizonte, Brasil e em Miami, Estados Unidos. www.patriciagouvea.com