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setembro 23, 2019
Celso Brandão na Caixa Cultural, São Paulo
53 retratos do fotógrafo alagoano revelam a cultura, crenças populares e expressões dos povos do sertão brasileiro.
A Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 31 de agosto, sábado, às 11 horas, a mostra individual “Caixa-Preta”, do fotógrafo Celso Brandão. Curadoria de Miguel Rio Branco traz a público 53 retratos de personagens do sertão, realizados na década 1990, revelando a cultura popular sertaneja, suas nuances, dores e a simplicidade daqueles lutam para sobreviver no Brasil.
Na Caixa-Preta de Brandão, a poesia se exala nas fotos. Os cliques migram pelo interior de Alagoas e registram suas peculiaridades. São índios, negros, brancos, expressões marcantes, realistas e intensas, cultura e crenças populares reveladas com a intensidade dramática, porém não menos realista deste artista que joga com luzes e sombras e colore no preto e no branco. Afinal, o fotógrafo sempre se interessou pelos desamparados, pela dor do povo, pela energia e imaginação que transcende. Nas imagens de Celso, ele dá forma a um mundo que também o forma em troca. Por isto, escolheu o preto e branco como registro destas fotos, que falam por si só e apresentam uma função dramática e dialética.
“O preto e branco é, sem dúvida, a genuína natureza da captação fotográfica, a que mais incisivamente decodifica a realidade que nos cerca. Já o título surgiu por estar resgatando dados de uma determinada trajetória, como de uma caixa-preta de avião, encontrada no abismo do esquecimento”, revela Celso Brandão.
Embora o material desta caixa-preta seja exposto agora, a pesquisa do artista começou em 1990, quando ele percorria Alagoas e seus interiores e registrava mercados, ruas, festas religiosas e blocos carnavalescos em um resultado que deu origem a sua fotografia humanista.
Celso Brandão (Maceió, AL – 1951). Fotógrafo e cineasta é graduado em Comunicação Social (1976). O apreço pela arte sempre esteve presente na vida do alagoano Celso Brandão. Desde criança, Celso se interessou pelo povo, índios, negros, excluídos socialmente – não à toa, diz que em suas veias corre sangue indígena – pela mitologia e cultura que clama nos interiores de sua terra e das diversidades dos Brasis. Vendo sua vocação para arte, seu pai lhe deu uma câmera fotográfica aos 13 anos de idade. E Celso nunca mais parou de registrar a essência da cultura popular brasileira. Como cineasta e documentarista fez documentário em Super 8 “Reflexos”, sobre a Lagoa Manguaba, em Alagoas, produção vencedora do primeiro lugar no Festival de Cinema de Penedo. Assina ainda como diretor “Filé de Pombal da Barra” (1977), “Mandioca da Terra à Mesa”(1977), “Benedito: O Santeiro” (1985), “Dede Mamata” (1988), “Ponto das Ervas”, “A Singeleza da Singeleza”, “A Casa de Santo” (1986), “Memória da Vida e do Trabalho (1ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico), “Chão de Casa” (1982), “Mestra Hilda”, “Mestre Benon, o Treme Terra”, este dele e de Nicolle Freire, além de “O Lambe-Sola”, as opiniões de Celso Brandão sobre o popular poeta Antonio Aurélio de Morais.