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setembro 9, 2019
André Griffo na Athena - Botafogo, Rio de Janeiro
Pinturas que opõem religião e questões sociais são o tema de André Griffo na Galeria Athena
Em sua terceira exposição individual na Galeria Athena, o artista reúne um conjunto de pinturas inéditas na exposição intitulada A quem devo pagar minha indulgência?
A Galeria Athena apresenta, a partir de 12 de setembro, a exposição individual A quem devo pagar minha indulgência?, do artista visual André Griffo. São 11 pinturas inéditas que ocupam todo o espaço expositivo da galeria. Produzidas neste ano, as obras são resultados da pesquisa do artista que relaciona questões sociais à História da Arte e da Arquitetura. Religião, poder e violência são alguns dos temas centrais dos trabalhos.
As pinturas selecionadas especialmente para a exposição apontam o interesse de Griffo pela apropriação de espaços que, embora não se revelem identificáveis num primeiro olhar, são criados e impregnados com elementos contemporâneos. Lugares inabitados, de passagem ou mesmo pinturas ícones da História da Arte ocidental são recriados pictoricamente pelo artista, que os recontextualiza para a conjuntura atual.
De acordo com André Griffo “ao cruzar informações, tento falar sobre a estrutura social e religiosa, eventos políticos recentes, e, principalmente, valores historicamente consolidados”.
Trabalhos em exposição
Na sala Cubo, com cerca de 140 m2 e 6,5 m de pé direito, estarão sete grandes pinturas predominantemente em óleo sobre tela. Os títulos das obras remetem ao enfoque que o artista escolheu: poder, glória, pecado, começo e fim, sorte e azar, entre outros. Todos essas temáticas fazem parte de uma liturgia religiosa que na exposição ganham um tom crítico e de contestação.
A quem devo pagar minha indulgência? é a pergunta título da exposição e de uma das pinturas, cujo pano de fundo é um espaço público do cotidiano com a questão pichada na parede. Durante a Idade Média, a Igreja Católica, que detinha um enorme poder político e econômico, ficou conhecida pela venda de indulgências, ou seja, concedia o perdão divino para qualquer pessoa que pagasse por isso. Trazendo para o contexto atual, o artista questiona quem são os outros com quem estamos em dívida e a quais poderes e controles sociais estamos submetidos diariamente.
Para isso, André Griffo resignifica lugares impregnados pela passagem do tempo, adicionando a eles símbolos e signos contemporâneos que destacam as problemáticas cotidianas. Aparecem atributos da segurança pública e da violência, como o brasão da Polícia Civil e punhos com arma; símbolos da religião, como oratórios e imagens de pastores; signos da prostituição, com anúncios colados em paredes; entre outros tipos de ícones que dizem respeito à realidade atual.
Já na sala Casa, expõem-se quatro pinturas da série “Anunciação Vazia”, uma releitura dos tradicionais afrescos da Anunciação do pintor renascentista Fra Angélico. Nessa série, André Griffo propõe a representação dos espaços renascentistas clássicos sem a presença dos personagens originais. Como são conhecidas, as anunciações narram a história do anjo Gabriel no momento em que revela à Maria que ela fora escolhida para ser mãe de Cristo. Ao suprimir as figuras, o espaço vazio dirige a atenção para a arquitetura. Em contrapartida, o título da obra enaltece o elemento chave desta série: a assimilação da anunciação vazia traz à tona a crença na existência de um poder ou princípio superior, fundamentada a partir de uma narração imaginária.
A fim de incitar confrontos e comparações de diferentes momentos da nossa história, bem como expor valores enraizados, “os trabalhos permitem expor os pensamentos dos indivíduos de uma determinada sociedade, seus valores e mudanças, e, em certas ocasiões, testemunhar a imutabilidade das coisas”, conforme afirma Griffo.
Sobre o artista
André Grio (Barra Mansa, 1979. Vive e trabalha no Rio de Janeiro), formado em Arquitetura e Urbanismo, dedica-se exclusivamente às Artes Visuais desde 2009.
Neste ano, foi selecionado para a 21ª Bienal de Arte Contemporânea SESC Video Brasil (São Paulo, Brasil) e contemplado com uma bolsa para realizar a residência artística do Vermont Studio Center (Johnson, E.U.A.). Em 2013, foi bolsista no Programa de Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, Brasil) com os professores Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e Marcelo Campos. Em 2012, recebeu o prêmio Leitura Pública e Análise de Portfólios no 44º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (Piracicaba, Brasil).
Dentre suas principais exposições individuais, destacam-se: 2017 - Objetos Sobre Arquitetura Gasta (Centro Cultural de São Paulo - São Paulo, Brasil); 2015 - Intervenções Pendentes em Estruturas Mistas (Palácio das Artes - Belo Horizonte, Brasil); Predileção pela Alegoria (Galeria Athena - Rio de Janeiro, Brasil).
Dentre as exposições coletivas mais recentes estão: 2018 - Com o ar pesado demais para respirar
(Galeria Athena -Rio de Janeiro, Brasil); 2016 - Intervenções (Museu da República - Rio de Janeiro, Brasil); 2015 - Ao Amor do Público I (Museu de Arte do Rio - Rio de Janeiro, Brasil); Aparições (Caixa Cultural - Rio de Janeiro, Brasil).
Participa de duas coleções: Coleção Instituto PIPA (Rio de Janeiro, Brasil) e coleção do Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, Brasil).