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setembro 9, 2019
Mano Penalva na Portas Vilaseca, Rio de Janeiro
A Galeria Portas Vilaseca tem o prazer de apresentar Casa de Andar, abertura 12 de Setembro, exposição individual do artista Mano Penalva, com texto crítico de Pollyana Quintella.
Em Casa de Andar, Penalva apresenta um conjunto de trabalhos inéditos, produzidos entre 2018 e 2019, a partir de um olhar sobre um lugar entre a Casa e a Rua. Materiais e objetos do cotidiano são arranjados, estruturados ou encostados a partir de pequenos deslocamentos; palhinhas, paninhos, muxarabis, pratos e xícaras são reorganizados como fragmentos de uma composição precisa, uma espécie de “quebra da normalidade” dos objetos – capacidade de reconfiguração surpreendente e inesperada, quando os mesmos deixam suas funções primeiras e imprimem novas possibilidades e formas de pensar a sua existência.
O nome Casa de Andar é uma lembrança da sua Cidade natal (Salvador -BA) para nomear moradias que saem do piso térreo e ganham um andar/lance ou mais. Assim, a galeria que ocupa um sobrado em Botafogo passa a ser habitada por um corpo de trabalhos que dialogam com a arquitetura e aspectos culturais e formais de uma relação que transita entre o privado e o público.
Ao andar pela Casa de Mano Penalva, o expectador se depara com trabalhos nomeados como os espaços de casa (1 Quarto, 2 Quartos, 3 Quartos e Kitnet - esculturas compostas por suportes de madeira, moringas e quartinhas) ou por um mobiliário doméstico revisitado como os trabalhos Tribeira e Centopéia.
Em Casa de Andar, o ornamento ocupa um lugar de cuidado e investimento afetivo, diz Pollyana Quintella que assina o texto da exposição. Nas Bailarinas, capas para botijão de gás, galão d'água, liquidificador, puxa-saco, entre outros utensílios, são costuradas formando uma estrutura entre o totem e o traje de baile, levando o expectador a pensar no caráter ritual e performático do fazer artesanal. O mesmo pode ser observado no caso das palhinhas, rendas e treliças que compõem a série Ventana.
O trabalho de Mano Penalva parte do estudo da Cultura Material, mudanças de comportamento e efeitos da globalização. Sua produção é deliberadamente não-representativa, permitindo que os materiais ditem a forma e se unam quase que por conta própria, a partir de um desejo de existirem no mundo. O artista explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano, trabalhando com diferentes mídias como pintura, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Ao criar os trabalhos, subverte o valor dos objetos do cotidiano, propondo novos agrupamentos estéticos a partir da relação das estratégias de venda do varejo, das suas experiências de coleta e da observação de relações que transitam entre a Casa e a Rua. Mano Penalva realça com seus trabalhos a ideia que a exponencial proliferação de objetos e imagens não se destinam a treinar a percepção ou a consciência, mas insistem em fundir-nos com eles.