|
agosto 31, 2019
Leonardo Finotti na Casa Modernista, São Paulo
No dia 17 de agosto de 2019, a Casa Modernista, instituição vinculada ao Museu da Cidade de São Paulo e à Secretaria Municipal de Cultura, abre a exposição Sotaques Paulistanos da Bauhaus, mostra individual do fotógrafo Leonardo Finotti. A mostra, com 20 obras, registra a ressonância do pensamento da escola alemã em obras de arquitetos brasileiros como Lina Bo Bardi, Vilanova Artigas, Burle Marx, Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Rino Levi, David Libeskind, Décio Tozzi, Joaquim Guedes, Marcos Acayaba, entre outros.
O olhar “organizador” de Leonardo Finotti passeia pelas construções destes grandes mestres para mostrar, como no brutalismo, a essência e a função primeira dos materiais como vidro, madeira e aço, da integração com o urbanismo e outras características da escola Bauhaus em edifícios, públicos ou privados, casas e jardins na cidade de São Paulo, batizando suas fotos com os nomes dos elementos arquitetônicos que elas apresentam. Assim, Pilar, Rampa, Marquise, Esquadria, Brise, Viga, Treliça, entre outros, ganham dimensão e status de “top models” da arquitetura paulistana.
À convite do diretor do Departamento dos Museus Municipais, Marcos Cartum, “Sotaques Paulistanos da Bauhaus” ganha os espaços da primeira Casa Modernista de São Paulo, assinada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, e chega com o cuidado de dialogar respeitosamente com o espaço -- que está em início de obras de restauração -- e com o olhar do fotógrafo em cada imagem, através da expografia de Michelle Jean de Castro, que respeita e estabelece relações com este momento da casa. As obras são instaladas em suportes metálicos (escoras) usados para sustentar lajes em construção e se utilizam da iluminação presente. São 20 fotos de 80 x 80 cm, todas em P&B, derivadas de duas séries de produção do fotógrafo: Brutiful e Urbanometria, produzidas entre 2006 e 2018.
A atual gestão do Museu da Cidade reativou o uso cultural da Casa Modernista e busca no momento viabilizar para breve o início das obras de requalificação a partir de projeto já aprovado nos órgãos de preservação.
“O diálogo entre os espaços da primeira construção modernista no Brasil e os registros de alguns exemplares da arquitetura de ‘inspiração bauhausiana’ possibilita uma imersão poética singular que potencializa a percepção de conceitos e princípios do programa da escola presentes na paisagem paulistana”, afirma Cartum.
O trabalho fotográfico de Leonardo Finotti é altamente respeitado mundo afora. Enquanto abre na cidade de São Paulo a exposição “Sotaques Paulistanos da Bauhaus”, tem outras exposições ou obras em exibição em seis mostras em locais como New York Botanical Garden (Nova York, EUA), COAC (Girona, Espanha), Centro Cultural la Moneda (Santiago, Chile), Carnegie Museum of Art (Pittsburgh, EUA), Design Museum (Londres, Inglaterra), e Casa da Arquitectura (Matosinhos, Portugal). Além disso, suas imagens são parte permanente do acervo de instituições do calibre de MoMA-NY (EUA), Bauhaus Dessau Foundation (Alemanha), Fundação EDP (Portugal), AzW (Áustria), MOT (Japão), Cité de L'Architecture & du Patrimonie (França), MAR (Brasil), entre outros.
“Nosso trabalho, artista-arquiteta, transcende nossa vida de casal como uma simbiose entre a imagem e o espaço, sempre estabelecendo diálogos entre a história da arquitetura e fotografia preenchendo pouco a pouco lacunas na memória visual na América Latina”, dizem em uníssono Leonardo e Michele.
Leonardo Finotti é artista visual e tem sua trajetória estruturada através de dois pilares complementares. Ele empreende, através da fotografia, uma exploração rigorosa da Arquitetura Moderna e uma investigação dos espaços urbanos anônimos ou informais.
Após se graduar em Arquitetura e concluir pós-graduação na Bauhaus Foundation (Dessau, Alemanha) começa sua carreira como fotógrafo em Portugal, onde viveu por seis anos, colaborando com os mais importantes arquitetos portugueses. Inicia então um projeto sistemático de releitura do Modernismo em diferentes continentes, que prossegue quando do seu retorno ao Brasil. Contribui internacionalmente com diferentes arquitetos e publicações, ao mesmo tempo em que desenvolve diversos projetos pessoais (exposições, publicações) tendo a arquitetura e a cidade como eixo principal de sua pesquisa visual: Pelada (2014), Latinitudes (2015), Rio enquadrado (2016), Brutiful (2017), para citar apenas alguns.
Já realizou diversas exposições individuais e coletivas e seu trabalho faz parte de coleções de algumas das mais importantes instituições públicas e privadas, tais como Bauhaus Dessau Foundation (Alemanha), Fundação EDP (Portugal), AzW (Áustria), MOT (Japão), Cité de L'Architecture & du Patrimonie (França), MAR (Brasil). Representou o Brasil em duas Bienais de Arquitetura de Veneza, Shenzhen, na X Bienal de Arte do Mercosul e foi premiado na XV Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires.
Em 2008, Finotti foi convidado por Barry Bergdoll, então curador-chefe do MoMA-NY, a fazer parte da exposição “Latin America in Construction: Architecture 1955-1980”. O projeto, desenvolvido ao longo de sete anos, reinterpreta visualmente o legado da arquitetura moderna da América Latina. O trabalho além de integrar a exposição, teve 15 obras adquiridas para sua coleção permanente e recebeu um capítulo no catálogo, sob a forma de portfólio.