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agosto 31, 2019
Daniel Lie na Casa do Povo, São Paulo
Supremacia humana: o projeto falido é uma instalação site-specific pensada como oferenda para a Casa do Povo. O trabalho de Daniel Lie acontece nas duas extremidades do prédio da instituição, erguida em 1953: no subsolo, onde fica o histórico teatro TAIB, e no terraço, espaço onde diferentes usos acontecem diariamente. A instalação criada para o teatro só poderá ser vista pelo público em dois momentos: na data da abertura (10/08) e encerramento (28/09) da exposição. No terraço, a visitação acontece durante o horário de funcionamento da Casa do Povo.
A convite da Casa do Povo para pensar um projeto relacionado ao jardim, Daniel Lie coloca em questão a supremacia humana e o jardim como estrutura de colonização, dependência e dominação. O trabalho tem como protagonistas seres além-de-humanos, como fungos e bactérias, que se multiplicam e se transformam no decorrer da exposição. Partindo da ideia da Casa do Povo como ecossistema, cuja atuação sugere consciência própria, a artiste entende a pluralidade de vidas que constituem esse “povo” como existências que incluem também além do humano.
Pensando a instalação como alimento energético para o que não se vê, Daniel Lie reivindica outras lógicas de cooperação entre agentes naturais como base fundante para o jardim em processo.
Sobre Daniel Lie
Artista visual, de ascendência pernambucana e indonesiana, Daniel Lie nasceu em São Paulo e vive atualmente um processo nômade. Tem o tempo como pilar central do seu trabalho, desde a memória mais antiga e afetiva - trazendo histórias familiares e pessoais - até o tempo das coisas no mundo e dos ciclos da vida, humanos e além-de-humanos. Por meio de instalações e objetos, utiliza os materiais como eles são e trabalha com a performatividade de elementos como plantas, frutas, processos de vida e morte de fungos e bactérias, minerais. O olhar também é direcionado para tensões entre ciência e religião, ancestralidade e presente, magia e vida cotidiana. Daniel Lie já desenvolveu trabalhos site-specific em mais de 11 países com destaque para a sua recente individual no Jupiter ArtLand (Reino Unido), e participação em exposições coletivas como Bienal de Yogyakarta (Indonésia), Fundação Osage (China), Viena Festwochen (Austria), Kampnagel (Alemanha), Espacios Revelados (Chile e Colômbia). No Brasil, seu trabalho esteve presente na Trienal de Artes do Sesc Sorocaba, Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil, Casa do Povo e Oficina Cultural Oswald de Andrade.