|
agosto 30, 2019
Ester Grisnpum na Raquel Arnaud, São Paulo
A mostra Duplos os Lugares traz os mesmos títulos de duas exposições (Os Duplos, de 1989) e (Do Lugar, de 1997) realizadas por Ester Grinspum entre os anos 80 e 90. A Galeria Raquel Arnaud reúne quatro pares de esculturas em ferro, quatro desenhos em nanquim que conversam entre si, e um desenho em bastão de óleo, síntese dos diálogos em nanquim. Já é reconhecido como o desenho é pensamento seminal na obra de Grinspum, de seu trabalho gráfico às esculturas. Sônia Salztein, em seu texto para a exposição, acrescenta: “Talvez se possa mesmo dizer que essa obra se realiza numa região indefinida entre o desenho e a escultura, e que seu desafio crucial seja manter-se numa tensão controlada entre esses dois lugares”. A mostra aponta outras questões, como diálogo e delimitação, que também marcam a produção da artista.
“No vocabulário austero, de formas elementares que se decantaram ao longo de décadas de paciente lapidação nas obras gráficas de Grisnpum – nas quais círculos cheios e vazados, barras paralelas, retângulos hachurados e jarros se distribuem num deserto branco de papel – é na maior ou menor distância entre essas formas enigmáticas que o trabalho propriamente se realiza”, afirma Salztein. Para a crítica, a constelação de signos brota lacônico demais para configurar um feixe de relações, para compartilhar um espaço comum, uma comunidade de indivíduos. “A disjunção, a distância lunar entre eles – e, inversamente, a sugestão de um fluxo de trocas que se anuncia, mas que fica permanentemente em suspenso – é parte substancial dessa obra, seja nas esculturas ou nos desenhos”. Para Salztein ainda, ”as esculturas carregam à flor da pele a mesma lógica de superfície dos trabalhos gráficos, a proximidade misteriosa com a escrita, uma proximidade que de fato silencia e desarticula a um passo da escrita”.
SOBRE A ARTISTA
Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Fez sua primeira exposição individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1981, e a seguir no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e na Galeria Funarte Macunaíma no Rio de Janeiro, em 1983. A partir de então, fez várias exposições individuais no Brasil e exterior, entre elas na Galeria Paulo Figueiredo em 1989,1991,1994; na Galerie Lil'Orsay, Paris, em 1993 e 1995; na Galeria Marilia Razuk, em 1997 e 2009; no Paço Imperial do Rio de Janeiro, em 1997; no Musée de Langres, em 1999; na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2004; e na Galeria Transversal e no Instituto Tomie Ohtake, em 2011.
Participou de inúmeras exposições coletivas, como Como vai você, Geração 80?; Bienal Latino-Americana de Arte Sobre Papel, em Buenos Aires, 1986; I e II Bienal de Havana, 1984 e 1986; XX Bienal Internacional de São Paulo, 1989; Tabula Rasa, Bienna, Suíça, 1991; UltraModern – The Art of Contemporary Brazil, Washington, 1993; Bienal Brasil Século XX, 1994; Selections Brazil, Drawing Center, Nova Iorque,1995; I Bienal do Mercosul, 1996; Stedelijk Museum, Schiedam, Holanda, 1996; Escultura Urbana, Alger, 2003; ARCOMadrid, Solo Project, 2012.
Foi contemplada com a Bolsa de Trabalho European Ceramic Work Centre em s'Hertogenbosch, Holanda, em 1995; a Bolsa Virtuose e de Residência na Cité des Arts, em Paris, em 1997 e 1998; e a Bolsa Vitae de Artes, em 2002, entre outras.
Possui trabalhos em coleções como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brooklyn Museum (Nova Iorque), Fonds National d'Art Contemporain (França) e Coleção Patricia Phelps de Cisneros.