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agosto 27, 2019
Federico Herrero + Eduardo Navarro no MAC, Niterói
Primeira vez que dois artistas internacionais abrem, ao mesmo tempo, individual no MAC Niterói
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói abre, no dia 31 de agosto, a partir das 10h, as exposições Tempo aberto, do artista costarriquenho Federico Herrero; e Em colaboração com o Sol, do argentino Eduardo Navarro. Esta é a primeira vez que dois artistas estrangeiros, mais especificamente latino-americanos, abrem individuais ao mesmo tempo, no museu. A curadoria é assinada por Pablo León de la Barra e por Raphael Fonseca.
Para o salão principal do MAC Niterói, Federico Herrero idealizou uma exposição sobre a relação entre pintura, instalação, site specificity e efemeridade, borrando a linha onde a exposição começa e onde termina, não apenas no sentido de espaço ou campo, mas também em sua relação com o tempo. Trata-se da primeira individual dele em uma instituição no Brasil.
No icônico projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer em Niterói, o trabalho de Federico se desenvolve a partir dos murais do local. Podem representar fragmentos de um todo maior, com significado aberto e ligado por poéticas formais e narrativas que se espalham como campos para fora do museu, para a paisagem, e vice-versa. Essas formas instantâneas dependem da interação com o espaço e seu entorno. “A exposição que preparei para o MAC se concentra na pintura e nas relações temporais que ocorrem entre o prédio e a paisagem onde está localizado, um exercício para se deslocar do local específico para o aspecto específico do tempo da pintura”, explica Herrero.
Para o artista, algumas das propriedades da tinta, como cor, matiz, brilho, leveza, transparência, fluidez e os fenômenos físicos que se instalam no espaço a partir delas são como pessoas e sociedades. Nas palavras de Herrero, “como as cores, somos constantemente afetados pelo nosso ambiente, o que quer que esteja ao nosso lado no espaço pode desencadear grandes diferenças em nossa personalidade. Pintadas em linha reta, em densas cores puras, as imagens evocam paisagens mentais, perspectivas que se relacionam tanto com a arquitetura quanto com o lugar onde está o edifício, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, abraçada por montanhas chamadas Pão de Açúcar, formas que saem da linha do horizonte abruptamente, mas com graça e beleza. Movendo-se pelo museu, o edifício orienta você em uma coreografia que lhe permite desfrutar de alguns dos destaques da paisagem”.
Já na varanda do MAC, que possui um enriquecedor diálogo com a Baía de Guanabara, Eduardo Navarro apresenta na mostra “Em colaboração com o Sol” uma série com cerca de 50 desenhos do artista – alguns deles diretamente relacionados à arquitetura de Niemeyer, que se tratam de ficções a respeito de sua forma – e desenhos diversos baseados na relação entre imagem e texto. “Como é comum a toda sua produção, as narrativas ficcionais e por vezes futuristas são de grande interesse para Navarro”, explica Raphael Fonseca, um dos curadores das mostras.
Por fim, um terceiro grupo de desenhos se relaciona diretamente à ação que será feita semanalmente por sete pessoas dentro do museu - são rascunhos, esboços e proposições a respeito de como esses corpos podem se comportar. Sete pessoas vestidas de dourado e segurando espelhos são responsáveis por compor uma coreografia a partir da entrada do sol dentro do espaço da varanda. Cada corpo se coloca em posição diferente e é responsável por fazer com que um raio solar passe de espelho para espelho. Dessa forma, como o título da exposição aponta, o Sol se configura como um oitavo e essencial elemento. Não é muito diferente quando se pensa no MAC Niterói - museu que se encontra de frente para a praia e que é famoso por constituir um cartão postal geralmente solar.
Federico Herrero
Nasceu em 1978 em San José, na Costa Rica, onde vive e trabalha. Estudou pintura no Pratt Institute, Nova York, de 1997 a 1998. Em 2001, ganhou o prêmio especial para um artista jovem na 49ª Bienal de Veneza. Também participou da exposição Fare Mundi / Nuevos Mundos no Pavilhão da América Latina da 53ª Bienal de Veneza em 2009.
A prática artística de Herrero abrange pintura sobre tela, pintura pública de murais e instalações escultóricas. Seu trabalho foi exibido internacionalmente em instituições como o Museu de Arte Contemporânea de Chicago, Witte de With, em Roterdã, Museu de Arte Contemporânea de Detroit; Wattis Institute for Contemporary Arts, São Francisco, EUA; Museo de Arte y Diseño Contemporáneo, San José, Costa Rica; Kunstverein Freiburg; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; e Para / site, Hong Kong. Em 2014 ele participou da exposição Under the Same Sun: Arte da América Latina Hoje, no Museu Solomon R. Guggenheim, em Nova York, que viajou para a South London Gallery, em Londres, em 2016. Federico Herrero é representado pela Galeria Luisa Strina, São Paulo, Sies + Höke, Düsseldorf, e James Cohan, Nova York.
Vê suas pinturas, que variam de pequenas telas a espaços urbanos monumentais, como paisagens abertas que nunca terminam, sempre crescendo e se transformando em algo novo. Em certo sentido, essas obras crescem para além da tela ou da parede vertical e seguem para as superfícies horizontais do piso e do teto, estendendo seus campos coloridos abstratos aos espaços urbanos e à vida pública. A cor é abordada pelo artista como som e volume. Para criar esse trabalho, assim como suas outras composições, Herrero considera o peso da cor, assim como os diferentes tipos de energia que o colorido pode absorver ou vir a expressar.
Eduardo Navarro
Por meio de instalações, performances, esculturas, desenhos e objetos, o artista busca produzir novas possibilidades de percepção sobre o mundo que rodeia todos. Sua obra confronta uma diversidade de entidades naturais, científicas e sociais a partir da experiência sensível. Para realizar essas abordagens, Navarro recorre ao auxílio de especialistas de diferentes áreas com a intenção de alterar práticas e comportamentos preestabelecidos na sociedade.
O grande desafio na sua prática é o do próprio artista, espectador e objeto artístico tornarem-se aquilo que está sendo investigado. Dessa forma, Navarro propõe mudanças capazes de proporcionar transformações de estados sensórios, possibilitando novas compreensões sobre o que se considerava conhecido.
Entre as principais exposições estão “Predição instantânea do tempo, Pivô” – São Paulo, SP, Brasil (2019); “Portadores de sentido – Arte contemporáneo en la Colección Patricia Phelps de Cisneros”, Museo Amparo, Puebla, Mexico; “Into Our selves”, em Drawing Center, New York, NY, USA (2018); “Metamorfosi – Lasciatechetutto vi accada /Metamorphoses– Let Everything Happen to You”, Castello di Rivoli Museo d'Arte Contemporanea, Turin, Italy (2018); “Océans – Une vision du monde au rythme des vagues, Le Fresnoy” – Studio national des arts contemporains, Tourcoing, France (2018); “Sond Mirror (Espelho de Som), na Bienal de São Paulo (2016); entre outras.