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agosto 22, 2019
Paulo Nenflidio na Caixa Cultural, São Paulo
Mostra reúne desenhos, aparelhos sonoros, obras interativas e autômatas
A Caixa Cultural São Paulo apresenta, de 27 de agosto a 03 de novembro de 2019, a mostra Invenções Híbridas, do artista paulista Paulo Nenflidio - que explora, de forma inovadora, o elo entre artes visuais, ciência, eletrônica, música e tecnologia. A entrada é gratuita.
Sob a curadoria de Fernanda Vogas, ‘Invenções Híbridas’ apresenta 18 obras, criadas pelo artista nos últimos 15 anos, que além do reconhecido valor estético, apresentam aspectos interdisciplinares, onde estão presentes som, eletrônica, movimento, aleatoriedade, robótica, física, interação e novas tecnologias.
Dentre as obras que compõem a mostra, a obra Monjolofone: uma máquina de música aleatória e automática, movida a água. Para a máquina funcionar, o visitante precisa bombear a água do coletor para o reservatório e abrir as torneiras das respectivas notas musicais que se quer ouvir. A composição musical fica por conta do visitante, quanto mais torneiras abertas, maior a velocidade das percussões. Para ouvir músicas mais lentas, basta fechar um pouco as torneiras. Nessa relação de cumplicidade e comprometimento, para além da leitura, o espectador contribui com o resultado da obra.
Outro destaque na mostra é a obra 4,33 metros: um pêndulo de madeira com 4,33 metros de comprimento que se mantém em movimento contínuo. No ápice do seu movimento, o pêndulo encontra uma taça de cristal contendo água. O pêndulo toca tão sutilmente na taça que não é possível ouvir o som. A criação faz referência à ilustre obra musical do compositor John Cage, onde o silêncio é “tocado” por quatro minutos e trinta e três segundos.
A obra de Paulo Nenflidio desconstrói formalidades, reorganiza materiais, objetos e o próprio espaço de uma forma inovadora. Em 2013 o artista Paulo Nenflidio foi caminhar na praia pela manhã e no caminho encontrou pescadores que reclamavam da pesca da noite anterior. Quando puxaram a rede, não havia peixes; apenas um monte de tubos e conexões de material plástico e peças eletrônicas. O artista percebeu que se tratava de sucatas de um ser autômato marinho, e pediu aos pescadores o material encontrado. Em seu ateliê experimentou todas as possibilidades possíveis de encaixe entre as peças, resultando num bicho com uma cauda comprida e cinco braços com bocas nas extremidades. A obra se chama “Speaker”, e é uma escultura sonora inspirada nos cantores de jazz e na forma de seres marinhos.
“A arte híbrida é um movimento de arte contemporânea que explora novas áreas de expressão em conjugação com outras linguagens (robótica, ciências físicas, tecnologias de interface experimental, biologia, entre outras). Transitar na obra híbrida de Nenflidio é caminhar por um espaço de deslocamentos entre arte, ciência e tecnologia”, afirma Fernanda Vogas – curadora da exposição.
A mostra apresenta 18 obras com diversos formatos, materiais e técnicas, além de oferecer uma palestra com o artista. A palestra contará com um tradutor de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
A exposição é aberta para diversos públicos, desde crianças a maduros, músicos, artistas plásticos, escultores, cientistas, estudantes, pesquisadores e curiosos.
Paulo Nenflidio (1976 - São Bernardo do Campo/SP) é formado em Artes Plásticas pela ECA/USP e em eletrônica pela ETE Lauro Gomes. Suas obras são esculturas, instalações, objetos, instrumentos e desenhos. Som, eletrônica, movimento, construção, invenção, aleatoriedade, física, controle, automação e gambiarra estão presentes em suas obras. Seus trabalhos se parecem com bichos, instrumentos musicais ou com máquinas de ficção científica. Em 2003 participou da residência artística Bolsa Pampulha em Belo Horizonte, tendo realizado a obra Música dos Ventos. Recebeu em 2005 o Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia por trabalho realizado. Em 2009 realizou residência artística no ASU Art Museum no Arizona tendo produzido uma individual durante o período de residência. Participou da 7º Bienal de Artes Visuais do Mercosul e da mostra Paralela 2010. Recebeu em 2011 o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça Artes Plásticas e em 2013 o Prêmio Funarte Marcantonio Vilaça. Em 2017 participou da Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul.
Fernanda Vogas (1977 - Rio de Janeiro/RJ), é Mestra em Artes Visuais pelo PPGAV - UFRJ e graduada em comunicação social. Foi aluna da Escola Massana - Centre d’Art i Disseny em Barcelona. Fernanda é sócia diretora da Vogas Produções e vem assinando a concepção, curadoria, produção e gestão de diversos projetos de sua autoria nas áreas de artes visuais, cinema e música em convergência com as novas tecnologias. Em 2017 criou o Acusmática Visual ao lado do artista espanhol Xabier Monreal, com participações em festivais como Göteborg International Film Festival (Suécia), Copenhagen Art Festival (Dinamarca), Tous Ecrans Festival (Suíça), Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (Cuba), FILE - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (2018 e 2019) e Bogotá Short Film Festival (2018) e AnimaMundi 2019.
A Caixa Cultural São Paulo oferece uma programação diversificada, com opções gratuitas, estimulando a inclusão e a cidadania. O espaço está situado em um prédio histórico na Praça da Sé, construído em estilo “Art déco” e inaugurado em 1939. Conta com três galerias, salão nobre, auditório e sala de oficinas. Em 2018, apresentou 40 projetos culturais e educativos tais como espetáculos de dança, teatro, shows, debates, leituras dramáticas, oficinas e palestras. O espaço também abriga o Museu da Caixa, uma exposição permanente que conta com instalações e inúmeros objetos originais, preservados desde a década de 40, mantendo vivas a história da instituição e de uma época da cidade de São Paulo e do Brasil
A Caixa Cultural São Paulo é de fácil acesso ao público, pois o Edifício Sé está a 100m da Estação Sé do Metrô.