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agosto 18, 2019
Meta-arquivo: 1964–1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura no Sesc Belenzinho, São Paulo
Exposição aborda, por meio de nove obras inéditas, importância da preservação dos acervos de documentos relacionados à história do Brasil
A partir de 22 de agosto de 2019, o Sesc São Paulo apresenta, na unidade Belenzinho, a exposição Meta-Arquivo: 1964-1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura. Com curadoria e pesquisa de Ana Pato e em parceria com o Memorial da Resistência, a mostra reúne nove obras inéditas, elaboradas por Ana Vaz, Grupo Contrafilé, O grupo inteiro, Giselle Beiguelman, Ícaro Lira, Mabe Bethônico, Paulo Nazareth, Rafael Pagatini e Traplev, e que seguem expostas até o dia 24 de novembro de 2019.
Com caráter pedagógico, a exposição surge como um espaço expandido de aprendizado, cujo objetivo primordial é despertar a reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?
Tais ponderações nortearam a gênese da exposição, a partir do programa de ação curatorial Arquivo e Ficção, desenvolvido por Ana Pato desde 2014, que busca valorizar os processos de construção da história brasileira. Sua metodologia de trabalho consiste na articulação de pesquisas artísticas e na formação de grupos de trabalho em torno de arquivos e acervos, diante da invisibilidade, do abandono e do risco de desaparecimento que os acervos documentais e artísticos vivenciam.
Um desses grupos de trabalho se consolidou em julho de 2018, tendo como foco de pesquisa o período da Ditadura Civil Militar Brasileira (1964-1985), formado pela curadoria, os artistas e as equipes do Memorial da Resistência e do Sesc Belenzinho. Os artistas passaram a desenvolver uma ação artística junto a esses arquivos, que culminou nas obras que serão apresentadas na exposição. Criadas a partir desses documentos históricos, tais obras visam trazer à discussão os processos que levam ao apagamento da memória - e a importância de se manter relevantes e presentes os acervos documentais da história.
Dentre as fontes consultadas para construção dessas obras estão o Arquivo Público do Estado de São Paulo, Arquivo Nacional, Brasil: Nunca Mais digit@l, Memorial da Resistência de São Paulo, Centro de Documentação e Memória da Unesp, Instituto Vladimir Herzog, Museu do Índio, Sesc Memórias, Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) - Unifesp, Fundación Augusto y León Ferrari Arte y Acervo, entre outros centros de memória, arquivos, institutos e fundações. Seu desenvolvimento partiu de temas específicos, norteado pelas questões: “como construir um arquivo?”, “como torná-lo público?” e “como falar do trauma?”.
Todo o conjunto foi reunido em um projeto arquitetônico desenvolvido por Anna Ferrari, cujas estruturas metálicas aparentes atravessam o galpão expositivo do Sesc Belenzinho, fixadas entre o piso e o teto, enquadrando as obras e suas superfícies em madeira. A estrutura sem paredes permite a sobreposição das histórias ali apresentadas e faz referência ao mobiliário arquivístico e escolar.
A exposição conta também com o Espaço de Pesquisa Meta-Arquivo, que disponibiliza ao público a consulta dos livros, documentos e referências levantados durante o processo de pesquisa dos artistas. Esse material, coletado pelo grupo de trabalho, foi reunido pela curadoria em dossiês e organizado como uma pequena biblioteca.
Os temas abordados ao longo do período expositivo serão complementados com os Programas Públicos, formados por uma série de atividades propostas para aprofundamento e reflexão acerca das pesquisas realizadas pelos artistas presentes em Meta-Arquivo: 1964-1985, e a Programação Integrada que, de agosto a novembro, traz atividades diversas que dialogam com os assuntos abordados pela exposição.
AS OBRAS
Ana Vaz, na obra Apiyemiyekî? [Por quê?], aborda questões como a marcha para o centro-oeste e o genocídio do povo Waimiri-Atroari, durante a década de 1970, quando suas terras foram invadidas para a construção da BR 174 (rodovia que liga Manaus-AM à Boa Vista-RR) e instalação de uma mineradora. A obra, criada a partir de filme em 16mm e transferida para vídeo, destaca ilustrações criadas pelos indígenas sobre o período.
Giselle Beiguelman com a instalação Gaveta de Ossos (áudio e jato de tinta sobre papel algodão) reflete sobre as histórias reveladas pela medicina forense e seus procedimentos na busca de mortos e desaparecidos. Tal trabalho é reflexo do acompanhamento do grupo de trabalho sobre a Vala de Perus, descoberta no Cemitério Dom Bosco, em 1990, com 1.047 ossadas enterradas clandestinamente. A obra é complementada por Perguntas às Pedras, Série 2 (neon), jogo no qual se interroga: “O que você esqueceu de esquecer?”, “o que você esqueceu de lembrar?”, “o que você lembrou de esquecer?” e “o que você lembrou de lembrar?”. Ainda na exposição, e problematizando questões sobre arte, arquivo e história, a artista apresenta a publicação Impulso Historiográfico (impressão offset, 50 pps) uma tradução, em forma de paráfrase, do texto ainda inédito em português, “An Archival Impulse”, de Hal Foster, publicado na revista estadunidense de crítica de arte October.
O Grupo Contrafilé traz a obra Escola de Testemunhos, com um espaço formado por uma mesa-lousa redonda, quinze cadeiras escolares e fones de ouvido, onde serão reproduzidos relatos pertencentes ao arquivo do programa Coleta Regular de Testemunhos - projeto do Memorial da Resistência de São Paulo para ampliar o conhecimento sobre a história do DEOPS - Departamento Estadual de Ordem Política e Social. Tais testemunhos partem de ex-presos e perseguidos políticos, de familiares de mortos e desaparecidos ou de trabalhadores e frequentadores dessa instituição.
Ícaro Lira apresenta Crítica Radical, uma estrutura biográfica formada a partir de fotos, recortes de jornais, áudio, objetos e vídeo que revisita a memória viva do grupo cearense, cuja alcunha dá nome a sua obra. Formado em Fortaleza em 1973, o Crítica Radical teve importante papel na fundação do Movimento Feminino pela Anistia, nos anos 1970, essencial para a formulação da Lei de Anistia, de 1979 (Lei nº 6.683/79). Várias integrantes do movimento fundaram, posteriormente, a União das Mulheres Cearenses, ainda ativa, que luta contra a violência de gênero, contra o feminicídio e pela solidariedade às vítimas de violência e suas famílias.
Mabe Bethônico, com a obra Elite Mineral [Gabinete de Aprendizado] traz, por meio de impressos e vídeos, o estudo da atuação de empresas mineradoras no período da Ditadura Civil Militar e a memória do evento Semana Popular em Defesa ao Minério, realizada na década de 1960, em Minas Gerais. O trabalho toma a forma de um “gabinete de aprendizado” para transmissão de conteúdos, buscando resgatar meios pedagógicos dos anos 1960, como cartilhas e cartazes, tomando como referência materiais do programa de alfabetização de adultos do Movimento de Educação de Base, elaboradas em convênio com o Ministério da Educação (MEC), que visava educar o adulto para exercer seus direitos, além de ensinar a escrever.
O grupo inteiro, formado por Carol Tonetti, Cláudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor César discute os sistemas de informação e vigilância do Estado. Com referências ao conto Na Colônia Penal (1914), de Franz Kafka, a peça instalativa Texto-Tecido-Teia, em tricô e metal, parte de palavras/ações/verbos encontrados nas apostilas de formação dos agentes do Serviço Nacional de Informações - SNI, órgão criado em 1964 para controlar as atividades de informação e contrainformação no Brasil e no exterior, visando à segurança nacional. Palavras como nomear, infiltrar, manipular e interrogar fazem parte do universo vocabular da obra.
A semântica dos inquéritos policiais e a criminalização de negros e negras são tratadas por Paulo Nazareth na obra Inquérito, que apresenta uma leitura de inquéritos policiais, gravados em colaboração com os artistas Michelle Matiuzzi e Ricardo Aleixo. No espaço, estará disposta a série de desenhos de Nazareth, denominadas Histórico do Camburão, com representações desse automóvel e a série de fotografias Autorretrato com os Mortos.
Rafael Pagatini, com a instalação Tecituras, traz imagens que abordam as relações entre o setor cultural e a esfera política durante o período da ditadura, as histórias e mecanismos de colaboração entre o universo cultural e o regime ditatorial, e de como se desenvolveram e se financiaram as instituições de arte nesse período. A obra é um desdobramento da pesquisa que realizou nos arquivos do Centro de Pesquisa e Biblioteca do Masp, Centro de Documentação da Pinacoteca de São Paulo e Acervo do Memórias do Sesc.
Arma da Crítica / Orientação para a Prática, obra desenvolvida por Traplev, partiu de extensa pesquisa em arquivos, como do Brasil: nunca mais (1979-1985), projeto realizado clandestinamente pela sociedade civil, por iniciativa do Conselho Mundial de Igrejas e da Arquidiocese de São Paulo, que se debruçou nas mais de 850 mil páginas de processos do Superior Tribunal Militar. O nome da instalação traz dois títulos de documentos do MR8, de 1970, e apresenta dois painéis, em lados opostos, com organogramas pertencentes ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS): um sobre organizações de esquerda e outro sobre órgãos de repressão. Traplev também apresenta Antimonumento para Anísio Teixeira (2018), que traça linha histórica a partir da Escola Parque Anísio Teixeira.
PROGRAMAS PÚBLICOS
Ao longo do período expositivo, diversas atividades serão propostas para aprofundamento das temáticas apresentadas na exposição Meta-Arquivo: 1964-1985. No dia 22 de agosto, quinta, às 18h, o bate-papo Encontro com Artistas – Apresentação dos Processos de Pesquisa marca o encerramento do Grupo de Trabalho Meta-Arquivo, com participação de Ana Pato e de todos os artistas envolvidos na exposição, e apresentação de seus processos de pesquisa ao longo da produção das obras.
Ainda no dia 22, ocasião da abertura da exposição, Paulo Nazareth apresenta, às 20h30, a performance Inquérito, ação na qual reproduzirá, a partir de uma matriz em pedra de litogravura, um documento dos militantes do Comando Nacional da VAR-Palmares encontrado em um “aparelho”, que ensina como sobreviver à tortura. Um escrivão aposentado, em uma mesa de delegacia, datilografará o documento que ficará exposto como resíduo da ação.
No dia 24 de agosto, sábado, às 15h, haverá o encontro Memória e Resistência, com o artista Ícaro Lira e o grupo Crítica Radical (CE), representado pelas integrantes Rosa da Fonseca, Maria Luiza Fontenele e Jorge Paiva, que se reúnem para uma fala pública; às 16h30, o encontro Memória e Resistência com Traplev e a escritora, feminista e membra da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos Amelinha Teles, que abordam a memória das organizações clandestinas do período de 1960-1970 que lutaram contra a ditadura militar no Brasil; já às 18h, o encontro Mineração e Ditadura, que traz uma aula pública com Mabe Bethônico. A partir de pesquisa sobre a atuação de empresas mineradoras durante a ditadura militar brasileira, Mabe Bethônico, em colaboração com o artista Victor Galvão, apresenta uma aula pública com a convidada Ana Carolina Reginatto Moraes, doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a tese A Ditadura Empresarial-militar e as Mineradoras (1964-1988).
A programação segue até o fim de novembro com as atividades
Escola de Testemunho (dias 7/9, 5/10 e 9/11, sábados, 16h): Aula-performance com o Grupo Contrafilé e convidados. Em três encontros, os integrantes do Grupo Contrafilé realizam conversas abertas entre o público e os depoentes da Coleta Regular de Testemunhos, iniciativa do Memorial da Resistência.
Impulso Historiográfico (dias 7/9 e 23/11, sábados, 18h): Aula-performance com Giselle Beiguelman e lançamento de livro. Giselle Beiguelman toma como ponto de partida o texto, ainda inédito em português, An Archival Impulse, de Hal Foster, publicado na revista estadunidense de crítica de arte October. Beiguelman propõe uma tradução, em forma de paráfrase e fac-símile, indagando, a partir da obra dos brasileiros Bruno Moreschi, Bianca Turner e Tiago Sant’ana, o impulso historiográfico, que levaria os artistas do Sul Global contemporâneo de volta à história e ao (re)processamento dos documentos.
A Ditadura nos Vernissages: Construção Hegemônica e Relações de Controle em Espaços Culturais de São Paulo (dia 5/10, sábado, 18h): Encontro com Rafael Pagatini e Paulo César Gomes, historiador e autor do livro Liberdade Vigiada - as Relações entre a Ditadura Militar Brasileira e o Governo Francês.
Memória e Resistência (dia 9/11, sábado, 18h): Encontro com Traplev e Marília Bonas.
A partir de sua pesquisa sobre a memória das organizações clandestinas do período de 1960 a 1970 que lutaram contra a Ditadura Civil Militar no Brasil, Traplev propõe uma conversa com Marília Bonas, historiadora e coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo.
PROGRAMAÇÃO INTEGRADA
Dentre as atividades que dialogam com a exposição, o Sesc Belenzinho apresenta a temporada do espetáculo teatral Comum, do Grupo Pandora de Teatro, de 30 de agosto a 15 de setembro, com histórias ligadas à descoberta de uma vala comum clandestina, criada no período da Ditadura Militar Brasileira. Com texto e direção de Lucas Vitorino, o enredo traz a busca de um filho por informações de seus pais desaparecidos políticos, o dilema de dois coveiros encarregados da criação de uma vala e uma jovem estudante que se aproxima do ativismo político, em três períodos históricos diferentes, entre 1970 e 1990.
De 30 de agosto a 8 de setembro, a Cia Estável de Teatro apresenta o espetáculo Patética que, por meio de estética circense, reflete sobre as circunstâncias e o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog (1937-1975), morto nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna) em outubro de 1975. O texto foi escrito um ano depois de seu falecimento, por seu cunhado e também dramaturgo João Ribeiro Chaves Neto.
De 11 de setembro a 2 de outubro, o curso O Documentário como Arquivo da Ditadura, ministrado por Liniane Haag Brum, aborda a história política contemporânea por meio da linguagem audiovisual e cinematográfica, propondo o arquivo como conceito transdisciplinar e como método.
Por fim, haverá a exibição de quatro filmes originalmente censurados durante o período da ditadura: em 10 de setembro, O Bandido Da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, Brasil, 1968); em 17 de setembro, Eles não Usam Black‑Tie (Leon Hirszman, Brasil, 1981); em 24 de setembro, Pra Frente, Brasil (Roberto Farias, Brasil, 1982) e, em 1º de outubro, Cabra Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho, Brasil, 1984).
SOBRE O MEMORIAL DA RESISTÊNCIA
O Memorial da Resistência de São Paulo é uma instituição de memória política constituída a partir de parceria entre sociedade civil organizada e Estado. Seu trabalho consiste na preservação de referências das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano (1889 à atualidade), na valorização da democracia e dos Direitos Humanos por meio de suas pesquisas, exposições e ações educativas. É gerido pela Associação Pinacoteca Arte e Cultura e localizado na Estação Pinacoteca, antigo edifício do Departamento de Ordem Política e Social - Deops-SP. O Memorial da Resistência é uma Organização Social da Cultura, vinculado à Associação Pinacoteca Arte e Cultura – APAC. Desde 2009, é Membro Institucional da Coalizão Internacional de Sítios de Consciência, uma rede mundial que agrega instituições em lugares históricos dedicados à preservação das memórias de eventos passados de luta pela justiça.
SOBRE A CURADORIA
Ana Pato (São Paulo, SP) é curadora, pesquisadora e professora. Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (2017), mestra em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (2011), bacharel em Comunicação Social pela Fundação Armando Alvares Penteado (1994) e possui especialização em Gestão da Cultura pela Fundação Getúlio Vargas (1996). Desde 2009 investiga a relação entre arte contemporânea e arquivo.
É autora do livro Literatura Expandida: o Arquivo e a Citação na Obra de Dominique Gonzalez-Foerster, de 2013, lançado pelas Edições Sesc. Pato foi curadora-chefe da 3ª Bienal da Bahia (Salvador, 2014) e foi diretora da Associação Cultural Videobrasil, onde trabalhou entre 2000 e 2012. Dentre os principais projetos que ela coordenou no Videobrasil estão o banco de dados on-line do Acervo Videobrasil e a direção executiva das exposições dos artistas Sophie Calle (2009), Joseph Beuys (2010), Olafur Eliasson (2011) e Isaac Julien (2012), além de quatro edições do Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2001, 2005, 2007 e 2011) e duas exposições dedicadas à arte contemporânea africana (2000 e 2005). Em 2017 integrou o grupo de curadores convidados do 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.
SOBRE OS ARTISTAS
Ana Vaz (Brasília, DF) - Em filmes, instalações e performances, Ana Vaz explora as relações entre ambientes, territórios e histórias. Com associações entre imagens, sons e textos, seus trabalhos propõem uma experiência corporal e subjetiva do estar no mundo. Participou de mostras em instituições como Tate Modern (Londres - Reino Unido), Palais de Tokyo (Paris - França), Jeu de Paume (Paris - França), Cinéma du Réel (Paris - França), New York Film Festival (Nova York - EUA), Festival Sesc_Videobrasil (São Paulo) e outras.
Giselle Beiguelman (São Paulo, SP) - Artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP). Pesquisa preservação de arte digital, arte e ativismo na cidade em rede e as estéticas da memória no século 21. Desenvolve intervenções artísticas no espaço público e com mídias digitais. Entre seus projetos artísticos recentes destacam-se Odiolândia (2017); Memória da Amnésia (2015); e as exposições individuais Monumento nenhum (2019), Cinema Lascado e Quanto pesa uma Nuvem? (2016). É autora de Memória da Amnésia: Políticas do Esquecimento (Edições Sesc, 2019), entre outros livros, artigos e ensaios.
Grupo Contrafilé (São Paulo, SP) - Grupo Contrafilé é um coletivo transdisciplinar, formado por Cibele Lucena, Joana Zatz Mussi e Rafael Leona, que investiga as possíveis relações entre arte, política e educação e indaga como essas relações ampliam o direito à produção criativa da/na cidade. Entre seus projetos, destacam-se: Programa para a Descatracalização da própria Vida (2004); A Rebelião das Crianças (2005), que deu origem a Parque para Brincar e Pensar (2011), e a Quintal (2013); A Árvore-escola (2014); A Batalha do Vivo (2016). O grupo participou de mostras como Arte-Veículo (Sesc, 2018/2019); Talking to Action (Art, Pedagogy and Activism in the Americas, Los Angeles, Chicago, Nova York, 2017-2019); Playgrounds 2016 (MASP, 2016); 31ª Bienal de São Paulo (2014); Radical Education (Eslovênia, 2008); If You See Something Say Something (Austrália, 2007); La Normalidad (Argentina, 2006); e Collective Creativity (Alemanha, 2005).
Ícaro Lira (Fortaleza, CE) - Ícaro Lira investiga as implicações e os desdobramentos de atos políticos e históricos da história brasileira através de um trabalho documental, arquivista, arqueológico e de ficção. Suas exposições apresentam estruturas similares a pequenos “museus”, onde reúne fragmentos esquecidos, produzindo um sistema de objetos que articula materiais artísticos e não artísticos, e um conjunto de ações, não necessariamente confinadas a um objeto, mas dispersas em exposições, livros, oficinas, debates e caminhadas. Em 2013, recebeu o prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio do Iphan.
Mabe Bethônico (Belo Horizonte, MG) - É artista-pesquisadora, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, com doutorado pelo Royal College of Art (Londres - Reino Unido). Trabalha a partir de materiais de arquivo, construindo ficções, viabilizando debates. Lida com os limites entre documentação e construção, evidenciando como a informação pode ser construída e retrabalhada continuamente. Na forma de jornal, pôster, website, palestra e instalação, seu trabalho foi exibido em mostras como as 27ª e 28ª edições da Bienal de São Paulo, Museu da Pampulha, Centre de la Photographie (Genebra - Suíça), Museo de Antioquia (Medellín – Colômbia), Kunstverein Muenchen (Munique - Alemanha), hmkv (Dortmund - Alemanha) e Kunsthal Aahus (Aahus - Dinamarca), entre outros.
O grupo inteiro (São Paulo, SP) - Composto por Carol Tonetti, Cláudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor Cesar, reúne, desde 2014, diferentes formações e práticas - nos campos da arquitetura, design, arte, comunicação, aprendizagem e tecnologia - que convergem, estabelecem correspondências e se expandem. Os projetos realizados pelo grupo incluem: Condutores (Masp e Sesc Interlagos, 2016); Manejo, em colaboração com Jorge Menna Barreto (32ª Bienal de São Paulo, 2016); Campos de Preposições (Sesc Ipiranga, 2016); Octopus (Sesc Belenzinho, 2018); e Correspondence (Pro- Helvetia/FAR°/Collège de Marens, Suíça).
Paulo Nazareth (Governador Valadares, MG) - O trabalho de performance e instalação de Paulo Nazareth explora, com frequência, suas raízes africanas e indígenas. Sua caminhada-performance representa um questionamento lento e em tempo real de sua própria experiência e daquela dos indivíduos que encontra, traçando uma sutil matriz de conexões que vincula pessoas, comunidades e histórias compartilhadas. Ganhou o Prêmio MASP de Artes Visuais (2012). Seu trabalho já foi apresentado em mostras individuais e coletivas ao redor do mundo. Sua obra integra as coleções Boros Collection (Alemanha), Thyssen-Bornemisza Art (Áustria), Pinault Collection (França), Rubbel Family Collection (EUA), Coleção Banco Itaú, MAM São Paulo e Pinacoteca de São Paulo.
Rafael Pagatini (Caxias do Sul, RS) - É professor e pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo. Seu trabalho faz uso principalmente de mídias associadas a linguagens da gravura e fotografia. Investiga as relações entre arte, memória e política. Realizou projetos como Retrato Oficial (2017); Manipulações, DOPS (série Movimentos religiosos) e Camadas e Grito Surdo (2016); e Bem-vindo, Presidente! (2015-2016), a partir de pesquisas nos arquivos do DOPS do Espírito Santo. Entre suas exposições, estão Fissuras (2016), Conversas com a Paisagem (2014), Rumos Itaú Cultural (2013) e Em Suspensão (2012). Recebeu o Prêmio Energias Artes Visuais, Bolsa Estímulo à Produção em Artes Visuais (Funarte), Bolsa Iberê Camargo e V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.
Traplev (Caçador, SC) - Em pesquisas sobre outras formas de narrar os acontecimentos políticos, o artista discute as estratégias de comunicação da grande mídia, a partir da apropriação e da interferência gráfica em material jornalístico e notícias compartilhadas em redes sociais. É editor geral e cofundador da publicação Recibo, com mais de 74 mil exemplares distribuídos gratuitamente de 2002 a 2016. Entre as exposições recentes, destacam-se as Individuais Novas Bandeiras entre Almofadas Pedagógicas, na Sé Galeria, e Sistemas de Estruturas e Elementos de Fachada, Sala 7, na Galeria Fayga Ostrower em Brasília (DF) / Funarte, e as coletivas Mitomotim, no Galpão Videobrasil, e Trienal Frestas de Arte Contemporânea, em Sorocaba (SP).
SOBRE O SESC SÃO PAULO
Mantido pelos empresários do comércio de bens, turismo e serviços, o Sesc - Serviço Social do Comércio é uma entidade privada que tem como objetivo proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida aos trabalhadores deste setor e sua família. Sua base conceitual é a Carta da Paz Social e sua ação é fruto de um sólido projeto cultural e educativo que trouxe, desde a criação pelo empresariado do comércio e serviços em 1946, a marca da inovação e da transformação social.
Ao longo destes mais de 70 anos, o Sesc inovou ao introduzir novos modelos de ação cultural e sublinhou, na década de 1980, a educação como pressuposto para a transformação social. A concretização desse propósito se deu por uma intensa atuação no campo da cultura e suas diferentes manifestações, destinadas a todos os públicos, em diversas faixas etárias e estratos sociais. Isso não significa apenas oferecer uma grande diversidade de eventos, mas efetivamente contribuir para experiências mais duradouras e significativas.
No estado de São Paulo, o Sesc conta com uma rede de 40 unidades operacionais – centros destinados à cultura, ao esporte, à saúde e à alimentação, ao desenvolvimento infantojuvenil, à terceira idade, ao turismo social e a demais áreas de atuação. Este patrimônio forma um conjunto arquitetônico de múltiplas linguagens e influências, constituído a partir da contribuição de nomes como Lina Bo Bardi, autora do Sesc Pompeia, e Paulo Mendes da Rocha, responsável pelo Sesc 24 de Maio.