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agosto 9, 2019
Korakrit Arunanondchai na Jaqueline Martins, São Paulo
Em projeto especial, Galeria Jaqueline Martins apresenta instalação do artista tailandês Korakrit Arunanondchai, simultaneamente à sua participação na 58ª Bienal de Veneza. A apresentação é a segunda etapa de um projeto compartilhado com a galeria Carlos/Ishikawa, Londres. No início do mês, a galeria inglesa recebeu uma exposição de Ana Mazzei, artista representada pela Galeria Jaqueline Martins.
Artista visual e cineasta, Korakrit Arunanondchai (Bangkok, 1986) vem ganhando fama internacional ao utilizar-se de diversas mídias para contar histórias que com frequência questionam nossa relação com o hibridismo cultural que tenciona a sociedade contemporânea. Dentro desta pesquisa, o artista desenvolve trabalhos que unem ficção e realidade, oferecendo ao observador instalações e vídeos sinestésicos protagonizados tanto por amigos e familiares do artista, quanto por personagens e mitos do imaginário oriental.
A videoinstalação apresentada na exposição, with history in a room filled with people with funny names 4, trás ao público homenagens e questionamentos ligados ao poder do tempo e da memória humana. Utilizando-se de cenas que combinam documentário e especulação autoral, o artista aborda a crescente contradição entre a subjetividade necessária para contextualizar as imagens que compõe nossa memoria e a racionalidade da tecnologia que criamos para armazena-la. O que acontece com nossas memórias quando são guardadas em máquinas impessoais? Poderiam elas ganhar novas significados, influenciados pela tecnologia que as protege?
Ao longo do vídeo, uma atmosfera de sonho mostra o artista acompanhado por animais e visitando reservas naturais e templos budistas. Apesar de retratados com frequência, espaços religiosos aparecem aqui mais como templos de um suposto falso moralismo do que como casas de salvação. Clipes de recentes manifestações políticas também são mostrados pelo artista. Nestes momentos de tensão, tendemos a retornar aos nossos corpos, à experiência urgente do presente. Todos estes espaços e elementos contribuem para que o vídeo tenha uma temporalidade vaga e incerta, questionando a contagem de tempo rígida e burocrática que compartilhamos como sociedade produtiva.
O trabalho de Arunanondchai participa este ano da 58ª Bienal de Veneza, assim como da Whitney Biennial em Nova York e da Bienal de Singapura. O artista participa também de importantes exposições institucionais na Secession, Viena, e no Hamburger Banhoff, Berlim.