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julho 30, 2019

Janaina Tschäpe no Fortes D’Aloia & Gabriel - Galpão, São Paulo

Janaina Tschäpe retorna a São Paulo com Mapping the Unattainable, sua sétima exposição na Fortes D’Aloia & Gabriel. A artista ocupa o amplo espaço do Galpão com pinturas inéditas em grande formato. Ainda que essencialmente abstratas, as pinturas arquitetam uma paisagem que se projeta da psique para a natureza, e nela se espelha simultaneamente.

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Fruto de intensa observação da cor e profunda sensibilidade às passagens de luz, as obras se impõem de início como uma experiência sinestésica. Ao ritmo potente da gestualidade larga da pintura em caseína, se sobrepõem elementos desenhados com lápis de cor aquarelável que lhe emprestam temas melodiosos. “Minha pintura nasce das minhas observações, que podem ser da natureza, mas também da imaginação; ambas sempre andam juntas. Para mim, tudo tem cores, as vogais, os tons musicais, os números, as palavras”.

Um entrelace entre memória, ficção pessoal e literatura empresta aos títulos narrativas que guiam o espectador por essas paisagens. As obras After Nodding Violets (2019) e Purple Forest Roam (2019) tomam seus títulos de uma passagem de Sonho de uma Noite de Verão de Shakespeare, referindo-se às flores violetas que brotam no campo. Na primeira pintura, a trama intrincada e translúcida se sobrepõe à pele da pintura como uma renda. Na segunda, a cor dominante se desfaz sobre um fundo verde opaco, num movimento líquido. Já Radiant Hues of Paradise (2019) toma seu título de um verso do Fausto de Goethe. O romantismo perpassa o léxico de Tschäpe já no início do seu trabalho em fotografias e vídeos. In Search of the Miraculous (after Bas Jan Ader) (2019) flerta também com ideais românticos num tributo ao artista conceitual que, em 1975, desapareceu após zarpar sozinho da costa de Massachusetts num pequeno barco à vela. Essa busca, ou o mapeamento de algo inatingível, como o título da exposição indica, se confunde com a própria atividade da pintura. Se nas telas tudo parece estar em fluxo permanente, é curioso notar como em cada uma delas existe um estado de alerta, uma atenção ao detalhe que faz com que cada encontro com a tela seja de fato uma experiência única.

Nascida em Munique e criada em São Paulo, Janaina Tschäpe (1973) estudou Belas Artes no Hochschule fur Bilende Kuenste em Hamburgo e é mestre em Belas Artes pela School of Visual Arts de Nova York, onde vive desde 1998. Em 2020, tem individuais programadas no Sarasota Art Museum (Flórida) e no Musée de l’Orangerie (Paris), onde suas pinturas e uma videoinstalação serão mostradas frente a frente às Ninfeias de Monet. Seus projetos recentes incluem um painel de 20 metros para o SESC Guarulhos, inaugurado em maio deste ano. Ela também participa da coletiva Live Dangerously no National Museum of Women in the Arts (Washington, D.C.), que inaugura em setembro, onde será exibido pela primeira vez o conjunto completo de sua série de fotografias 100 Little Deaths (1996–2002). Destacam-se ainda suas exposições individuais em: Museum of Contemporary Art Tucson (Tucson, 2014); Kasama Nichido Museum of Art (Kasama, 2009); Irish Museum of Modern Art (Dublin, 2008). Sua obra está presente em importantes coleções como: Solomon R. Guggenheim Museum (Nova York), Centre Pompidou (Paris), Moderna Museet (Estocolmo), Museo Reina Sofía (Madri), TBA21 (Viena), Inhotim (Brumadinho), MAM Rio de Janeiro, entre outras.


Janaina Tschäpe returns to São Paulo with Mapping the Unattainable, her seventh exhibition at Fortes D’Aloia & Gabriel. The artist occupies the wide space of Galpão with new large-format paintings. Although essentially abstract, the paintings design a landscape simultaneously projecting and reflecting itself from psyche to nature.

Resulting from an intense observation of color and acute sensitivity to light transitions, the paintings emerge at first as a synesthetic experience. Following the pace of her wide powerful brush strokes of casein paint, several watercolor pencil elements overlay the canvases to grant them melodious themes. “My painting arises out of my observations, which can be observations of nature or from fantasy just as well; the two always go together for me. I consider everything to have color: vowels, tones, numbers, words”.

An interlace of memory, personal fiction and literature grants the titles narratives that guide the viewer through these landscapes. After Nodding Violets (2019) and Purple Forest Roam (2019) borrow their titles from an excerpt of Shakespeare’s A Midsummer Night’s Dream, referring to the violet flowers that bloom in the field. On the former an intricate translucent weave overlays the painting’s skin like lace. On the latter the dominant color dissolves onto an opaque green background in a liquid motion. Radiant Hues of Paradise (2019) is a quote from Goethe’s Faust. Romanticism permeates Tschäpe’s lexicon from the very beginning of her career in photographs and videos. In Search of the Miraculous (after Bas Jan Ader) (2019) also flirts with romantic ideals in a tribute to the conceptual artist who, in 1975, has vanished after sailing away alone from the Massachusetts coast on a little boat. As the exhibition title hints, this quest for or mapping of something unattainable merges with the painting practice itself. While on canvas everything seems to be on constant flow, it’s interesting to notice the alertness and attention to detail present in each one of them, which makes each encounter with the canvas a unique experience.

Born in Münich and raised in São Paulo, Janaina Tschäpe (1973) has studied fine arts at Hochschule fur Bilende Kuenste in Hamburg and holds a Masters in Fine Arts from the School of Visual Arts in New York, where she lives since 1998. She has solo shows scheduled for 2020 at the Sarasota Art Museum (Florida) and at Musée de l’Orangerie (Paris), where her paintings and a video installation will be displayed across from Monet’s Water Lilies. Her most recent projects include a 65ft mural for SESC Guarulhos, inaugurated last May. In September she will also take part in the group show Live Dangerously at the National Museum of Women in the Arts (Washington, D.C.), where the complete set of her photographic series 100 Little Deaths (1996–2002) will be displayed for the first time. Highlights of her solo shows include: Museum of Contemporary Art Tucson (Tucson, 2014); Kasama Nichido Museum of Art (Kasama, 2009); Irish Museum of Modern Art (Dublin, 2008). Her work is part of important collections such as: Solomon R. Guggenheim Museum (New York), Centre Pompidou (Paris), Moderna Museet (Stockholm), Museo Reina Sofía (Madrid), TBA21 (Vienna), Inhotim (Brumadinho), MAM Rio de Janeiro, among others.

Posted by Patricia Canetti at 8:37 AM