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julho 17, 2019
O Negócio da Alma no Correios, Rio de Janeiro
O Negócio da Alma é uma mostra que reúne um conjunto de 19 artistas e ocupará o terceiro andar do Centro Cultural Correios, no Centro do Rio de Janeiro, de 18/07 até o dia 01/09. Idealizada por Antonio Bokel e com acompanhamento curatorial de Sonia Salcedo del Castillo, a convergência poética desses artistas é uma certa 'artesania', que confere viés intuitivo e/ou espontâneo à técnicas diversas: pinturas, desenhos, esculturas e gravuras.
A exposição contará com artistas brasileiros e internacionais de diferentes backgrounds e propõe um diálogo atemporal entre abstração e figuração, alternando formas e expressões que vão do primitivo ao frescor urbano contemporâneo.
"Me inspirei muito nas questões do modernismo e da arte naif, que tem um ponto em comum. Alguns artistas modernos da época bebiam dessa fonte, da arte primitiva. Então eu, no papel de agregador da Mostra, faço este encontro - da arte primitiva com a contemporânea - com artistas que tem esta inspiração. Eu quero hibridizar, do público não perceber quem é naif ou quem é contemporâneo, tá todo mundo misturado", diz Antonio Bokel.
A ideia da Mostra surgiu de um encontro entre Bokel e o artista Juarez Siqueira há 6 anos, onde Juarez, um matuto que produz arte, o presenteou com um tapete de sua autoria. Em troca, deu a Juarez um material de pintura: "Ele foi se desenvolvendo a partir daí, trocamos trabalhos até ele fazer uma exposição na Casa Voa. A forma com que ele encarava a arte, com ingenuidade e despretensão, me tocou muito e percebi que outros artistas, que não eram matutos, também encaravam a arte dessa maneira, menos mercadológica e mais genuína, vinda de dentro", conta Bokel.
"Essa iniciativa, de chamar estas pessoas, se dá sobretudo em relação ao fato delas não terem um nicho específico dentro do circuito. Isso vem ao encontro do convite de outros talentos que não são da ordem visual, mas de um certo engajamento intelectual, como é o caso da Catarina que entrará com uma poesia, e da Patrícia que assumirá o texto crítico. Estes 19 artistas convergem para segmento produtivo por vezes ingênuo, por vezes geométrico e outras abstrato. Na feição do que é apresentado, há um quê de brutalidade, digamos assim. Contudo, é possível fruir essenciais da pura forma nessas obras. No âmbito da história da arte, esse conjunto poderia nos remeter ao grupo CoBrA do Karel Appel ou mais recentemente à Baselitz, por exemplo. O negócio da Alma propõe uma reflexão entre forma e expressão. E o meu papel neste trabalho é o de acompanhar o projeto curatorialmente, ou seja, orientar e editar o que será apresentado", finaliza Sonia Salcedo del Castillo.