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julho 8, 2019
Paulo Vivacqua na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Artista conhecido por sua pesquisa sonora, mostra trabalhos inéditos de sua recente investigação sobre sons e linguagens pré-verbais, em instalações e desenhos.
Anita Schwartz Galeria inaugura no próximo dia 10 de julho a exposição Barbapapa, com trabalhos inéditos do artista Paulo Vivacqua, em um aprofundamento de sua recente pesquisa sobre sons e linguagens pré-verbais. Nascido em 1971, em Vitória, e radicado no Rio de Janeiro, Paulo Vivacqua usa como materiais constantes em seu trabalho alto-falantes e fios. Nos trabalhos que serão exibidos, ele acrescentou novos materiais, como granito, vidro, metais, espelhos, luz negra e cores. “Esta exposição apresenta novas direções do trabalho, a partir de meu interesse maior na formação da linguagem, das palavras, dos estados pré-verbais, os balbucios”, conta. A obra que dá nome à exposição, que ocupa todo o segundo andar expositivo da galeria, é uma instalação em que o artista usa o som como “expressão visual, gesto sonoro, vocal”.
Criados pela arquiteta francesa Annete Tison e pelo professor americano Talus Taylor nos anos 1970, os personagens da família Barbapapa ganharam o mundo a partir da série de desenhos animados transmitida pela televisão, de grande sucesso. Os Barbapapas são simpáticos seres coloridos, “cada um com uma habilidade diferente, que vão mudando de forma, o que tem a ver com meu trabalho”. Na obra sonora “Barbapapa”, Paulo Vivacqua cria desenhos com alto-falantes e fios vermelhos sobre chapas de aço pintadas com tinta automotiva – elementos inéditos –, em que as formas “são mais ovais, como seres imaginários, ou como se uma figura de linguagem se tornasse um ser visual”, e os sons emitidos pelos Barbapapas são derivados da pesquisa recente do artista sobre os sons pré-verbais.
“As vozes, sons, sílabas, expressões vocais, o balbuciar de uma criança, em um ambiente lúdico, evocando um mundo antes da fala, campo mais vasto de sentidos e sensibilidades, que existe, mas está adormecido”, explica. Nas obras, o artista pretende “acordar este mundo de seres imaginários”.
Paulo Vivacqua busca o universo imaterial, em que foge do mundo muito narrativo, muito endereçado, dimensionado. Ele pretende um espaço mais aberto, com um número maior de leituras sobre aquele objeto em um nível mais abstrato. O artista vem aprofundando desde o ano passado sua pesquisa sobre sons vocálicos, iniciada com a fragmentação do som do alfabeto, como “um alfabeto despedaçado, em sons e formas”.
O trabalho é um desdobramento desta pesquisa, em que a linguagem seja geradora de imagens, lúdicas, borrando e diluindo a fronteira entre som e forma.
Debussy Bach Restaurant, a banda sazonal formada por Claudio Monjope & Paulo Vivacqua, apresenta a sua performance instrumental “As Quatro Estações: Inverno”, no terraço da Anita Schwartz Galeria, no próximo dia 31 de julho de 2019, das 18h às 20h. Sonoridades frugais e pequenas músicas alternam momentos efusivos, rítmicos e climas evocativos.
Na performance, os artistas usarão instrumentos eletrônicos, pequenos teclados e dispositivos sonoros dispostos sobre a mesa e amplificados em duas caixas.
MESAS-ESCULTURAS
Ao longo da sala estarão quatro mesas de tamanhos diferentes, como ilhas, com assemblages compostas por vários materiais, em que os alto-falantes estão apenas como objetos visuais. Essas obras congregam elementos que podem ser vistos nos demais trabalhos, como os dez desenhos dispostos nas paredes, da série “Memo”, em que o artista usa blocos de rascunho que pertenciam a seu pai, nos anos 1970. “São como receitas malucas, umas prescrições psicóticas, gestos, desenhos do pensamento”, diz o artista. Ele explica que esta é uma “série aberta”, iniciada em 2009 e que o artista pretende continuar. Uma das mesas contém um “Memo” de vidro, com espelhos e o desenho feito com fio de cobre. Outra tem uma espécie de Barbapapa “cristalizado”, e as demais são dois objetos independentes, esculturas, com alto-falantes, chapas de metal, granito, uma delas com luz negra.
SUBWOOFER
O contêiner no terraço da galeria será usado pela primeira vez como uma gigantesca caixa de ressonância na obra “Sublevação 2”, onde o artista vai colocar subwoofers, criando um jogo de ritmo de sons supergraves, em que o público vai mais sentir do que ouvir este “baixo contínuo, presente na música barroca italiana, um cantochão, um contraponto”, um elemento de ligação para toda a exposição, como uma sinfonia.
SOBRE O ARTISTA
Nascido em 1971, em Vitória, e radicado no Rio de Janeiro, Paulo Vivacqua tem uma presença marcante e constante no circuito nacional da arte e na cena internacional, em exposições em importantes instituições. Suas obras estiveram na 30ª Bienal de São Paulo, e na I Bienal de Montevideo, ambas em 2012, na 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2005, e mais recentemente em uma mostra individual na instituição Van Zijll Langhout, em Amsterdam, em 2015.