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junho 13, 2019
Raúl Díaz Reyes na Galeria Raquel Arnaud, São Paulo
Depois de participar de duas exposições coletivas na Raquel Arnaud, em 2016 e 2017, Raúl Díaz Reyes retorna à galeria para sua primeira individual. Em Vocabulário para fixar vertigens o artista espanhol apresenta objetos bidimensionais produzidos em acrílico colorido – azuis, pretos e vermelhos – que nascem a partir da junção de formas puras geométricas – triângulos, círculos e quadrados – em um procedimento que dá origem a novas configurações. O conjunto lembra uma espécie de glossário de ícones e logos que remete ao universo urbano e publicitário.
Os pequenos objetos são acompanhados daquilo que parecem ser seus moldes, também produzidos em chapas de acrílico emoldurados e sustentados por estruturas de ferro. Contudo, os diminutos acrílicos não se encaixam em suas supostas matrizes, rompendo uma hipotética ordem sugerida pelo conjunto. São todos cortados à laser, o que denota certo aspecto industrial, com acabamento primoroso e delicado.
Segundo Izabella Lenzi, que assina o texto expositivo, a aparência que nos leva a crer na ausência do trabalho manual não impede o diálogo entre a produção do artista espanhol com “a experimentação das vanguardas históricas, com a abstração geométrica, com o construtivismo, com o concretismo e o neoconcretismo”. Para Lenzi, os objetos de Reyes estão em permanente redefinição. “As peças de Raúl encontram-se neste terreno, ‘entre’. São quase-pinturas, quase-palavras ou quase-letras que sintetizam e materializam signos presentes na cultura visual contemporânea, na sinalética das cidades e na história da arte. Nesta obra, cruzam-se referências ou contaminações sem citações explícitas e específicas de distintas épocas e procedências”, conclui.
Raúl Díaz Reyes (Madri, 1977) vive e trabalha entre Madri e São Paulo. Seu trabalho rompe as fronteiras entre as disciplinas, levando-nos a uma contemporaneidade decisiva, na qual todas as línguas se afastam do padrão e nos convidam a criar um visual panorâmico de nosso entorno. A união que se estabelece com a arquitetura e a mistura de materiais nos fala das cidades em relação com seus habitantes como sistemas dinâmicos em constante movimento e alteração. Desta forma, não há limites dimensionais, nem leis técnicas: a fotografia é contemplada como uma escultura, e a pintura entra nela. Os resultados dessa reflexão sobre a cidade como lugar de interação e mudança questionam modelos de exibição, alteram códigos e geram novas paisagens com múltiplas possibilidades.
Especialista em gravura pela Escola de Arte nº10 de Madri, Reyes já teve seu trabalho exibido em diferentes lugares entre os quais se destacam, Ponce + Robles, Madri; Osnova, Moscou; Raquel Arnaud, São Paulo; LMCC (Lower Manhattan Cultural Council), Nova Iorque, 3 + 1 Arte Contemporânea, Lisboa; MATADERO MADRID, Madri; Pelaires, Maiorca; Ana Mas Projects, Barcelona; Círculo de Belas Artes, Madri; PIVÔ, São Paulo; Calcografía Nacional, Madri; Biblioteca Nacional, Madri; Emma Thomas, São Paulo; CENTRO CENTRO, Madri; Espacio DAFO, Lleida, + R Galeria, Barcelona; IED, Madri, Ele também participou de feiras internacionais de arte, tais como: ARCO, Madri; VOLTA, Basileia, SP Arte, São Paulo, PARC, Lima e Cosmoscow, Moscou.