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junho 13, 2019
Julio Villani na Galeria Raquel Arnaud, São Paulo
Se na exposição exibida em 2016 na Galeria Raquel Arnaud os desenhos e pinturas repletos de linhas verticais e diagonais revelavam o apuro de sua geometria, em Alinhavai Júlio Villani apresenta, além de pinturas (acrílica, carvão e kaolin sobre tela) e desenhos, bordados, objetos, esculturas, brinquedos e colagens que envolvem o espectador pela linha, algo tão presente e constante em sua obra. Esta exposição acontece em um ano que começou movimentado para o artista: além de realizar sua primeira exposição individual na galeria RX de Paris, participa, desde 24 de maio, da exposição coletiva “... Et l’obscur” (… E o obscuro), na Abadia de Thoronet, na Provence, edifício utilizado pelo Palais de Tokyo como espaço para exposições contemporâneas.
Em Alinhavai que apresenta na Raquel Arnaud, simultaneamente a sua outra individual na cidade, Por um fio, na Galeria Estação, Villani traz algumas pinturas recentes de grande formato da série Collapsible architecture. A ideia de desequilíbrio permeia os trabalhos, de tal forma que, para o artista, a retirada de uma linha poderia levar ao desmoronamento de toda a estrutura. Estão presentes, também, os Tamboretes, esculturas de madeira que reapresentam em escala aumentada o que no início eram diminutas montagens de objetos. Os bordados costurados sobre antigos lençóis garimpados em mercados de pulgas parisienses, que não eram apresentados no Brasil desde sua exposição na Pinacoteca em 2002, também estão na mostra, que conta ainda com esculturas em metal e seus divertidos brinquedos.
Segundo Samuel Titan, que assina o texto expositivo, os fios e linhas que Villani traça (estica, pendura, estende) servem antes para ligar (vincular, amarrar, enlaçar), para sugerir constelações de seres, formas, regiões da experiência que pareciam apartadas até então. “Constelações, não construções: avessas às hierarquias, elas são movidas pela memória e pelo erotismo, que não se fazem de rogados para alterar dimensões e finalidades, desalinhar o alinhado, converter a escrita em desenho, redimir os restos das coisas, conferindo-lhes uma nova vida, ao mesmo tempo instável e superlativa – muitas vezes, literalmente pendurada por um fio”, completa Titan.
Júlio Villani (Marilia, 1956) vive e trabalha entre Paris e São Paulo. Cursou artes Plásticas na FAAP, na Watford School of Arts de Londres e na École Nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris. Seu trabalho foi apresentado em exposições no MAM de Paris, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador; SESC; Centro de Arte Reina Sofia, Madri, Museo del Barrio, Nova York.
Entre suas individuais: Musée des Beaux-Arts de Agen, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centre d’Art Contemporain 10 Neuf de Montbéliard; Musée de Dieppe; Casa França Brasil e Paço Imperial, Rio de Janeiro; Musée Zadkine, Paris. Presente nos acervos do Fonds National d’Art Contemporain/Ministère de la Culture; Musées de la Ville de Paris; Maison de l’Amérique Latine, Paris; Fondation Daniella Chappard, Venezuela; SESC; Manufacture des Gobelins/Mobilier National, Paris. Em 2008 fez sua primeira individual na Galeria Raquel Arnaud, que o representa desde então.