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maio 28, 2019
Ernesto Neto: Ativação da obra - Línguas, reverência e oralidade na Pinacoteca, São Paulo
Línguas, reverência e oralidade
O encontro traz como temas as saudações e as formas como nos reverenciamos e reconhecemos, considerando as atualizações da cultura ancestral em um contexto contemporâneo; o conhecimento oral e as tecnologias de resistência através da linguagem.
1 de junho de 2019, sábado, das 11h às 16h
Pinacoteca de São Paulo - Octógono
Praça da Luz 2, Centro, São Paulo, SP
APRESENTAÇÃO
A obra de Ernesto Neto envolve um constante imaginar outras possibilidades de estar no mundo, outros modos de convivência entre as pessoas e delas com o ambiente, a natureza, a espiritualidade. Neste sentido, suas instalações mais recentes têm sido concebidas para acolher celebrações coletivas em reverência à essas esferas a partir de saberes ancestrais.
A instalação inédita Cura Bra Cura Té, concebida por ele especialmente para o Octógono da Pinacoteca, faz referências às diversas culturas que moldaram o Brasil. Essa traz como elemento central uma peça de madeira de três metros de altura, semelhante à um tronco, instrumento oficial de tortura, que simboliza um sistema escravocrata contemporâneo encoberto que, segundo o artista, ainda rege a estrutura econômica nacional e internacional.
Uma de suas extremidades tem como “raiz” um tapete com o mapa territorial do Brasil, rodeado de cores que aludem à mestiçagem nacional. O tronco, oco, foi preenchido por mercadorias que tem sido protagonistas da economia brasileira ao longo da história (açúcar, café, ouro, soja). Suspensa sobre a outra extremidade do tronco, há uma “copa” de crochê em formato de gota carregada de folhas curativas provenientes de culturas indígenas e afro-brasileiras.
Ao longo do período expositivo, o artista propõe uma ativação da obra por meio de quatro ciclos que incluem um “banho”, momento no qual o tronco é envolvido pela gota simulando uma cópula – a fusão entre feminino e masculino – assegurando aos participantes uma restauração energética. Após o ato, o tronco é cortado. Até o fim da exposição, este será eliminado totalmente.
Este corte carrega uma intenção de cura individual, coletiva e histórica, ao fazer referência aos processos de violência e espoliação vividos no país por séculos. Essa cura se vale primordialmente do reconhecimento e do respeito à sabedoria dos povos tradicionais africanos e indígenas.
Todos estão convidados a participar.
PROGRAMAÇÃO
11:00h – Meditação com Mbeji
11:45h – Banho - movimento da obra
12:00h – Fala sobre Alimentação com Fatou Mata + Almoço com EBÉ
14:00h – Apresentação de OZ Guarani
15:00h - Cura com Preta Rara
16:00h – Cura com Cristine Takuá e Papa Guarani
PARTICIPANTES
MBEJI
Coletivo intercultural formado por Ariane Molina (voz, atabaque, congas, cuíca e efeitos) e Dee Macaco (surdo, atabaque e efeitos) cuja pesquisa é dedicada à música e à dança de origem brasileira afro-ameríndia e afro-latina voltada para a reconexão com a ancestralidade através de diálogos rítmicos.
OZ GUARANI
Grupo de rap formado por nativos da Terra Indígena Jaraguá em SP. Criado com objetivo de mostrar as dificuldades vividas pelos jovens indígenas dessa etnia na cidade, seu repertório é cantado em sua língua nativa como forma de resistência e fortalecimento da luta indígena por seus direitos e cultura. Integrantes: Xondaro MC, Mano Glowers, Gizeli Para Mirim e Vlad MC .
CRISTINE TAKUA
Filósofa, educadora e artesã indígena, vive na aldeia do Rio Silveira, onde é professora da Escola Estadual Indígena Txeru Ba’e Kuai’ e auxiliar nos trabalhos espirituais na casa de reza. Também é fundadora e conselheira do Instituto Maracá; representante de São Paulo na Comissão Guarani Yvyrupa (CGY); representante do núcleo de educação indígena dentro da Secretaria de Educação de SP e membro fundadora do FAPISP (Fórum de articulação dos professores indígenas do Estado de SP.
PAPA GUARANI
Carlos Papá Mirim é um líder e cineasta indígena do povo Guarani Mbya. Trabalha há mais de 20 anos com produções audiovisuais com o objetivo de fortalecer e valorizar a cultura guarani mbya por meio da realização de documentários, filmes e oficinas culturais para os jovens. Também atua como líder espiritual em sua comunidade. Vive na aldeia do Rio Silveira, onde participa das decisões coletivas e busca ajudar a sua comunidade a encontrar caminhos para viver melhor. É conselheiro do Instituto Maracá.
PRETA RARA
Preta-Rara é rapper, historiadora, turbanista, modelo e influenciadora digital. Nascida em Santos (SP), lançou o CD Audácia em 2015, e a página “Eu, Empregada Doméstica” no Facebook em 2016, que, com mais de 160 mil seguidores, abriu um novo espaço para o diálogo sobre as condições de trabalho das trabalhadoras domésticas no país. Em 2017 foi a vez da websérie “Nossa Voz Ecoa”, que aborda temática relacionada à cultura e estética negra, racismo, machismo, gordofobia e hip hop. Foram convidadas personalidades como a filósofa Djamila Ribeiro, o rapper Criolo, a MC Soffia, a cantora Liniker, dentre outros.
EBÉ - Escola Brasileira de EcoGastronomia
Escola formada por Daniela Lisboa, especialista em Economia Solidária e Escolas de Alimentação Viva; Cassia Cazita, que tem em experiência em movimentos de ocupação cultural e de rua e Fabiana Sanches, ligada à Articulação Agroecológica e militante do movimento Slow Food. O encontro resultou em projetos como o Convívio Slow Food ComoComo, a primeira grande Campanha de Combate ao Desperdício de Alimentos e o Festival Disco Xêpa 2014. A Ebé desenvolveu um cardápio especial — em parceria com agricultores locais, nutricionistas e chefs indígenas e de origem africana — para o almoço disponível aos participantes da ação.
R$ 20 por pessoa.
Próximos ciclos: 29.06 e 13.07
Programação de cada ciclo será divulgada na semana anterior.
Ernesto Neto - Sopro, Pinacoteca de São Paulo - 31/03/2019 a 15/07/2019