|
maio 22, 2019
Claudia Jaguaribe lança livro na Marcelo Guarnieri, São Paulo
No próximo dia 23 de maio, quinta-feira, às 19h, na Galeria Marcelo Guarnieri (Alameda Lorena 1835, Jardins), a artista visual Claudia Jaguaribe lança “Encontro com Liuba”, livro de fotos e serigrafias que cria uma narrativa visual e um diálogo a partir das obras de Liuba, artista plástica búlgara radicada brasileira. O projeto, produzido especialmente para a trilogia de Jaguaribe sobre mulheres modernistas nas artes no contexto histórico do pós-guerra, é uma extensão autoral da instalação formada por fotografias feitas por Claudia Jaguaribe nos ateliês de Liuba em Paris e em São Paulo.
Nascida na década de 50, período de consagração do modernismo brasileiro, Claudia Jaguaribe propõe em “Encontro com Liuba”, a construção de uma narrativa visual das obras da artista búlgara, que privilegia a imagem como linguagem expressiva dos aspectos da modernidade presentes nas esculturas de Liuba, num diálogo com as questões do mundo contemporâneo. O que permite o encontro dessas duas mulheres artistas, de gerações e linguagens aparentemente diferentes, é o interesse, em ambas, pela tridimensionalidade das obras, a necessidades de ocupar o espaço, sair do plano, e o destaque da abstração do bidimensional.
“As fotografias resultantes desse encontro mostram seres híbridos, mutantes, que retratam a nossa condição de migrantes de diferentes nações, de estados de ser e apoio de sexualidades. A carga dramática dessas formas escultóricas sobrepostas a imagens de hoje acentuam a universalidade das tensões presentes e a dimensão política da nossa condição humana”, analisa Claudia Jaguaribe, que destaca que a tensão, e certo humor, resultantes do trabalho de Liuba figuram desde a fase da figuração plástica ao refinamento abstracionista, e evocam, de maneira muito particular, as vanguardas européias, como o surrealismo e o expressionismo.
Como pontua a autora do projeto no texto de apresentação do livro, trata-se de buscar pelo diálogo das formas, linguagens e conteúdos de duas mulheres artistas - ela e Liuba - a condição político-social do nosso presente histórico; a partir das obras de uma artista imigrante do pós-guerra, o projeto expõe a “equivalências que ressoam no nosso cotidiano ao carregar o passado e o futuro de modo incerto”.
Com apenas 300 exemplares, que serão vendidos exclusivamente na Galeria Marcelo Guarnieri e com a própria artista (R$ 200,00), o projeto integra a trilogia de livros de artistas sobre mulheres estrangeiras, que compuseram o cenário modernista a partir da década de 50 no Brasil. O primeiro volume “No jardim de Lina”, dedicado a arquiteta modernista de origem italiana Lina Bo Bardi, foi lançado em setembro de 2018, com uma exposição na Casa de Vidro, no bairro do Morumbi, em SP. Para o ano de 2020, concluindo a trilogia, Claudia Jaguaribe prepara a edição consagrada à escritora ucraniana, naturalizada brasileira, Clarice Lispector; após o lançamento do último livro, os três volumes serão vendidos numa caixa com edição limitada.
Sobre Liuba (1923 - 2005)
Liuba desenvolveu em seu trabalho uma pesquisa atenciosa sobre o repertório formal dos mundos animal e vegetal e de culturas ancestrais, especialmente as sul-americanas. De 1944 a 1949 estudou com a escultora francesa Germaine Richier, primeiro na Suíça e depois em Paris, onde passou a viver e trabalhar. Em 1949 estabeleceu seu ateliê em São Paulo, mas foi só a partir de 1958 que decidiu viver entre São Paulo e Paris. Participou ativamente do circuito de arte brasileiro, sendo premiada na VII Bienal de São Paulo, em 1963 e integrando também as VIII, IX e XIII edições. Entre as décadas de 1970 e 1980 fez parte de seis edições do Panorama da Arte Brasileira realizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Suas peças evidenciam uma lógica construtiva por meio da articulação entre cheios e vazios, contornos e ritmos, linhas e forças, explorando formas angulosas e enérgicas. O bestiário que construiu ao longo de sua produção carrega um sentido não somente mágico, como também trágico. O grande interesse que tinha a artista pela aproximação de suas esculturas à arquitetura pôde ser reconhecido em 1965, com sua individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Seus "animais" foram dispostos nos jardins do museu, de modo que pudessem dialogar tanto com o prédio, quanto com a área verde, "retornando", enfim àquele que parecia ser o seu habitat natural.
Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint-Paul de Vence na França, do Kunsthalle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de La Sculpture en Plein Air de La Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília, DF.
Sobre Claudia Jaguaribe (1955)
Formada em história da arte, artes plásticas e fotografia pela Boston University (EUA), participa de exposições nos principais museus e galerias do Brasil e no exterior desde 1990. Claudia Jaguaribe desenvolve uma pesquisa que explora a ideia de perspectiva e ponto de vista não só no assunto escolhido ou na maneira de fazer – em Entrevistas, por exemplo, série de fotografias produzidas a partir de conversas e visitas a casas de moradores de diversos bairros e classes sociais da cidade de São Paulo, onde são retratados junto às vistas de suas janelas –, mas também na maneira de exibir – em No Jardim de Lina, sua mais recente exposição na Casa de Vidro, em que dispõe as fotografias que fez do jardim, impressas em superfícies translúcidas, à frente dos grandes vidros que separam o interior da casa ao seu exterior, compondo uma cena de imagens sobrepostas.
Seus trabalhos estão em diversos museus e coleções brasileiras e internacionais tais como Museu de Arte Moderna, São Paulo; Inhotim, Brumadinho; Itaú Cultural, São Paulo; Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro; Victoria and Albert Museum, Londres; Maison Européene de la Photographie, Paris; Instituto Ítalo Latino Americano, Roma entre outros. Tem treze livros publicados e reconhecidos pela singularidade da integração fotográfica e projeto gráfico. Em parceria com Iatã Cannabrava e Claudi Carreras fundou, em 2013, a editora de fotolivros Editora Madalena, especializada em fotolivros.