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maio 18, 2019
Louise Bourgeois na Coleção Itaú Cultural na Iberê Camargo, Porto Alegre
Fundação Iberê recebe Spider, escultura de Louise Bourgeois, em itinerância promovida pelo Itaú Cultural
Depois de permanecer pouco mais de duas décadas em regime de comodato ao lado do Museu de Arte Moderna, em São Paulo, em dezembro do ano passado, a obra pertencente à Coleção Itaú Cultural começou uma série de itinerâncias pelo país. Primeiro foi levada a Minas Gerais, para ser exibida na Galeria Mata do Inhotim. Agora a escultura chega a Porto Alegre, onde permanecerá por dois meses com uma novidade: a gravura da artista Spider and Snake. Na sequência, viaja para Curitiba e Rio de Janeiro
No dia 18 de maio, a Fundação Iberê abre as suas portas para Spider (Aranha). A obra realizada pela escultora francesa Louise Bourgeois (1911-2010), em 1996, foi vista no Brasil pela primeira vez na 23ª Bienal de São Paulo e adquirida para a Coleção Itaú Cultural. Em 1997, o instituto a cedeu em regime de comodato ao Museu de Arte Moderna – MAM/SP, no Parque Ibirapuera. Lá permaneceu até 2017, em um espaço de vidro de onde podia ser observada da marquise do parque. Na ocasião, a escultura foi enviada à Fundação Easton, em New York, para averiguação e restauro, de modo a garantir a sua longevidade e possibilitar a sua exibição em espaços diversos. Em dezembro passado, Spider botou o pé na estrada.
“Assim como fazemos com grande parte da Coleção Itaú Cultural, tomamos a decisão de circular uma das suas mais importantes obras internacionais e ampliar o acesso do público a esta grandiosa escultura”, diz o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron.
"Spider reafirma a nossa parceria com a Coleção Itaú Cultural e o nosso compromisso de trazer a Porto Alegre o que há de mais instigante e inquieto na arte moderna no Brasil e no mundo”, arremata o superintendente da Fundação Iberê, Emilio Kalil.
A mostra
Esta Spider é a primeira das seis que a artista produziu em bronze a partir de meados da década de 1990 e que estão espalhadas pelo mundo. A escultura será exibida na Fundação Iberê até o dia 28 de julho. Com ela, chega também a gravura Spider and Snake – a 15ª das 50 realizadas por Louise em 2003, com uma dimensão de 48,2 x 44,1 cm e pertencente ao acervo do Itaú.
Feita em bronze, a escultura pesa mais de 700 quilos – 68kg, cada uma das oito patas; 113kg o corpo e 57kg a cabeça. O seu traslado, exige grande cuidado e dedicação. Com a inexistência do esboço e projeto original da escultura, a equipe do Itaú Cultural criou um aparato para garantir a sua estrutura na desmontagem e remontagem. A produção do instituto desenhou uma plataforma que é colocada debaixo dela para sustentá-la. As patas, cujas pontas são de agulha, são retiradas uma a uma enquanto uma espécie de berço se eleva da plataforma para segurar o corpo do pesado aracnídeo. Na remontagem, o caminho é o inverso.
As viagens da Spider pelo Brasil são acompanhadas de um texto do crítico de arte Paulo Herkenhoff e de um vídeo de pouco mais de cinco minutos, realizado pela equipe do Itaú Cultural, com relato da também crítica Verônica Stigger. Este material foi produzido especialmente para estas itinerâncias.
Entre imagens da escultura, Verônica discorre sobre a vida da artista que se entrelaça com esta sua criação. Ela reproduz de Herkenhoff que as aranhas de Louise Bourgeois representam a mãe da artista, sintetizada em dois adjetivos aparentemente paradoxais: frágil e forte. Diz Verônica: “A fragilidade e a força se conjugam nesta versão de Spider. À primeira vista, é uma peça imponente, até um tanto monstruosa: ela é toda em bronze, com três metros e meio de altura, oito longas patas e um núcleo central duro, todo torcido em espirais, que faz as vezes de cabeça e ventre — um grande ventre capaz de armazenar os ovos.” E conclui: “Em uma olhada mais atenta, percebe-se como, apesar da força e da rigidez do bronze, ela também é frágil, delicada: suas patas são longas e muito finas, dando a impressão de serem insuficientes para sustentar o pesado corpo da aranha.”
O plano de viagem de Spider tem duração garantida por todo 2019, durante o qual ainda poderá ser vista no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e no Museu de Arte do Rio (MAR-RJ). A previsão é de que a escultura prossiga em sua viagem pelo país no ano seguinte.