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maio 11, 2019
Ai Weiwei na Simões de Assis e Sim Galeria, Curitiba
A Simões de Assis e a Sim | Curitiba apresentam a primeira individual de Ai Weiwei em galeria na América Latina. Os trabalhos reunidos representam parte do processo da grande produção do artista chinês presente na exposição Ai Weiwei – Raiz, em cartaz no MON – Museu Oscar Niemeyer.
Um dos nomes mais importantes da cena mundial contemporânea traz para a SIM trabalhos que discutem temas seminais de sua obra – humanidade, tradição, liberdade e contemporaneidade. De sua referência em trabalhar a ideia do falso, sendo que na cultura chinesa a ideia do falso pode ser mais valiosa do que a de original, está a série de cadeiras (Fairytale Chair, 2007), e os vasos de porcelanas e bambu, além do capacete de operário em mármore (Marble Helmet, 2010). “Tudo que Weiwei faz é profundamente falso e profundamente verdadeiro”, comenta Marcello Dantas, curador da mostra no MON.
Quando o artista esteve no Brasil em contato com comunidades, artesãos e manifestações culturais, se propôs a pesquisar a cultura local e a produzir trabalhos voltados a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade brasileira. Entre essas obras que estão na Sim, destacam-se as séries de ex-votos, de cerâmica e as de couro de vaca.
Os artesãos de Juazeiro do Norte executaram ex-votos (Obras de Juazeiro do Norte, 2018) em madeira baseados na iconografia de Ai Weiwei, como figas, refugiados, redes socais, zoodíaco chinês, enquanto a série de cerâmica (FODA, 2018) representa os elementos Fruta-do-conde, Ostra, Dendê, Abacaxi. Por sua vez, as obras em couro de vaca (Marcas 3-12, 2018) trazem citações sobre poder e raça. No Nordeste, cada família de criadores de gados possui uma marca, baseando-se nisso, o artista criou um alfabeto. De sua experiência com raízes, ele traz para a mostra um exemplar da primeira série em ferro fundido (Iron Root, 2017)
Ai Weiwei, 28 de agosto de 1957, Pequim, China (Fonte: Fronteiras do Pensamento)
É um dos artistas-ativistas mais destacados da atualidade. Desde a década de 1970, quando se tornou possível defender a liberdade de expressão na China, ele manifesta o ativismo em suas obras. É filho do poeta chinês Ai Qing, um dos primeiros intelectuais a serem politicamente cerceados. Com os amigos do pai aprendeu as habilidades básicas de desenho e estudou cinema na Academia de Cinema de Pequim. Integrante da primeira geração de chineses que estudou fora do país, em 1981 se mudou para os Estados Unidos, onde permaneceu até 1993, voltando para a China por conta da saúde debilitada do pai. Ao longo da carreira, sua postura sempre foi irreverente, como em Dropping a han dynasty urn, na qual ele fotografou-se quebrando um vaso de dois mil anos; ou Sunflower seeds, quando cobriu o chão de uma sala da galeria Tate, em Londres, com sementes de girassol falsas feitas à mão por trabalhadores chineses. Em 2011, foi preso no Aeroporto de Pequim sob acusações de “evasão fiscal”. Passou 81 dias desaparecido, mesmo sob intensos protestos nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Alemanha e na própria China. Embora tenha sido solto no ano seguinte, permaneceu em prisão domiciliar em seu estúdio até 2015, impedido de viajar e se engajar nas redes sociais. Atualmente, mora na Alemanha. Ai Weiwei entende que seu trabalho é dar voz aos que não têm como falar. Um de seus grandes projetos sobre essa questão aborda a crise de refugiados em 23 países, tema de seu filme Human Flow – Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir, de 2017.