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maio 5, 2019

Ofício: Farpa - Afonso Tostes no Sesc Pompeia, São Paulo

Com a proposta de investigar o uso de técnicas e práticas abordadas nas Oficinas de Criatividade na produção artística contemporânea, o projeto abre com mostra que destaca o uso da marcenaria

“Floresta d’água” apresentará trabalhos de grande escala, criados especialmente para o projeto, utilizando elementos como troncos secos, madeira de demolição, remos, folhas e cordas, que ganham novo significado nas mãos do artista

O Sesc Pompeia estreia em 2019 o projeto Ofício: Farpa. A proposta é investigar o uso de técnicas tradicionais e práticas artesanais – abordadas nas suas Oficinas de Criatividade – na produção artística contemporânea. Começando pela marcenaria, o artista Afonso Tostes apresenta a exposição Floresta d’água, entre os dias 7 de maio e 18 de agosto.

Com curadoria de Daniel Rangel, a mostra explora elementos fundamentais para o ciclo da vida. Troncos secos, madeiras de demolição, remos, cordas, água doce e salgada, pedras e barro são alguns dos materiais e objetos coletados ou negociados pelo artista. Há mais de quatro anos, ele viaja pelas águas e florestas do Brasil em busca de elementos carregados de histórias, que ganham novos significados em suas mãos.

Obras de grandes dimensões, criadas especialmente para a exposição, ocuparão os corredores das Oficinas. Logo na entrada, estará a escultura Igbo (2019), com mais de 5m de altura. Formada por três pedaços de troncos empilhados de maneira irregular, sustentados por outras esculturas. “O trabalho desloca o visitante para um outro espaço e tempo. Seu impacto visual é ampliado pela relação inerente de sua coluna natural com a estrutura amadeirada do telhado do edifício”, explica o curador.

Nos corredores laterais do espaço, duas instalações representam, de modo metafórico, a floresta e o rio. Deitadas (2019) dá nova vida ao tronco de uma enorme árvore, que foi encontrado caído na mata. Cortado ao meio, teve o vazio entre as duas partes preenchido por uma conexão escultórica. Linha do tempo (2019) retrata o percurso de Tostes pelas águas brasileiras à procura de remos de madeira utilizados por comunidades de diferentes regiões. Dois deles, um cromado e outro esculpido, são amarrados por pedaços de cordas, dando aparente instabilidade à obra. Outros objetos recolhidos pelo caminho compõem a instalação, que resgata também as lembranças das realidades a que pertenceram.

No corredor central das Oficinas, “entre a floresta e o rio”, um extenso varal traz pendurados desenhos em pequenos formatos de folhas, flores, frutos e galhos, nos quais o sutil traço do artista se sobrepõe a páginas de antigos livros e revistas. Uma série de esculturas compostas pela união de materiais colhidos e ressignificados por Tostes completam a exposição.

SOBRE O ARTISTA

Nascido em 1965, em Belo Horizonte (MG), Afonso Tostes iniciou sua trajetória artística no Rio de Janeiro, no final dos anos 1980, com o estudo do suporte bidimensional, posteriormente acompanhado por uma vasta produção escultórica com madeiras encontradas nas ruas. O interesse do artista volta-se para o alcance de métodos simples a partir desses materiais descartados, desenvolvendo esculturas aparentemente despojadas de complexidade estrutural e que carregam no corpo os sulcos e marcas dos usos anteriores.

Estudou desenho e pintura na Escola Guinnard, em Belo Horizonte, e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Em 2001 foi contemplado pela bolsa RIO ARTE e começou a se dedicar à escultura.

Entre as exposições mais recentes, destacam-se as realizadas na Galeria Millan, São Paulo, SP (2015); na Casa França Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2014); no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ (2011), e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ (2009).

Posted by Patricia Canetti at 12:19 PM