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maio 2, 2019
Rios do Rio - as águas doces cariocas, ontem e hoje no MHN, Rio de Janeiro
O compositor carioca Luís Antônio, ao escrever o samba “Eu e o Rio” nos idos dos anos 1960, alertava em seus versos sobre a necessidade da preservação dos rios para a própria sobrevivência humana. E por que eles estão morrendo?
Este é um dos motes para a exposição Rios do Rio - as águas doces cariocas, ontem e hoje, que será inaugurada no dia 24 de abril, às 18h, no Museu Histórico Nacional (Praça Marechal Âncora, S/N, Centro) com entrada franca.
Em cartaz até 16 de junho, a exposição traz à tona a relação dos cariocas com os 267 rios que cortam a cidade do Rio de Janeiro por meio da arte contemporânea e de obras históricas em um diálogo inédito.
Para compor o núcleo histórico da exposição, instituições como Arquivo Geral da Cidade, Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Museu da Chácara do Céu/Museus Castro Maya, Museu Histórico da Cidade do RJ, Museu da Marinha e Museu Histórico Nacional emprestaram obras que têm o tema das águas doces e dos rios como destaque – como bicas d’água dos antigos chafarizes da Carioca e das Marrecas; a pintura do Largo do Depósito, realizada por Almiro Reis em 1901; além de obras originais de Jean-Baptiste Debret e Johann Rugendas.
No núcleo de arte contemporânea participam 18 artistas e um coletivo, cujos trabalhos apontam para a conscientização sobre a preservação dos rios, utilizando diferentes suportes - instalação, videoescultura, fotografia, filme, pintura e mesmo bordado.
No dia da abertura, a artista visual Mariana Maia apresenta a performance individual “Coroação”. Resultado de uma pesquisa entre arte e o corpo da mulher negra , a artista investiga o lugar social que ele ocupa na sociedade brasileira e as relações com sua ancestralidade.
“Rios do Rio” é fruto de mais de um ano de trabalho de Flavia Portela, coordenadora do projeto; e Luciana Frazão, pesquisadora. A curadoria é de Fernanda Pequeno.
“Buscamos ampliar as dimensões das águas doces cariocas para além de uma apreensão idílica, acionando também suas melancolias úmidas, sonhadoras, lentas e calmas”, diz a curadora. Propõe também a reflexão sobre “os poderes curativos das águas doces, como também sobre os processos irreversíveis de soterramento que elas têm sofrido ao longo de evolução urbana”.
A exposição vai muito além, enfatiza a curadora: “Do desafio inicial de procura por fontes com potabilidade e volume suficientes, visando canalizações para consumo, passamos hoje à necessidade premente de preservação das nascentes e dos olhos d’agua, a fim de evitar crises de abastecimento”, sem deixar secar a esperança que move toda a questão: “Nessa luta, a água sempre triunfa, já que seu caráter a princípio submisso e fraco pode atacar violentamente o que é forte e difícil”.
A exposição é uma realização Estúdio F/ Editora Lacre com correalização do Museu Histórico Nacional/Ibram e tem patrocínio do Banco Guanabara por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.