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maio 2, 2019
Andrea Rocco na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Aparente Inocência, a primeira mostra individual da artista paulistana Andrea Rocco na galeria, inaugura no próximo dia 6 de maio. Cerca de 70 desenhos de pequeno e dois trabalhos de grande formato em pastel compõe a seleção feita por Andrea para a exposição que começou a ganhar corpo após a artista revisitar a obra da pintora portuguesa Paula Rego.
Andrea, que atualmente está morando em Portugal, se deparou com um texto da portuguesa em que ela diz “...imagine que num quadro, em vez de por a figura num sitio onde fica bem, põe-se num sítio onde fica mal. Começa-se o quadro perversamente errado. Depois tem de se arranjar uma maneira de acertar.” Essa é a mesma estética utilizada por Andrea nesta série, temas espinhosos e controversos como a mistificação de pseudo-heróis, a busca pela fama a qualquer preço, o excesso de consumo e a continuidade de um pensamento escravocrata colonial, ganham um fundo “decorativo pra combinar com o sofá”.
A perversidade da obra de Andrea está na abordagem destes temas de forma fantasiosa, com cenários saídos de contos de fadas, com uma paleta em tons pastéis e envoltos numa parafernália decorativa. A escolha das imagens e o uso do pastel também não foram feita de forma aleatória. “Utilizo material artístico tradicional, porém em papéis de cores berrante, como se quisesse que a informação chegasse num outdoor de propaganda nada sutil, fazendo um contraponto aos tons pastéis do desenho”, ressalta a artista.
Faz parte também da exposição uma vitrine com desenhos de pássaros empalhados que, apesar de mortos, continuam belos. Cada pássaro recebe o nome de uma droga anestésica, como Xilocaína, Aftine, Lidial e são uma referência aos tempos em que estamos vivendo, todos anestesiados diante de tudo o que assistimos diariamente.
Andrea Rocco (São Paulo, 1977) vive e trabalha em Portugal. Estudou pintura e desenho na Parsons School (Nova York), é graduada em Desenho de Moda pela Faculdade Santa Marcelina e em Educação Artística pela FAAP, onde também realizou uma pós-graduação em História da Arte. A artista tem participado de inúmeras exposições coletivas no Brasil e no exterior, como “Brazilian Modern: Icons and Innovation”, em Bruxelas (2012), e “Arte pela Amazônia”, na Fundação Bienal de São Paulo (2008). Apresentou individuais na Galeria Thomas Cohn (2008 e 2010) e Laura Marsiaj (2013). Foi contemplada com o Prêmio Aquisição do Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea (2013). Recebeu o primeiro lugar na Exposição Anual de Artes Plásticas da FAAP (2003) e em 2006.