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maio 1, 2019

Giselle Beiguelman no Museu da Cidade, São Paulo

Solar da Marquesa de Santos e Beco do Pinto recebem instalações de Giselle Beiguelman

“Chacina da Luz” e “Monumento Nenhum” discutem a perda de memória no espaço público e as estéticas do esquecimento na cidade de São Paulo

O Museu da Cidade inaugura no dia 04 de maio, sábado, às 11 horas, as instalações Chacina da Luz e Monumento Nenhum, da artista Giselle Beiguelman, nos espaços do Solar da Marquesa de Santos e Beco do Pinto, respectivamente. As obras discutem a perda da memória no espaço público e a relação da cidade com seu patrimônio histórico e cultural. Compostas por fragmentos de monumentos, as instalações reproduzem a situação das peças tal qual foram encontradas pela artista em depósitos públicos, como uma espécie de “ready made” do esquecimento.

“As duas instalações invertem o lugar da arte no campo das políticas públicas de memória. Ao invés de ser seu objeto, a arte aqui pensa essas políticas, sugerindo um debate sobre a produção social das estéticas da memória e do esquecimento no espaço público.”, declara a artista e professora da FAU – USP.

Em “Chacina da Luz “o foco da artista é o conjunto de oito esculturas que se encontravam no lago Cruz de Malta, localizado no interior do Jardim da Luz. Implantadas, em sua maioria, no século 19, foram derrubadas e fragmentadas em 2016, em uma ação de depredação. As obras foram recolhidas e armazenadas na Casa do Administrador do parque. Na instalação apresentada no Solar da Marquesa de Santos, Giselle recupera a cena pós-crime.

Em “Monumento Nenhum”, por sua vez, Giselle refaz nas escadarias do Beco do Pinto as pilhas de bases, pedestais e fragmentos de monumentos que se encontram no Depósito do Departamento do Patrimônio Histórico - DPH, localizado no bairro do Canindé. “Com alguns, ou nenhum vestígio sobre seu passado, esses enigmáticos totens desafiam-nos a perguntar: de onde vieram? por que foram desmontados? E o mais importante: o que sustentavam do ponto de vista material e simbólico?”, indaga.

O projeto das duas instalações dá continuidade a pesquisas que resultaram na intervenção Memória da Amnésia realizada pela artista no Arquivo Histórico Municipal de 2015 a 2016. Começou a ser concebido ainda na gestão de Renato de Cara no Museu da Cidade. Giselle Beiguelman destaca que um dos elementos mais importantes do projeto atual, assim como o anterior, é o fato de ser realizado em parceria com o Departamento do Patrimônio Histórico e o Museu da Cidade de São Paulo. “São projetos que se fazem em diálogo e refletindo sobre as políticas públicas de memória e patrimônio. Não são feitos apenas a partir de autorização de uso das peças e de entrada nos Depósitos, mas também a partir do intercâmbio e negociação de pontos de vista e motivações”, diz a artista.

Além disso, Beiguelman frisa o caráter interdisciplinar desses projetos, que envolvem arquitetos, designers, pesquisa histórica e participação intensiva de membros de seu Grupo de Pesquisa Estéticas da Memória no Século XXI, ligado ao Laboratório para OUTROS Urbanismos da FAU - USP.

Giselle Beiguelman é artista e professora da FAU USP. Entre seus projetos recentes destacam-se: “Memória da amnésia” (2015), “Quanto pesa uma nuvem?” (2016) e “Odiolândia” (2017). Recebeu vários prêmios nacionais e internacionais e suas obras integram coleções privadas e acervos de diversos museus como ZKM (Karlsruhe, Alemanha), Pinacoteca de São Paulo, Jewish Museum (Berlim, Alemanha), MAR (Rio de Janeiro) e outros. Foi editora-chefe da Revista seLecT (2011-2014) e é colunista da Rádio USP e do site da Revista Zum. Seu novo livro, “Memória da Amnésia: políticas do esquecimento”, sai em maio de 2019 pelas Edições Sesc.

O Museu da Cidade de São Paulo é uma rede de casas históricas distribuídas nas várias regiões da cidade. Atualmente, seu acervo arquitetônico é composto pelo Solar da Marquesa de Santos, Beco do Pinto, Casa Nº 1/Casa da Imagem, Casa do Bandeirante, Casa do Sertanista, Capela do Morumbi, Casa do Tatuapé, Sítio da Ressaca, Sítio Morrinhos, Casa do Grito, Monumento à Independência, Casa Modernista e Chácara Lane. Também possui acervos de grande valor histórico como o acervo Fotográfico; Bens Móveis; História Oral e Documental.

Posted by Patricia Canetti at 6:30 PM