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abril 16, 2019
Claudio Cretti na Cassia Bomeny, Rio de Janeiro
Em exposição na Cassia Bomeny Galeria, o artista visual apresenta esculturas inéditas que propõem reflexão sobre a presença dos objetos no mundo
Materiais de origens distintas, aparentemente impossíveis de se relacionar, são interligados, criando um novo corpo e ganhando novos sentidos na exposição Quimeras - trabalhos recentes de Claudio Cretti, que abre dia 16 de abril na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema. Com curadoria do crítico e historiador Tadeu Chiarelli, a exposição apresenta um recorte bem específico da obra de Cretti – são oito esculturas, todas inéditas –, instigando um pensamento livre sobre o trabalho do artista, e ao mesmo tempo propondo uma reflexão sobre as lembranças e a presença dos objetos do mundo.
“Estou trabalhando nessas esculturas desde 2015, mas só estão ficando prontas agora. Até saírem do ateliê, vou manipulando as obras, que são feitas com materiais diversos, a partir de um esqueleto de madeira e borracha”, conta Cretti.
As madeiras são sempre oriundas de peças de artesanato da cultura material popular brasileira – desde artefatos indígenas a objetos dos caipiras do interior paulistano, como cachimbos. Cretti cria uma conexão entre as peças através de artefatos industriais, especialmente borrachas usadas em motores industriais, de máquinas grandes ou de carros.
“Os cachimbos fazem parte de uma coleção minha, eu os comprava e guardava porque gostava do desenho. Depois comecei a adquirir essas ligações de borracha e percebi que muitas vezes os objetos que eu colecionava se encaixavam perfeitamente nessas conexões. Assim, o material me deu o caminho”, explica o artista, ressaltando que o universo do artista caminhante também começa a aparecer no seu trabalho. “Incorporo galhos e ‘plantas estranhas’ secas, numa mistura que lembra, de algum modo, uma pesquisa etnográfica de ‘coisas monstros’, como uma quimera mitológica”.
A exposição fica em cartaz até 28 de maio, com entrada franca.
Claudio Cretti, Belém, PA, Brasil, 1964. Vive e trabalha em São Paulo. Escultor, desenhista, professor e cenógrafo. Estudou no Instituto de Arte e Decoração (Iade, 1981) e fez o curso de artes plásticas da Escola de Belas Artes (1984). Dentre suas exposições individuais recentes destacam-se: “Céu Tombado”, Paço das Artes (SP), como artista convidado (2004); “Onde pedra a flora" na Estação Pinacoteca (SP, 2006), “Luz de ouvido”, Palácio das Artes (Belo Horizonte, 2008), “Coisa Livre de Coisa”, Galeria Marilia Razuk (SP, 2011); “Pandora”, Palácio das Artes (SP, 2013); “A Pino”, performance no Redbull Station (SP, 2014), "Mesa Posta", curadoria DE Paula Borghi, Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP, 2016), "Acaso a Coisa a Casa", curadoria Ana Cândida de Avelar, Casa Niemeyer, Brasília (2018).
Participou de mostras coletivas no Instituto Tomie Ohtake, MAM SP e Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras. Em 2004, a TV Cultura e a rede SESI-SENAC realizam um documentário sobre sua produção para a série “O mundo da Arte”. Em 2009, concebe e realiza a exposição coletiva “Desenhar Lugares” (Galeria Marilia Razuk, SP). Em 2011, faz a curadoria da exposição “Assim é, se lhe parece” no Paço das Artes (SP). Em 2013, a Editora WF Martins Fontes lança o livro “Claudio Cretti”, uma seleta crítica da obra do artista.