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abril 10, 2019
Carlos Vergara na Referência + CCBB, Brasília
Dois dos mais importantes espaços expositivos de Brasília recebem em abril as obras de um dos mais importantes artistas brasileiros da atualidade. A Referência Galeria de Arte e o Centro Cultural Bando do Brasil (CCBB Brasília) expõem simultaneamente trabalhos inéditos e recentes em escultura, pintura, desenho, fotografia e monotipia.
No dia 13 de abril, sábado, a partir das 16h, a Referência Galeria de Arte abre ao público a primeira parte da mostra “Natureza inventada”, de Carlos Vergara, com obras em desenho, acrílica sobre tela, monotipia, fotografia e escultura em aço inox. No domingo, 14 de abril, às 16h, será inaugurada a segunda parte da mostra “Natureza inventada”, com esculturas em aço corten instaladas no Jardim do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Brasília). Nas duas inaugurações, o artista e o curador Felipe Scovino conversarão com o público sobre as obras apresentadas. A entrada é franca e livre para todos os públicos.
Na Referência Galeria de Arte, a mostra fica em cartaz até o dia 18 de maio, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referência fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 - Subsolo, Brasília-DF. Telefone: (61) 3963-3501. No CCBB Brasília, a mostra “Natureza inventada” fica em exposição até o dia 28 de julho, com visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. O CCBB fica no SCES – Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 2 Lote 22 – Asa Sul, Brasília – DF.
“A possibilidade de apresentar ao público a multiplicidade da obra de Carlos Vergara e sua importância para a arte contemporânea brasileira levou a Referência Galeria de Arte a realizar uma exposição abrangente em dois espaços expositivos diferentes e, ao mesmo tempo, complementares”, afirma Onice Moraes, proprietária da Referência Galeria de Arte e organizadora da mostra tanto na Referência como no CCBB Brasília. “As pessoas que ainda não conhecem seu trabalho de mais de cinco décadas vão se surpreender com a vitalidade e a atualidade de sua produção. Os que já o acompanham, vão se deparar com um artista em constante reinvenção de linguagem, matérias e técnicas”, completa a galerista.
Para a mostra que abre ao público na Referência serão apresentados 16 trabalhos em escultura, pintura, desenho, monotipia e fotografia, em diferentes tamanhos. Já no CCBB, Carlos Vergara apresentará cinco esculturas em aço corten de tamanhos variados, com alturas de até 2,5m. “As obras das séries “Bodoquena” e “Natureza Inventada”, em especial, refletem a proximidade plástica e conceitual das suas pinturas com o tridimensional. A origem das suas mais recentes esculturas, motivo de uma exposição no jardim do CCBB, está diretamente associada a um pensamento bidimensional”, afirma Felipe Scovino, curador da mostra. Ele ressalta que estas nascem do plano e em particular pelo interesse que Vergara tem pela natureza. Os recortes no aço corten criam uma conexão quase que instantânea com caules. Suas estruturas vazadas criam um convívio harmônico entre obra, espectador e paisagem.
Segundo Scovino, é importante ressaltar a forma como a representação da natureza e a sobreposição de camadas e vetores de distintos materiais nas pinturas e fotografias presentes na Referência criam uma intersecção de imagens que estão associadas às formas orgânicas e livres das esculturas instaladas no CCBB. “Essa atmosfera quase “líquida” do seu trabalho - no sentido em que aparecem frequentemente o vazado, o translúcido, o nanquim que favorece o escorrimento da tinta pelo plano – é reflexo, suponho, da sua relação fértil e crítica com a natureza. Interessa a Vergara coletar ações e métodos, diria, biológicos e transpô-los, tão poeticamente quanto eles realmente são, para o mundo da arte”, completa.
Encontro com o público
A inauguração da mostra de Carlos Vergara terá ainda conversa com o público e visita às obras acompanhada pelo artista e o curador Felipe Scovino. Na Referência Galeria de Arte, a conversa acontece no sábado, 13 de abril, às 16h, na Galeria Principal. No CCBB Brasília, a conversa acontece no domingo, 14 de abril, às 16h, no Hall do Museu Banco do Brasil, com visita mediada pelo artista e o curador. Ambas têm entrada gratuita e classificação indicativa livre para todos os públicos.
Sobre Carlos Vergara
Nascido na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Carlos Vergara iniciou sua trajetória nos anos 60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em 1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante da realidade social e política da época. A partir dessa exposição se formou a Nova Figuração Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias, Rubens Gerchman e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político. Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 180 exposições individuais e coletivas de seu trabalho.
Sobre Felipe Scovino
Professor adjunto da Escola de Belas Artes e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Felipe Scovino escreveu ensaios sobre arte contemporânea para as revistas Artforum, Art Review, Dardo Magazine, Flash Art, L’Officiel Art, Third Text, Arte & Ensaios, Concinnitas, Das Artes, Santa Art Magazine, Tatuí e ZUM. Escreveu regularmente para o caderno Ilustríssima da Folha de S. Paulo entre 2015 e 2016. É organizador dos livros Arquivo Contemporâneo (7Letras, 2009), Cildo Meireles (Azougue Editorial, 2009) e Carlos Zilio (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 2010). É coautor de Coletivos (Circuito, 2010). Entre 2014 e 2016 escreveu verbetes para a Enciclopédia de Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural. Foi curador das exposições Lygia Clark: Pensamento mudo (Dan Galeria, São Paulo, 2004), Luiza Baldan: Sobre umbrais e afins (Plataforma Revólver, Lisboa, 2010), Estética da gambiarra (Cavalariças, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2012), Maria Laet: La Voix/Voie des Choses (MdM Gallery, Paris, 2013), O guardião de coisas inúteis (MAMAM, Recife, 2014), Diálogos com Palatnik (MAM, São Paulo, 2014), Gonçalo Ivo: a pele da pintura (MON, Curitiba, 2016). Juntamente com Paulo Sergio Duarte, foi curador de Lygia Clark: uma retrospectiva (Itaú Cultural, São Paulo, 2012), que recebeu o prêmio de Melhor Retrospectiva 2012 pela APCA. Foi curador de Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura (CCBB, Brasília, 2013; MON, Curitiba, 2014; MAM, São Paulo, 2014; Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, 2015; CCBB, Rio de Janeiro, 2017) que recebeu o prêmio de melhor exposição pela APCA em 2014. Desde 2017 é curador do Clube de Gravura do MAM-SP.