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abril 7, 2019
Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM, Rio de Janeiro
O MAM Rio inaugura no próximo dia 6 de abril de 2019, a partir das 15h, a exposição Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, que reúne mais de 40 obras – entre pinturas, esculturas, vídeos, fotografias e instalações – produzidas por 39 artistas de diferentes gerações. A exposição dá continuidade às investigações de gêneros da pintura a partir dos acervos do Museu, mostradas em “Constelações – O Retrato nas Coleções MAM Rio” e “Horizontes – A Paisagem nas Coleções MAM Rio”, em cartaz até o próximo dia 12 de maio de 2019.
Com o mesmo título de um backlight fotográfico de Adriana Varejão, de 1999, a exposição busca revelar não só a dimensão mais histórica do gênero natureza-morta, mas também “possibilidades de releituras contemporâneas desse conceito”, informam os curadores. O conjunto de obras não foi reunido “somente com base no enquadramento estrito das obras nas características evidentes deste gênero, mas também na livre correlação dos trabalhos com o sentido mais geral da exposição”, explicam. “Sob tal licença, ‘Alegria’ também transborda do âmbito da pintura, da gravura, do desenho e da fotografia, para aquele, expandido, da escultura, do vídeo e de instalações para traçar um panorama aberto desse gênero da pintura no Brasil no exterior”, contam Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.
Os artistas que integram a exposição são de várias gerações, como Guignard, Milton Dacosta, Vicente do Rego Monteiro, a portuguesa Lourdes Castro, Wilma Martins, Ivens Machado, Karin Lambrecht, Artur Barrio, Raul Mourão e Adriana Varejão.
NATUREZA-MORTA
A natureza-morta, da mesma forma que o retrato e a paisagem, foi um dos grandes gêneros da pintura europeia, entre os séculos 15 e 16, na Renascença. “Esses gêneros ganharam corpo como alternativa às pinturas de cenas religiosas, proibidas nos países que aderiram à reforma protestante, como a Holanda, que viu nascer o primeiro mercado de arte de que se tem notícia”, dizem os curadores. “As naturezas-mortas podem ser caracterizadas pela representação de objetos inanimados, vistos de uma curta distância. Sua escala intimista, somada à composição feita com base em motivos banais, mas agradáveis – frutas, flores, alimentos e objetos familiares ao olhar burguês – não significava, porém, que tais pinturas tivessem um teor laico-secular, apenas contemplativo, função que somente se consolidaria no começo do modernismo. Ainda que tratassem de cenas domésticas, essas pinturas, a despeito de sua fatura naturalista, tinham um teor simbólico então acessível a todos: evocavam o agradecimento pelo pão nosso de cada dia, conquistado pelo trabalho humano, sob a bênção divina”.
O gênero atravessou os tempos, e na segunda metade do século 19 as naturezas-mortas já haviam se libertado de sua simbologia protestante inicial, e se tornaram “fundamentais para a revolução que permitiu à pintura superar a ênfase no tema que a havia marcado no romantismo e no neoclassicismo – batalhas, coroações, funerais e casamentos reais, pintados em formatos grandiosos que direcionavam o olhar para a narrativa e não para a própria pintura”. Os curadores complementam: “A banalidade temática das naturezas-mortas abriu caminho para a contemplação exclusiva de elementos cromáticos, formais, espaciais e compositivos, que não só se tornaram essenciais para a fruição modernista, como abriram caminho para a arte abstrata com Wassily Kandinsky, em 1910”.
ARTISTAS NA EXPOSIÇÃO
Adriana Varejão (1964, Rio de Janeiro)
Alberto da Veiga Guignard (1896, Nova Friburgo –1962, Belo Horizonte,)
Aldo Bonadei (1906 – 1974, São Paulo)
Alfredo Volpi (1896, Lucca, Itália – 1988, São Paulo)
Anna Bella Geiger (1933, Rio de Janeiro)
Artur Barrio (1945, Porto, Portugal, radicado no Brasil) – quatro trabalhos
Brígida Baltar (1959, Rio de Janeiro)
Claudia Jaguaribe (1955, Rio de Janeiro)
Edgard de Souza (1962, São Paulo)
Eduardo Costa (1940, Buenos Aires) – três trabalhos
Efrain Almeida (1964, Boa Viagem, Ceará)
Felipe Barbosa (1978, Niterói)
Franklin Cassaro (1962. Rio de Janeiro)
Glauco Rodrigues (1929, Bagé, Rio Grande do Sul – 2004, Rio de Janeiro)
Iberê Camargo (1914,Restinga Seca, Rio Grande do Sul –1994, Porto Alegre)
Ivens Machado (1942, Florianópolis – 2015, Rio de Janeiro)
Jorge Barrão (1959, Rio de Janeiro)
José Damasceno (1968, Rio de Janeiro) – dois trabalhos
Julio Bernardes (Belo Horizonte)
Karin Lambrecht (1957, Porto Alegre)
Katia Maciel (1963, Rio de Janeiro)
Lourdes Castro (1930. Funchal, Portugal)
Luis Humberto (1934, Rio de Janeiro)
Marcos Chaves (1961, Rio de Janeiro)
Maria Leontina (1917,São Paulo –1984, Rio de Janeiro)
Milton Dacosta (1915, Niterói–1988, Rio de Janeiro)
Raul Mourão (1967, Rio de Janeiro)
Roberto Huarcaya (Lima, 1959) – três trabalhos
Rodrigo Braga (1976, Manaus)
Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970, Recife)
Vilma Slomp (1952, Paranavaí, Paraná)
Waltercio Caldas (1946, Rio de Janeiro) – dois trabalhos
Wanda Pimentel (1943, Rio de Janeiro)
Wilma Martins (1934, Belo Horizonte) – quatro trabalhos