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março 31, 2019
Arte 57 + Casanova na Arte 57, São Paulo
Nosso ponto de partida para a mostra Arte 57 + Casanova são os possíveis encontros entre as obras de artistas que trabalham em ambos os espaços, gerando relações e diálogos induzidos pela proposta de repensar a fotografia fine arts produzida hoje.
Buscamos caminhos em que as obras de artistas de diferentes gerações e países convivam em um mesmo espaço expositivo, por meio das possibilidades temáticas, como a fotografia na paisagem, no retrato, no tempo, na ficção e como ferramenta política.
Um exemplo disso são as imagens de Douglas Gordon, Gilvan Barreto, Michael Wesely e Rosângela Rennó. Na fotografia “Sem título (old nazista)”, 2000, da série vermelha de Rennó, a artista ressignifica imagens de arquivos, criando uma outra narrativa; a seu lado, o Alemão Michael Wesely expõe “Vale do Anhangabaú. 19.18 – 20.07 Uhr, 11.8.2017”, em que usa uma câmera com longa exposição para documentar as manifestações que ocorreram durante o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
O uso da potência estética da imagem como discurso político também se encontra nos trabalhos “Postcards from Brazil”, 2017, de Gilvan Barreto, que exemplifica diferentes formas de tortura utilizadas durante a ditadura militar brasileira, e “Croque Mort”, 2000, de Douglas Gordon, expressão usada por agentes funerários e em rituais para conferir se o defunto está vivo.
A paisagem é uma das outras vertentes da mostra, representada nas obras de Claudia Jaguaribe e Claudio Edinger. A primeira expõe “Horror Vacui”, 2017, um backlight vermelho disposto no chão da galeria composto por um pot-pourri de imagens de paisagens noturnas de Beijing, mostrando uma China contemporânea e tradicional.
Em “Vista Chinesa”, 2001, Claudio Edinger retrata a paisagem carioca, fotografada com uma câmera analógica de grande formato, vista pelo mirante que leva o mesmo nome, com a marca tradicional de Edinger: o foco seletivo.
Guilherme Ghisoni e Renata Padovan mostram a imprevisibilidade do tempo. Em “Um dia depois do outro”, 2013, a artista registra o nascer e pôr do sol em um lago na Finlândia durante uma residência em 2012, e capta situações randômicas que acontecem na paisagem. Já Ghisoni, na série “O mundo é independente da minha vontade”, 2015, desenvolve um sistema aleatório para trabalhar com técnicas fotográficas como sombra, luz e cor, criando resultados visuais atemporais.
Abelardo Morell, Alice Quaresma e Lina Kim criam ficções por meio de composições cenográficas e situações premeditadas, desenvolvendo novas narrativas. Ao encontro, Betina Samaia, Gustavo Lacerda e Gian Spina, usam do retrato para aludir a personagens e momentos criados dentro da ótica de uma realidade inventada.