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março 27, 2019
Cléo Döbberthin no Pivô, São Paulo
O Pivô tem o prazer de apresentar a exposição Mullet Mignon Milanesa da artista Cléo Döbberthin dentro do programa Hello.Again, em que artistas em início de carreira desenvolvem um projeto inédito para o térreo da instituição, promovendo um diálogo contínuo entre a rua do edifício Copan e o espaço do Pivô.
Döbberthin trabalha com esculturas que replicam elementos da arquitetura e intervenções especificamente pensadas para os contextos onde são instaladas. Seu trabalho aborda relações entre a padronização de mobiliários e da arquitetura com questões de gênero e corpo.
Mullet Mignon Milanesa inclui a produção de esculturas e intervenções diretamente na arquitetura do espaço térreo do Pivô. Anteriormente, Döbberthin produziu obras que refletiam conexões entre os espaços público e privado, mas esta é a primeira vez que concebe um projeto instalativo que discute a passagem entre o dentro e o fora do espaço institucional, lidando com o hall de recepção como ambiente, ao mesmo tempo, funcional e ficcional.
O título se refere tanto a trabalhos presentes na mostra, quanto às relações de escala e texturas que compõem a instalação - com muito bom humor a artista se refere às suas intervenções arquitetônicas como Mignon e sugere uma analogia entre a textura do capacho e a dos bifes empanados. Mullet é um capacho que contorna a coluna central do espaço, terminando em uma longa mecha colorida que remete ao pentado popular nos anos 1980. A aliteração de sons no título replica a dinâmica de associações típica da produção da artista, em que objetos, imagens e formas geram uma cadeia aberta de significados.
Dramaqueen (2017) é parte de uma série de esculturas que a artista vem desenvolvendo desde 2017 utilizando plantas vivas. Ela parte de formas baseadas na arquitetura moderna para produzir vasos recobertos com cimento ou materiais utilizados para a fabricação de capachos, como a tradicional fibra de côco. Nestes objetos são plantadas coroas-de-cristo - uma espécie comumente utilizada como cerca viva em casas e prédios - podadas de modo a criar longas formas sinuosas.
Copanzinho (2019) é uma obra inédita especialmente concebida para esta exposição: uma estranha escultura que mimetiza o formato ovalado das colunas do edifício, mas longe das clássicas superfícies brancas que caracterizam as obras de Oscar Niemeyer, Döbberthin reveste a estrutura com concreto pigmentado aplicado de forma irregular, gerando texturas e movimentos disformes. O trabalho é ao mesmo tempo uma mesa onde funciona a recepção do Pivô; uma espécie de banco onde podem sentar-se três pessoas nos recortes aplicados na frente da peça; e também um vaso, na medida em que esta escultura pode ser lida como uma versão agigantada dos projetos anteriores da artista.
Cléo Döbberthin, 1991, vive e trabalha em São Paulo. É graduada em Artes Visuais pela FAAP (2015). Participou das 45º e 46º Anuais de Artes (FAAP, São Paulo, 2013 e 2014), recebendo em ambas o Primeiro Prêmio. Participou das exposições coletivas; Sala (MAB-Centro, São Paulo, 2016), Visite Decorado, Corporação (Projeto IsCream, São Paulo, 2016) e Elza (exposição do grupo Agosto, São Paulo, 2016). Realizou sua primeira exposição individual Puxar portas de empurrar com a interlocução de Ana Mazzei e Bruno Mendonça (Epicentro Jardins, São Paulo, 2017). Em 2018, com Luiza Gottschalk e Daniela Machado, iniciou um projeto experimental e independente na Barra Funda. A primeira exposição do projeto foi Unidos da Barra Funda, que reuniu trabalhos de 22 artistas, em diferentes períodos de carreira. No mesmo ano foi realizado a primeira edição do Residência e diálogo entre artistas (PROAC ICMS) com a artista convidada Ana Mazzei.