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março 27, 2019
Carlos Vergara na Bolsa de Arte, São Paulo
Carlos Vergara apresenta grandes esculturas, trabalhos em asfalto e sudários em nova exposição na Bolsa de Arte de São Paulo
A Galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar, a partir de 30 de março de 2019, a mais recente produção do artista Carlos Vergara, em São Paulo. Vergara apresenta cinco séries de trabalhos baseados em expedições à Serra do Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, e em suas viagens pelo mundo. A mostra tem curadoria de Luisa Duarte e conta com visita-guiada da curadora.
Vergara é um artista viajante. Nos últimos anos fez expedições à Serra do Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, importante reserva onde os limites da terra virgem e o impulso humano pela ocupação das terras são evidenciados por grandes plantações, mineração e desmatamento. Terra dos índios guerreiros Cadweu que domaram cavalos e lutaram no front brasileiro na Guerra do Paraguai, cujas batalhas foram travadas ali.
O solo desta terra e os pigmentos naturais são elementos primordiais na criação de monotipias de diferentes suportes e tamanhos, que evocam sobre tecidos não apenas as texturas e matérias que se encontravam depositadas ao rés do chão, mas também a possibilidade de algo ainda mais sutil que faça uma ponte com a memória do que se passou por ali. Desta série, são somadas monotipias sobre lenços realizadas em diferentes viagens do artista pelo mundo, como na Capadócia, no Caminho de Santiago de Compostela, em Pompéia, no Cazaquistão, entre outros.
Convidado para desenhar a cenografia da adaptação de “Cobra Norato”, obra central do movimento antropofágico do modernista Raul Bopp (1898-1984), para a celebração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, Vergara decidiu revisitar um trabalho realizado para a representação brasileira na Bienal de Veneza, em 1980, onde apresentou um grande painel de pinturas e esculturas criadas com papel Kraft. Nesta série, o artista revisita sua própria produção e apresenta novas versões das imponentes colunas que se desfolham por meio de cortes precisos feitos com estilete.
A série “Natureza Inventada”, produzida entre 2014 e 2019, se destacam no espaço expositivo da galeria. Recuperando vestígios de uma eventual paisagem, Vergara cria esculturas com peças recortadas de aço corten que se encaixam numa espécie de jogo. Cinco delas em grandes dimensões, com cerca de 250 cm de altura por 120 cm de largura. A robustez do material se converte em corpos de peles suscetíveis às instabilidades do tempo, formando sombras de formas orgânicas e criando tensões entre materialidade e significação.Além de peças em aço inox de pequenas dimensões, com 50 cm de altura.
A exposição se completa com uma série inédita de assemblages criadas com asfalto líquido e parafina. O preto brilhante do material sobre traços de desenhos abstratos são instalados em telas e pintura acrílica.
Para Vergara “... cada trabalho deve ser um objeto único e a história de sua construção ordena sua forma... O trabalho tem que ter vida própria, densidade específica, construído como um ser com corpo, tendo ossos, músculos, nervos, pele e alma”. “Trabalho olhando para fora e para dentro, as idéias determinam o material com que vou desenvolve-las. Daí, múltiplos resultados podem ser obtidos com papel craft, pintura sobre tela, desenhos sobre papel, escultura com aço, monotipias sobre telas grandes ou sobre lenços de bolso como os que uso para tentar captar o inefável que procuro e encontro nas viagens que faço, tentando ver o invisível atrás do visível.”, completa o artista.