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fevereiro 24, 2019

Ruy Ohtake no MCB, São Paulo

Um panorama da obra de Ruy Ohtake, desde recém-formado até projetos atuais, poderá ser conferido em duas exposições em São Paulo. Enquanto o Museu da Casa Brasileira exibe Ruy Ohtake - A produção do espaço com cerca de 40 projetos construídos ou em construção, com curadoria de Agnaldo Farias, o Instituto Tomie Ohtake traz Ruy Ohtake: O design da forma com a sua produção como designer, por meio de aproximadamente 25 peças selecionadas pelos curadores Fábio Magalhães, Marili Brandão e Priscyla Gomes. Ocorrendo em simultaneidade, as exposições visam aprofundar dois momentos (arquitetura e mobiliário) que delineiam iniciativas e pesquisas únicas, nas quais o arquiteto debruçou-se com uma inventividade formal pautada pelo risco. A última exposição que situou em perspectiva o trabalho de Ohtake ocorreu em 2008, na FAU-USP para celebrar os 60 anos da faculdade.

A exposição no Museu da Casa Brasileira, feita em associação com o Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, apresenta ao público o singular pensamento espacial de Ruy Ohtake, um dos principais arquitetos brasileiros. Por meio de maquetes, desenhos, plantas, fotografias e vídeos, Agnaldo Farias concentra sua extensa produção de quase 60 anos num conjunto de 42 projetos.

“A mostra ressalta a concepção de Ohtake sobre qual deve ser o papel da arquitetura para o homem contemporâneo, como a sua obra vai assumindo diferentes traduções, conforme a natureza do projeto, o impacto que, pelo imprevisto de sua massa, de suas formas, espaços e cores, pode provocar no trecho da cidade onde se inscreve, entre seus usuários ou simplesmente nas pessoas que passam e se surpreendem”, afirma o curador. Segundo Farias ainda, esse cálculo percorre todos os projetos: “numa casa, num edifício, seja ele residencial ou comercial; numa habitação temporária, como um hotel, que deve mesmo ser fascinante, como compensação a essas viagens que ou somos obrigados ou simplesmente queremos a fazer”.

Entre as obras selecionadas estão projetos urbanísticos, como o Parque Ecológico do Tietê (a canalização do rio foi um dos maiores equívocos urbanísticos cometidos na cidade, somado às congestionadas marginais, transformou a paisagem do rio sem margem / cit. Ruy Ohtake), preserva o curso natural do rio, portanto as margens para recuperação da vegetação, com pequenos núcleos de esporte, lazer, cultura e educação, possibilitando uma São Paulo do futuro ao revalorizar o rio, a paisagem, a ecologia e a história; Parque Ecológico de Indaiatuba, que retoma a dignidade do rio para o qual a cidade dava as costas; Polo Educativo e Cultural e Condomínio Residencial de Heliópolis, cujo principal partido tem sido o diálogo com moradores e onde o arquiteto consegue materializar a igualdade social no cenário de complicada desigualdade; Expresso Tiradentes, infraestrutura de transporte, traçado amarelo de 8 km de extensão que atravessa a cidade a 15 m acima das ruas do centro de São Paulo.

Já entre as edificações, que também deixam a marca do arquiteto na paisagem urbana, estão: Hotel Unique, Complexo Aché Cultural, onde está abrigado o Instituto Tomie Ohtake, caracterizado por um grande saguão que articula 8 salas de exposições e demais complementos da instituição, em São Paulo; Alvorada Hotel, em Brasília; Embaixada do Brasil, em Tóquio; e o Aquário do Pantanal, em Mato Grosso do Sul. “O pensamento espacial de Ruy Ohtake traduz-se em sua arquitetura singular, produção que encara as dificuldades do país e que luta por melhorá-lo não só por meio de respostas técnicas, mas pela beleza que alivia o olho e alimenta a imaginação”, completa o curador.

PROGRAMAÇÃO

Oficinas de concreto
Conhecido por testar materiais nos canteiros de obra ou junto à indústria – como conseguir um vidro que capta plena luminosidade sem a incidência de raios solares –, foi no concreto que desenvolveu as mais variadas experiências. Para que o público possa conhecer estes processos, o Museu da Casa Brasileira realizará laboratórios de concreto voltados tanto ao público especializado, de estudantes e profissionais da área de arquitetura e design, quanto ao público em geral. As oficinas serão orientadas pelo arquiteto e especialistas da área durante o período da exposição.
As oficinas abertas ao público em geral serão divulgadas pelo programa do educativo do MCB ao longo da exposição. As oficinas destinadas ao público especializado, sobretudo nos campos da arquitetura e do design, incluirão projeto de forma e concretagem de pequenas peças utilizando alta tecnologia de concreto, conforme abaixo:
Público: estudantes/profissionais Inscrições: de 26 de fevereiro 05 de março
Vagas: 36
Horário: das 10h00 às 18h00
Datas: 16, 17, 18 e encerramento dia 25 de abril - desforma e entrega das peças
Informações detalhadas pelo site: www.mcb.org.br

Lançamento Livro: Ruy Ohtake, arquiteto
Data: a ser definida no período da exposição
Organizado por Abilio Guerra e Silvana Romano, apresenta a produção arquitetônica do arquiteto a partir de três recortes conceituais: “morar na praça”, texto de Ruth Verde Zein e fotos de Nelson Kon; “arquitetura da cor”, texto de Luís Antônio Jorge e fotos de Tatewaki Nio; “arquitetura do território”, texto de José Tabacow e fotos de Antonio Saggese
Romano Guerra Editora

Ruy Ohtake formou-se na FAU em 1960 e já em 1962 projetou a casa Rosa Okubo, premiada na Bienal de Arquitetura de São Paulo daquele ano. Depois de quase seis décadas de intensa atuação e muitos prêmios, conquistou, em 2007, o Colar de Ouro, maior condecoração do Instituto de Arquitetos do Brasil e foi condecorado como “Arquiteto do Ano 2009”, pela Federação Nacional de Arquitetos. Recebeu os títulos de Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura de Santos e de Professor Honoris Causa da Universidade Braz Cubas. Seu reconhecimento internacional já o levou a fazer parte do seleto grupo de arquitetos convidados do 20º Congresso da União Internacional de Arquitetos (1999), em Pequim, ao lado de Jean Nouvel e Tadao Ando. Na comemoração dos 60 anos da FAU-USP, em 2008, foi o arquiteto convidado a fazer uma exposição no grande espaço projetado por seu mestre Vilanova Artigas.

Agnaldo Farias, um dos curadores e críticos de arte mais reconhecidos do Brasil, responde atualmente pela curadoria do Museu Oscar Niemeyer e da Anozero'19 – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Comandou a 29ª Bienal de São Paulo em 2011 e fez curadorias para o Museu de Arte Contemporânea e o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; para o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul; entre outros espaços. É também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 10:46 AM