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fevereiro 15, 2019
Juliana Stein na Sim Galeria, São Paulo
Com Não está claro até que a noite caia, a SIM Galeria traz a São Paulo a primeira individual de Juliana Stein. A artista paranaense, que no ano passado participou da Bienal do Mercosul, apresenta ao público paulista um recorte de sua individual de mesmo título, realizada também em 2018, no MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a convite do curador Agnaldo Farias.
O crítico acompanha a obra de Stein há quase duas décadas. Quando foi curador da 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, selecionou a sua obra Sim e Não, composta por retratos de homens vestidos de mulher. Uma destas séries, Caverna, que retrata vestígios da ocupação de celas em prisões, fez parte da mostra Atlas do Império, na 55ª Bienal de Veneza, em 2013, no Pavilhão do Instituto Italo-Latino Americano.
“A fotografia tem este caráter de traço, de ter estado em frente ao objeto e, apesar disto de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta”, afirma Stein. Nesta mostra na galeria, também com curadoria de Farias, a artista sublinha seu pensamento sobre a questão da imagem - dos riscos e lacunas operados no processo da produção de sentido. Como questão seminal, indaga: Existe uma palavra para cada imagem? E existe uma imagem para cada palavra? “Tomando um lugar em relação a esta nebulosa verdade de que algo esteve ali da fotografia, recorro ao que ali está disposto como estatuto de letra, traço unário da escrita e que aparece como um saber que não se sabe’, completa.
Com a série composta por pequenos textos impressos em placas de acrílico, Stein opera uma mudança radical em seu percurso que, segundo o curador, ajudam a compreender a sua dimensão intelectual e reforçam a diluição das fronteiras no campo da arte. Para Farias ainda, as cerca de 13 obras reunidas na galeria demonstram uma compreensão alargada da fotografia, visto que frases, palavras ou desenhos têm, direta ou indiretamente, relação com a fotografia e com o ato de ver. “Mas na medida em que se comportam como estruturas abertas, convites à reflexão, as imagens, palavras e textos selecionados são eminentemente poéticos, e a exposição é, acima de tudo, de poesia visual”, completa o curador.
Juliana Stein nasceu em Passo Fundo/RS, formou-se em Psicologia pela UFPR em 1992, viveu por dois anos em Firenze e Veneza (onde estudou história da arte, técnica em aquarela e desenho) e trabalha com fotografia desde o final dos anos 1990. Com uma obra reconhecida no Brasil e no exterior. Além de participar das já citadas 55a Bienal Internacional de Veneza e da 29a Bienal de São Paulo, participou de coletivas internacionais, como na Crone Gallery em Berlim, onde teve a sua primeira mostra individual nesta cidade, ShangART Gallery em Xangai, Carreau du Temple, em Paris, ShangART Gallery em Xangai, Carreau du Temple, em Paris, Bienal de Quebec, no Canadá, Kaunas Fhoto Festival of Light, na Lituânia, entre outras. As suas obras fazem parte de acervos como Museu da Fotografia de Braga, Portugal; Brasil Museum of 21 Century, Langenlois, Austria; e MON – Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte e Fundação Cultural, em Curitiba.
Agnaldo Farias, um dos curadores e críticos de arte mais reconhecidos do Brasil, responde atualmente pela curadoria do Museu Oscar Niemeyer. Comandou a 29ª Bienal de São Paulo em 2011 e fez curadorias para o Museu de Arte Contemporânea e o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; para o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul; entre outros espaços. É também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.